23Marmore branco

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Atordoada acordei no dia seguinte com dor em todo o corpo, em cima de um monte de lençóis.

-Quem será que fez isso ?

Quando olhei para o centro do sótão vi a escultura do gárgula. Com a luz do dia entrando pela janela ele não parecia tão horrível mas ainda assim causava medo.

O medo era grande mas a curiosidade era maior. Devagar fui chegando mais é mais perto da estátua de mármore branco.

A feição do rosto era serena contrariando todos os outros gárgulas que eu havia visto, não era tão grotesca, talvez seja pelo fato dela ser feita em mármore parecesse que ela era mais delicada, não sei. O rosto do gárgula não tinha traços de monstro , nem  tinha grandes dentes para fora da boca ou coisa do tipo, o cabelo era longo e as orelhas pontudas. O corpo era musculoso e asas eram enormes: fechadas daria para esconder da cabeça aos pés da escultura. Eu não sei ao certo mas a escultura parecia ter aproximadamente 2 metros de altura sem as asas. Seus pés pareciam muito com de pteranodontes que aparece em filmes de dinossauro, as unhas eram muito grandes e estranhamente a estátua de gárgula tinha roupas parecidas com de caçador. Peguei meu celular na esperança de fotografá-lo mas estava sem bateria.

-Merda.

Comecei a procurar a chave da porta mas não achei.

-Eu me recuso a sair daqui sem essa chave . Falei procurando no chão mas estranhamente achei a chave sem o cordão em cima de uma mesa empuerada.

Subi a escada correndo e quando cheguei no alto da escada dei uma última olhada para o gárgula e fui embora.

Hoje não havia curso então estava com a intenção de ir direto para casa e me recompor mas Lorraine estava entrando com um passeio exatamente no momento em que eu estava saindo.

- E a direita temos aqui a grande escritora de romance Emma Müller muito conhecida por escrever o livro Crônicas de Machado e Espada.

Enquanto algumas pessoas me reconheceram e tiraram foto, Louise limpava meu queixo sujo de poeira enquanto falava:

- A essa hora na Catedral com a mesma roupa de ontem aconteceu algum problema?

-Não , Eu havia esquecido do meu celular aqui acho que caiu no meu bolso quando ajudei o arcebispo. -Menti.

-Espero que tenha encontrado o telefone. -Louise falou ao meu ouvido e em seguida em voz alta começou a falar para o público: Agora vamos falar sobre vitral...

***

Chegando em casa encontrei com o meu marido muito nervoso. Jean me abraçou e me beijou assim que eu entrei pela porta.

-Muito obrigada meu Deus, muito obrigada. Meu amor eu já ia colocar polícia atrás de você , achei que o sujeito que disse que ia te pagar o patinete tivesse feito alguma coisa com você. Onde você estava e por que não me ligou?

- Assim que peguei o patinete tive a ideia de ir até a catedral pois havia encontrado a chave que abria o porão, eu consegui entrar no porão e vi a escultura do gárgula fiquei assustada, tentei sair de lá o mais rápido possível mas caí da escada e devo ter batido a cabeça só acordei hoje de manhã.- Tentei explicar.

-Como você está? Está doendo alguma coisa ? quer que eu compre um remédio?não acha melhor ir para o hospital? -Meu marido falou olhando meu rosto.

-Eu só preciso de um banho.

... ... ...

Enquanto eu tomava banho, Jean fazia barba conversando comigo.

-Você não é fraca não , colocou na cabeça que iria descobrir o que tinha naquele sótão e descobriu e como é o gárgula?

-Assustador, mas menos assustador do que eu imaginei. Acho que se fosse feito em granito de repente ia ficar bem mais assustadora do que sendo feita no mármore ainda mais mármore branco. Eu acho que ficou até bonita se você for olhar pelo contexto artístico. Tem por volta de 2 metros de altura ,as asas são enormes , cabelo grande, é basicamente uma mistura de homem com um pterodáctilo. -Falei passando shampoo no cabelo.

- Quer dizer que não acredita na lenda que transformaram o tal do Pierre em um gárgula?

- Eu tenho 22 anos , não sou nenhuma criancinha que acredita em contos de fadas. -Falei enxugando o cabelo e pegando uma toalha para me enxugar.

- Mas o que diz o diário? ele fala que Pierre foi transformado em um gárgula? - Jean falou secando o rosto após ter terminado de fazer a barba.

- Não sei , ainda não cheguei nessa parte, mas se escreveu uma coisa como essa vou acabar achando que a sua tatatataravó era chegada em um chá de cogumelo.- Falei rindo indo para meu quarto vestida com um roupão e com uma toalha na cabeça.

-E o que  mais você viu no sótão? meu marido perguntou enquanto eu estava sentada em nossa cama.

-Tirando o gárgula de 2 metros de altura era um sótão comum escrivaninhas antigas e empoeiradas, mas o que eu achei estranho foi que acordei em cima de um monte de lençóis como se alguém tivesse tentado fazer uma cama para mim.

-De repente foi algum padre que não conseguiu subir as escadas com você nos braços .- Jean falou enquanto vestia uma samba-canção azul de seda e uma camisa de algodão branca.

-Eu não acredito que você acabou de me chamar de gorda. - Falei sorrindo enquanto jogava um travesseiro na cabeça do meu marido.

- Eu nunca falaria isso imagina, quer dizer ao mesmo que fosse verdade.- Jean soltou uma gargalhada alta e eu joguei o outro travesseiro nele.

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