54- Célibataire

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Assim que Louíse fechou a porta do porão atrás de si , deu de cara com o padre Carlos.

- Qual o seu problema? Você estava dando em cima do restaurador que você sabe que é comprometido.

- Olha quem fala, um padre que não quer saber de célibataire , nunca te ensinaram que é falta de educação ouvir atrás da porta? - A historiadora falou andando em direção à nave.

- E dar em cima de homem comprometido não é falta de educação? - O padre sussurrou.

- Não seria a primeira vez que ela iria levar um belo par de chifres por minha causa , o ex marido dela era meu amante, na época eu tinha 18 anos. Foi ele quem me deu o apartamento que eu moro,era nosso ninho de amor e desde que ele morreu tenho tido problema para continuar com esse apartamento, os gastos são muito altos. Ele me dava tudo do bom e do melhor , falava que só estava com ela por causa do dinheiro, que precisava do dinheiro dela para que a editora pudesse crescer ainda mais. Nessa época ele até ia investir em mim como escritora, falava que eu seria uma escritora de sucesso , que iria vender mais livros do que se vende água num dia de verão ; porém semanas após pegar meus rascunhos ele morreu estranhamente. - A morena falou com pesar enquanto uma lágrima passeava por seu rosto. - Carlos você sabe muito bem que não quero nada sério com nenhum pé rapado, então não fique esperando que algum dia eu vá ter assumir como namorado ou coisa parecida. Não me leve a mal , você é um ótimo amante e parceiro no crime mas nada além disso. Eugène Doc tem nome, fama e dinheiro, você tem apenas uma plantação de eucalipto em Orleans.

A morena limpou a lágrima do rosto e acelerou o passo deixando o padre Carlos para trás ouvindo os ecos de seu scarpin.

O padre respirou fundo com os olhos cheios de lágrimas , foi até o escritório e escreveu uma carta de despedida para o arcebispo e deixou sua batida dobrada sobre a mesa enquanto foi embora da catedral vestindo calça e camisa preta social.

Quando o arcebispo entrou no escritório meia-hora depois leu o bilhete, respirou fundo e falou:

Sempre soube que isso não era para você

Horas depois...

- Como havia dito preciso que se retire do porão. - O arcebispo falou enquanto descia à escada vagarosamente .

- Nossa como o tempo passa rápido quando a gente está se divertindo. - Eugène falou dando uma bela olhada no peito da Gárgula agora sem o buraco.

- Não querendo me meter no seu serviço, mas passou o dia inteiro para apenas tapar o buraco no peito da escultura? - O arcebispo terminando de descer a escada endireitava seu óculos com o dedo indicador tentando enxergar melhor.

- A vossa reverendíssima entende de Bíblia quem entende de restauração sou eu , eu não tapei o buraco eu restaurei o peito da escultura , estou fazendo tudo procedimento para a escultura ficar perfeita, não estou consertando uma parede , não é só misturar cimento com água e brita e tapar uma rachadura é muito mais do que isso, se o senhor chegar bem perto não irá conseguir ver marca nenhuma onde eu trabalhei , sem falar no procedimento de limpeza isso demora muito em uma escultura desse tamanho, mas é claro se acha que pode fazer melhor, faça o senhor mesmo. - O restaurador falou enquanto catava seus materiais e os colocava em maletas etiquetadas.

O sacerdote revirou os olhos respirou fundo e falou:

- Preciso que saia agora e volte bem cedo amanhã, não se preocupe será muito bem pago. - O sacerdote falou calmo.

- Ok , já estou saindo, vou deixar meu material aqui mesmo, acho que a gárgula não irá se importar.

- O sacerdote impaciente olhava para a janela tentando saber se ainda tinha muito tempo.

Gárgula ( +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora