42 Motivo

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Quando chegou o horário de ir para o curso peguei o diário de Maya e meu patinete elétrico e fui mais rápido possível quase atropelando uma senhora cheia de sacolas de compras.

Elgène  falava animado sobre algum assunto que eu não faço a mínima ideia de qual era e com certeza iria ter que ler apostila quando chegasse  em casa porquê não saberia falar uma palavra do que foi ensinado na aula de hoje.

Estava contando cada segundo para acabar a aula e poder ir para a torre já que é final de outono e o sol descansa mais cedo então quando sair do curso Pierre já deve estar na torre.

Vi Louise passar pela porta da sala que estávamos por duas vezes e eu estava incomodada com isso. 

Eugèene mandou  que guardássemos as apostilas e limpássemos algumas imagens de gesso, dizendo que aquilo era uma das avaliações e quem não  tirasse uma nota razoável  nas avaliações não poderia continuar no curso  no ano que vem .

Meu professor me tirou de meus pensamentos quando colocou uma imagem de São Dionísio  em minha frente . Pensei que se eu não continuasse fazendo as aulas não conseguiria ter uma desculpa para está  na catedral de notre-dame e nem teria autorização para tal. Então dei o meu melhor para limpar aquela imagem .

-Muito provavelmente em janeiro do ano que vem o  livro já  estará terminado , e não terá a necessidade de vir em Notre Dame a não ser para ver a beleza da catedral. Porém para isso você pode  sempre marcar um passeio. - Minha consciência falava comigo enquanto eu limpava a imagem. - A não ser que tenha algum outro interesse que não seja apenas usar a lenda como plano de fundo para o livro.

- Cale a boca . - Falei para minha consciência.

Assim que acabou a aula e entreguei meu são Diníosio como novo ao meu professor que parece ter gostado do trabalho.

Após Eugène se despedir e as pessoas do curso começarem a sair peguei minha mochila , coloquei nas costas e  andei em direção à torre e quando eu ia subir o arcebispo sussurrou que quem eu procurava ainda estava no porão por causa dos passeios.

Dei uma olhada em minha volta e vi Louise com um grupo de 15 pessoas na nave.

O arcebispo revirou os olhos e me entregou a chave então tentei secretamente ao ir ao porão.

Entrando no porão encontrei Pierre  olhando pela pequena janela para o lado de fora da catedral. Quando me viu descer não parecia nada surpreso e  ficou olhando para mim enquanto descia a escada.

Fechei a cara para ele perceber que não estava feliz com que tinha feito e assim que cheguei perto de Pierre falei:

- Você não tem noção do que é certo que é errado? Tenho certeza que seu coração também foi afetado pelo feitiço que te transformou em pedra. Você não pode sair por aí matando as pessoas e achar que está tudo bem. - Eu falava nervosa olhando em seu rosto quando o gargula passou sua mão em minha cintura e me puxando para si beijou a minha boca e o pior foi que eu retribui.

Olhando de fora parece muito que é como se eu tivesse beijando a pia do banheiro mas o meu coração não entendi assim. Meu coração disparou e cheguei a ficar muito excitada com o beijo de Pierre , só me distanciei  dele quando sem querer sua asa bateu em uma lâmpada e ela quebrou fazendo um barulho.

-Por que me beija se não sente nada? - Perguntei curiosa.

- Eu não sinto mas você sente.

- Como sabe que sinto alguma coisa?- falei ainda muito perto de Pierre.

- Você retribuiu , se não tivesse gostado não tinha retribuído. Porque me abraçou quando consegui voltar para catedral?
O que está passando pela sua cabeça? Sabe eu não poderei te dar o que qualquer um homem poderia . Porquê sempre arranja motivo de vir no porão? Você é escritora não é? Não tem informações o suficiente para escrever seu livro ? - Pierre falava se distanciando e tomando cuidado para não me machucar com sua enorme asa.

- Tenho informações suficientes sim , só não tenho o final , você quer que eu pare de vir aqui?- perguntei trêmula pelo medo da resposta.

- Quero que só retorne quando souber porquê continua vido no porão.

- Desculpe, falei  segurando o choro. - Eu já ia começar a subir as escadas quando lembrei do diário. - Uma vez me pediu para ler o  diário, toma , vai ajudar a passar o tempo.

- Tempo é uma coisa que eu tenho muito. - Pierre respondeu enquanto pegava o livro da minha mão. - Obrigado.

Subi a escada correndo e atravessei o corredor inteiro na mesma velocidade até chegar  a nave onde comecei  a andar  rápido mas sem  correr . Por sorte Louise não estava mais mostrando a nave então não precisei me preocupar tanto. Porém ao procurar o arcebispo para entregar a chave vi o padre Carlos e perguntei sobre o sacerdote, o padre me informou que o arcebispo  estava no Santíssimo então fui até lá.

Chegando ao Santíssimo fiz o sinal da cruz e entrei caminhando até ou arcebispo e me ajoelhei ao  seu lado e fingindo está rezando sussurrei :

- Deixarei a chave do seu lado , tenho que ir para casa.

Fiz o sinal da cruz , para aparentar que terminei a oração e fui embora.

...

Horas depois na torre...

- O que fez com a senhora Leroy ? Ela me pareceu está triste quando me entregou a chave. - O arcebispo falou  olhando a cidade luz. 

- Apenas falei a ela o que  o amigo havia  me falado: nunca poderei dar a ela o que qualquer outro homem pode dar.





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