Ela não quer um relacionamento e ele muito menos. Foram criados juntos desde sempre, mas isso não quer dizer que se gostam. Provocações aqui, brigas ali, o tempo passou e nada mudou. Pelo menos não até o seu aniversário que até então não era grande...
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Eu nem consigo acreditar que hoje é a formatura. Hoje se inicia uma nova fase na minha vida. Tudo muito diferente do que eu imaginei que seria, afinal quem diria que eu iria namorar, tecnicamente, com Lucas? Quem diria que eu ia estar tão feliz? Feliz de estar com ele, feliz da minha família me entender e apoiar minhas decisões, feliz, simplesmente feliz.
Embora no momento eu esteja com raiva de Alice que acabou de colocar a quinta máscara seguida no meu rosto. — Pra que tudo isso? Já usamos 4 máscaras diferentes.
— Relaxa, Bia. Essa aqui é a última e quando você tirar, vai me agradecer. – diz enquanto passa mais um pouco da gosma na minha bochecha.
— Não, acho que não vou. – retruco emburrada e agradecendo aí mesmo tempo por ela finalmente sair de perto de mim.
Depois que Lucas saiu da minha casa eu vim direto encontrar Alice aqui na casa dela, se bem que nem parece a casa dela no momento, que é onde ele também deveria estar e ainda não chegou. Acho que a procura por um vestido para mim não foi tão fácil quanto ele achava que seria.
— NÃO, ALICE! – Bruno grita pela décima quinta vez e sai correndo do quarto de massagem, isso mesmo, massagem. Ela meio que transformou o quarto de Lucas em um quarto para massagem, tem até uma massagista que vai chegar daqui a uma hora. — Bia, fala com ela.
Eles não estavam bem e quietinhos minutos atrás? O que ela fez agora?
— Deixa de frescura, amor. Vai ser rapidinho. – minha amiga aparece atrás dele com um pote de... Cera?
— Bia. – ele implora com o olhar.
Como se eu fosse capaz de fazer ela mudar de ideia.
— O que foi? Alice deixa ele em paz. – tento segurar a risada pra Bruno não se sentir pior do que já está com a cara verde de algum tipo de máscara e o roupão roxo claro.
— Ela quer me depilar, Bia.
É o que?
— Ela quer o quê? – pergunto incrédula.
— Bruno, eu vou perder a paciência com você. – Alice vai atrás dele de novo fazendo com que ele corra ainda mais na direção contrária.
— Ela quer tirar todos os pelos do meu corpinho com aquela cera. Inclusive minha barba e bigode. – ele diz exasperado. — Sabe quanto tempo demorou pra ela ficar desse jeito?
— É só pelo Bruno. Depois cresce, deixa de birra e vem aqui. – Alice responde antes que eu diga alguma coisa.
Esses dois não tem jeito. Até que demorou pra ela tentar fazer isso mesmo ela sabendo que o bigode e a barba são os bens mais preciosos pra ele, palavras dele mesmo.
— Fala pra ele, Bia, lembra a ele que é só pelo e depois cresce de novo.
E ainda insistem em me meter no meio.
— É, Bruno, depois cresce. Você podia...
— BEATRIZ, NÃO OUSE CONCORDAR. – me interrompe.
Droga.
— É, se bem que demorou tanto pra crescer né, Alice? E ele ama tanto...
— BEATRIZ, você é minha amiga e não dele. – sou interrompida novamente.
Assim fica difícil.
Depois que ele não me deixam falar uma palavra se que, fico apenas quieta no meu canto e mando uma mensagem pra Lucas.
Eu: Onde você tá? preciso de ajuda ou eles vão se matar.
Segundos depois ele responde:
Lucas: Cheguei.
Quando ele finalmente aparece no quarto, Alice e Bruno ainda estão brigando enquanto eu continuo encolhida no meu canto pra não ser envolvida novamente.
— Oi, faz tempo que eles estão assim? – ele se aproxima e me beija.
— Sim, fazemos alguma coisa?
— Ela é sua amiga
— E sua irmã.
— Prima. – dispara e então o olho feio. — Mas eu considero irmã, é claro. Por isso que eu vou falar com eles.
Ele até que parece confiante enquanto vai na direção deles. Começa bem, fica entre os dois e consegue fazer com que eles o escutem. — Acho que podemos resolver isso se nos acalmarmos e... – e vai tudo por água a baixo quando Alice o empurra e grita: — SAI DA FRENTE OU EU VOU JOGAR A CERA EM VOCÊ E TE DEIXAR ATÉ SEM CÍLIOS. – e assim ele volta pra perto de mim com o rabinho entre as pernas.
— Eu tentei.
— Eu sei, ela é difícil.
— Demais.
Suspiro. — Vou tentar novamente.
— Boa sorte.
Levanto decidida, chego perto de Alice e quando eu vou falar ela só falta me engolir mandando eu sair da frente.
Ok, não posso ser boazinha com ela.
— ALICE, PARA! – grito e só então ela fica parada na minha frente. — Alice, você não pode obrigar ele a fazer uma coisa que ele não quer.
— Quem disse que não? – ela diz.
— Alice. – a repreendo. — Você sabe que não é assim. Pra ele, tirar a barba e o bigode é a mesma coisa de você ir no cabeleireiro e ao invés dele cortar só as pontinhas do seu cabelo ele cortar três dedos de medida. – digo então ela solta o pote de cera.
— Sério amor? – pergunta a bruno com uma tristeza falsa estampada na cara.
— Sim, amor. É sério.
— Ah, desculpa então. Não sabia que estava indo a tão extremo.
E assim a briga se encerra. Acho que mereço um prêmio.
— Vem amor, vamos ali. – Alice segura a mão do namorado e o leva pro quarto do irmão.
Vou até a cama da mesma e sento perto de onde Lucas está. — Ela vai fazê-lo aceitar, não é?
