Ela não quer um relacionamento e ele muito menos. Foram criados juntos desde sempre, mas isso não quer dizer que se gostam. Provocações aqui, brigas ali, o tempo passou e nada mudou. Pelo menos não até o seu aniversário que até então não era grande...
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Não lembro com o que eu estava sonhando, só sei que acordei com um barulho irritante da porra do meu celular.
Droga.
Atendo sem nem ver quem é.
— Sim?
— Oi, Bia. Eu só queria pedir desculpas por ontem, eu não sei o que deu em mim. Fui um idiota e não deveria ter dito o que eu disse. Eu sei que não temos nada sério e você deixou isso bem claro, mas... Eu realmente não sei o que deu em mim. Será que podemos conversar?
Merda. Quem é?
Olho a tela do celular e vejo que é Marcos.
Sério? Não tinha outra hora pra me ligar não?
— Claro, claro. Eu te ligo.
Desligo o celular antes que ele diga alguma coisa e o coloco de volta onde estava. Até que dormi bem. Achei que por causa de Lucas não dormiria nada, mas...
Droga, tinha esquecido dele.
Olho pro lado da cama, mas não o encontro.
Cadê ele?
Levanto quando ouço barulhos lá em baixo. Espero que esteja fazendo alguma coisa pra gente comer, estou faminta.
Caramba é do Lucas que estou falando.
Desço as escadas rápido indo até a cozinha e encontro a pessoa responsável pelo barulho. — Oi, filha. Não queríamos te acordar.
— Mãe, não sabia que vocês chegariam hoje. – digo indo até ela e a abraçando.
— Queríamos fazer uma surpresa. Como você está filha? – pergunta meu pai entrando na cozinha e vindo até mim.
— Oi, pai. Estou bem, como foi a viagem? – o abraço.
Ele começa a falar sempre até que finalmente eu lembro de Lucas.
Merda, merda, merda.
— Tinha alguém aqui quando vocês chegaram?
— Não, faz só uns dez minutos que chegamos. Por que? A Alice estava aqui? Eu achei que você estava dormindo na casa dela. Resolveram mudar de casa pra variar, não é?
É. Não é bem isso, mas tudo bem.
Ela mal me dá tempo de responder e já começa a falar sobre a empresa e não sei oq mais. Passo a manhã toda conversando com eles e a tarde encontro Alice no shopping. De acordo com ela, estava passando um filme ótimo, mas quando chego lá descubro que o filme era uma desculpa pra comprar coisas desnecessárias.
O resto do dia passa rápido e logo anoitece. Ficar na casa dela faz o tempo passar numa velocidade tão absurda que nenhuma de nós percebe.
— Toma, Bia. Esqueci de te entregar antes. – ela me entrega uma caixinha de veludo com um lindo laço prata.
Quando abro a caixinha não tenho palavras pra descrever.
É um colar duplo de prata. A parte mais curta tem a correntinha toda trançada e uma pequena estrela de oito pontas como pingente. Já a parte mais longa tem a correntinha lisa e tem uma lua como pingente, junto do colar veio um par de brincos, também de prata, no formato de lua com pequenas estrelas penduradas em três correntinhas em tamanhos diferentes.
Acho que nunca vi algo tão lindo assim.
— Que lindo, amiga. Obrigada. – a abraço forte e dou um beijo na sua bochecha.
— Então, amiga. Não me agradeça, não foi presente meu.
Ahn?
— E de quem foi?
— Foi de Lucas, ele me deu logo cedo pra te entregar. Só não entendi o porquê ele mesmo não te entregou.
— Sério? – suspiro. — Sabia que ele estava me evitando.
— Sério e detesto admitir que ele tem bom gosto, mas enfim, por que ele está te evitando?
Conto tudo que aconteceu ontem, ela deu sua opinião deixando claro que temos que resolver tudo logo e admitir o que não queremos admitir e assim ficamos até tarde conversando sobre isso. Confesso que fiquei esperando Lucas. Pra agradecer, é claro.
Mas ele não voltou.
Conversando com Alice, aproveitei e contei sobre Marcos. No fim ela só me falou o que eu já sabia e não estava querendo fazer.
O melhor é não ficar mais com ele, afinal ele está querendo algo a mais e eu não posso dar. Deixei claro que não queria nada a sério e mesmo assim deixei isso chegar longe demais.
Devia ter percebido que ele esperava mais de mim.
Isso sem contar o fato de eu não saber bem o que tem entre mim e Lucas. Embora eu saiba que provavelmente não tem nada. Mas querendo ou não, tenho que admitir que ele mexe comigo.
— Então é isso? Você vai terminar seja lá o que vocês dois tem? – minha amiga pergunta.
— Sim, vou. Amanhã na festa eu falo com ele.
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Volto pra casa com fome. Merda, devia ter comido lá em Alice.
Vou atrás de alguma coisa pra comer na cozinha e encontro a caixa do bolo que agora está vazia. Tinha até esquecido que comemos tudo ontem.
Lucas comeu na verdade, eu só comi o que ficou na caixa antes de subirmos pro meu quarto.
Lembrando de Lucas agora, será que eu devo mandar uma mensagem e agradecer pelo colar?
Não deveria, pois ele está me evitando.
Mas não estou nem aí, e melhor que mensagem eu vou ligar.
Procuro seu número nos meus contatos e ligo pra ele, depois de quatro toques finalmente ele atende.
— Alô.
— Oi, desculpa te ligar a essa hora é que...
Espera aí, essa não é a voz de Lucas.
Não acredito.
— Vitória?
— Sim é ela.
— Cadê o Lucas?
— Bem, ele não pode falar agora está muito ocupado... Comigo. Liga outra hora... Amanhã é melhor e de preferência à tarde. É a hora que provavelmente ele vai estar desocupado.
