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Eu tentei ao máximo fugir dessa conversa, mas pelo visto não dá

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Eu tentei ao máximo fugir dessa conversa, mas pelo visto não dá. Não quando Lucas age como se nada tivesse acontecido e passa a ser uma pessoa legal comigo. Por algum motivo, acho que eu preferia quando nos tratávamos mal ou apenas ignorávamos a existência um do outro.

— Então... – diz Lucas com sua boca cheia e rosada.

Estou levemente tentada a esquecer a conversa e beija–lo nesse exato momento enquanto penso em uma desculpa para ir embora e voltar a ignora–lo.

— O quê? – pergunto confusa.

— Continua o que você ia falar antes de ficar aí me olhando.

Merda.

— Ah, sim. É, então... É. Eu queria saber o que é que tá acontecendo com você.

Ele parece confuso. — Comigo?

— Sim, com você. Faz um tempo que não nos falamos, mal nos olhamos e agora você está agindo como se nada tivesse acontecido. Está sendo... Legal.

— E isso é ruim?

Meu Deus, que olhos são esses?

— Sim, é muito ruim. – suspiro. — O negócio é que nunca fomos legal um com o outro, sempre estamos discutindo ou implicando. Isso é o nosso normal então sim, é ruim você ser legal comigo mesmo depois de tudo o que aconteceu.

— Não sabia que estava te incomodando. – ele diz com um sorriso nos lábios.

Esses lábios...

— Está. – afirmo e seu sorriso cresce ainda mais. — Q–quer dizer, não está, é claro que não está... – tento respirar fundo. Merda, como ele consegue me deixar ainda mais desconcertada? — Quer saber? Esquece tudo o que eu falei e tudo o que aconteceu entre nós dois. Vamos apenas tentar ser amigos e esquecer tudo o que aconteceu. Cada um segue sua vida normalmente ou pelo menos tenta.

— Sério? – pergunta e respondo que sim e então o seu sorriso some. — Tudo bem, eu já entendi. Você está com alguém, eu estou bem do jeito que estou e está tudo certo. O que ouve entre nós dois não vai voltar a acontecer, eu entendi. Vamos apenas fingir que tudo aquilo não aconteceu, por mais que tenha sido incrível.

— Espera, não é assim. Eu não estou... – não consigo terminar de falar pois ele me interrompe. — Não, relaxa. Está tudo bem. – e simples assim vai embora.

O quê?

Que garoto idiota, não me deixou nem terminar. Eu não quis dizer isso e não estou com ninguém, só achei que seria melhor deixar tudo de lado e tentar sermos amigos. Mas pelo visto ele não quer nem isso.

As coisas não correram do jeito que eu planejava.

Mas que droga.

Eu só espero que as coisas não se compliquem ainda mais do que já estão.

Sem nem perceber eu chego perto de Alice, pensei tanto nessa conversa desastrosa que nem percebi que o caminho de volta.

Tudo continua igual a quando eu saí, pessoas bebendo e jogando algum jogo ao redor da fogueira, música alta, gente indo embora e gente chegando.

Tenho certeza que quase todo mundo já está bêbado. Eu por outro lado não estou tanto quanto gostaria de estar. Não bebi tanto.

Leve, talvez. Mas bêbada, não.

O tempo passa voando, com as risadas e conversas nem percebemos que já era madrugada.

Saímos com as últimas pessoas. Na hora de irmos embora, apagamos a fogueira, pegamos todas as nossas coisas e vamos cada um para o seu carro.

— Cadê Lucas? – pergunto pra Alice e Bruno.

Parando pra pensar, eu não o vi mais depois que conversamos. Ele parecia muito chateado e eu não estou entendendo mais nada.

Embora não foi já que seu carro está aqui.

— Não sabemos. Depois que vocês saíram ele não voltou. – Alice informa.

— Vamos procurar então. – digo e cada um sai a sua procura.

Ele é um idiota. O que ele está fazendo que não voltou ainda?

Volto pra perto do lago, pra onde estávamos e nada. Não estou enxergando nada nessa merda de escuridão, devia ter trazido uma lanterna.

Só depois de uns bons dez minutos, ou talvez menos, eu decido voltar pro carro.

Uma hora ou outra ele vai ter que aparecer e já não aguento mais tropeçar em tudo a minha frente, sem contar os mosquitos me picando.

Ando mais um pouco e caralho... Caio como uma idiota. Só faltou meter a cara no chão, contudo não saí ilesa dessa queda, pois meu pé está doendo. Levanto com cuidado e volto a andar como uma senhora com problemas nos ossos, mas não vou tão longe e encontro alguém.

As vezes nossos olhos nos enganam e vemos coisas que não gostaríamos, o que parece que não é o caso aqui, pois acho que estou vendo certo.

Mas não é ele, será que é?

— Lucas? – chamo baixo.

Sim, é ele.

Por isso o filho da puta não voltou pro carro. Porque ele estava ocupado demais engolindo uma garota e eu aqui sendo trouxa e achando que ele estava chateado por mais cedo.

— Bia...

Que merda.

— Estamos te esperando no carro. – digo e saio pisando duro, ou pelo menos tentando.

Idiota, desgraçado.

A um tempo atrás eu não ligaria pra essa cena, mas por que agora eu sinto essa vontade de gritar e chorar? Por que eu estou querendo tanto meter a mão na cara dele e da garota que estava com ele? E toda essa raiva, de onde está vindo?

Eu não vou chorar, não tenho motivos pra isso.

Ouço ele chamar meu nome, mas não paro.

Caralho, caralho, caralho.

Por que isso tá acontecendo?

Eu deveria ter ficado logo bêbada, pelo menos Alice teria me levado pro carro e eu não teria vindo atrás dele.

— Achou ele? – minha amiga me questiona quando me aproximo.

— Sim, ele já vem.

Entro no carro e praticamente afundo no banco, estou me sentido uma completa idiota de não saber exatamente o porquê que ver os dois juntos me incomodou tanto. Espero que não tenha percebido que ver ele com outra garota me afetou tanto. E porque ele não veio atrás de mim? Espera, eu queria que ele tivesse vindo?

Só segundos depois escuto a voz dele do lado de fora. Ele fala alguma coisa com Alice e Bruno, mas estão falando baixo então não entendo o que dizem e nem quero. Não tenho porque me importar.

— Ai, Alice. Caralho. – ouço ele gritar e em seguida Alice entra no carro e senta do meu lado.

— Tá tudo bem?

— Está. Claro que está. Eu estou bem.

Ela pega minha mão e aperta levemente. — Tudo bem se não estiver.

Olho pra ela e sorrio. — Todo o problema começa se não estiver.

Admito que te amoOnde histórias criam vida. Descubra agora