Abro a geladeira de Anderson e pego um energético enquanto Marcos fica do meu lado. — Então, o que você queria falar?
Essa a conversa que eu menos queria ter na minha vida.
— Eu queria pedir desculpas pelo jeito que agi na festa.
Ok, comecei a gostar.
Dou de ombros. — Tudo bem. Não tem problema.
Ele se aproxima mais de mim e coloca uma mão na minha cintura.
Isso é desnecessário.
— É sério, eu me senti muito mal depois de tudo. Eu fui um idiota e surtei quando você disse que não podíamos mais ficar juntos e surtei novamente com Lucas.
Essa é a primeira vez que vejo alguém falando sobre a briga dos dois, isso sem contar no dia que estávamos no horário de almoço na escola e ele quase ia contar o motivo.
— Bom, eu já disse que não tem problema. E com relação a Lucas, isso é coisa de vocês, eu não tenho nada com isso.
— Você está certa, bem, é, obrigado. – ele diz e sem seguida me abraça.
O quê?
O que está acontecendo?
Quando ele me solta, tenta me beijar, mas eu viro o rosto. — Eu acho melhor voltar lá pra fora.
— Desculpe, claro. É, pode ir na frente. Eu vou... É... Pegar uma água.
Me solto dele e começo a sair. Esse cara só pode estar maluco. E quando eu acho que fugi de um drama, minha noite mostra que não...
— Problemas no paraíso? – ouço alguém falando. Ele anda na minha direção, um olhar afiado, os lábios curvados num pequeno sorriso.
Lucas...
Achei que ele tinha dito pra eu não falar com ele.
— Não, e você? Se resolveu com ela? – aponto pra Vitória.
Ele não diz nada só fica me olhando. Parece relaxado, um energético na mão, seus cabelos arrumados e ainda assim bagunçados. Sempre desse jeito.
— Eu achei que tinha dito pra eu não falar mais com você. – digo me aproximando ainda mais dele.
— Eu disse e não quer dizer que estamos bem de novo é só que eu não consigo ficar longe por muito tempo.
Sorrio.
— Bem, não precisa fi... – meu telefone toca. Merda.
— Oi, mãe!
— Oi, filha. Nós acabamos de chegar em casa, mas você não está aqui e nem na casa de Lúcia.
— É, estou na casa de um amigo.
— Ah, certo. É que nós queríamos falar com você.
— Claro, aconteceu alguma coisa?
— Não, não aconteceu nada. Pode ficar mais um pouco aí, só não chegue muito tarde pra gente poder conversar.
— Tá certo.
— Aconteceu alguma coisa? – Lucas pergunta quando eu desligo o celular. Ele está preocupado, talvez?
— Não, mas tenho que ir embora daqui a pouco. – bebo um gole do energético e ele continua me olhando. — Então, vamos falar sobre ontem?
— Você tem alguma coisa pra me dizer?
Dou de ombros. — Você disse que me amava.
— Eu disse e você tem alguma coisa pra me dizer?
Na verdade, ele disse que achava, então agora ele está admitindo que relamente me ama?
— Não.
— Então não temos nada pra falar. – ele diz e vai embora.
Um dia, um dia... Eu ainda vou enlouquecer ou acabar matando alguém.
— Vocês não precisavam vim agora, o pessoal só vai embora de manhã. — digo descendo do carro de Lucas.
— Eu queria ter vindo a muito tempo e já está bem tarde. – Alice diz enquanto abraça o namorado e Lucas aparece do nosso lado. — Nem me fale, estou cansado. Só quero dormir.
Olho pra Alice e Bruno que riem comigo. — Quem diria, Lucas indo embora de uma festa porque está cansado e quer dormir? – Bruno brinca.
— Ah, vão se foder.
— Estou indo pra casa, meus pais querem conversar comigo. – faço aspas. — Mais duas semanas fora de casa novamente, talvez? Apostas? Podemos fazer um bolão.
— Vinte que são três semanas. – Alice diz.
Lucas abre a porta de casa e Alice e Bruno entram. — Eu chuto um mês.
— Fechado.
Vou direto pra casa e quando entro chamo os meus pais, mas eles não respondem. Foram embora sem falar comigo?
Subo as escadas e escuto vozes no quarto deles. — ... eu te disse que devíamos ter dito antes, Alberto. Como vamos contar agora. Falta menos de um mês pra ela se formar.
— Eu sei, Roberta. Mas vai ser o melhor...
Entro no quarto e os interrompo. — O que vai ser melhor e o que deveriam ter contado?
— Filha... É, nós estávamos falando sobre a empresa. – diz meu pai surpreso por me ver. — Conte a ela, querida.
Minha se aproxima um pouco, ela parece receosa e seu olhar mal encontra o meu. - Então, filha. Por causa da empresa, vamos ter que passar mais tempo em São Paulo.
Porra, eu estava já tendo um enfarte. Eles sempre fazem isso porque seria diferente agora?
— Ah, tudo bem. Quanto tempo dessa vez?
— Nós vamos nos mudar, filha.
O quê?
— Mudar? Como assim mudar?
— Temos que estar mais presente lá, filha. E quando você se formar, vai poder fazer faculdade e já ir aprendendo a administrar a nossa empresa. – fala meu pai ao se aproximar.
— Quando?
— Segunda.
Segunda? Mas hoje é sábado. Eles querem se mudar em dois dias?
— Vocês já decidiram tudo e nem falaram comigo? Vocês nem se deram ao trabalho de me perguntar se era isso que eu queria. E a escola, meus amigos? Minha vida é aqui. Vocês não sabem nem qual faculdade eu quero fazer. Se eu quero fazer.
Saio correndo e escuto minha mãe falando. — Bia, espera.
— Deixa ela, Roberta. Ela precisa de um tempo.
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Admito que te amo
Teen FictionEla não quer um relacionamento e ele muito menos. Foram criados juntos desde sempre, mas isso não quer dizer que se gostam. Provocações aqui, brigas ali, o tempo passou e nada mudou. Pelo menos não até o seu aniversário que até então não era grande...