51 Vingança

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Ao ouvir a voz que  assombrava meus sonhos abrir o diário em uma página específica e arranquei enquanto ainda virada para lareira falei com a voz embargada:

- Pierre Durand. Eu tinha certeza que era você , assim que  pisou em meu telhado. Você foi o motivo de várias das minhas noites acordada ; eu sempre quis me segurar que nunca iria ser pega de surpresa.

-E por que iria fazer algo contra você? - fechei os olhos por algum segundos  ouvindo a criatura falar,na intenção de saber de que direção vinha o som tão grave.

- Não sei , me diga você porque matou meu irmão , ele só tinha 16 anos.  Você o socou até a morte e eu deixou lá para que as féras da noite comessem a sua carne. - Falei de olhos fechados.

- Eu nunca matei ninguém da sua família a única pessoa que queria matar era o Duque. Eu não sei quem matou o seu irmão mais sei que não fui eu.

- Você está mentindo, meu irmão era muito querido por tudos , alguns amigos de meu  irmão que foram caçar consigo descreveram  que a besta fera que o matou tinha  olhos amarelos  e asas. - Falei enquanto uma lágrima passeava pelo meu rosto.

- Eu não sei quem matou seu irmão mas com certeza não fui eu. - O gárgula falou um pouco mais perto do que anteriormente porém como o quarto estava apenas iluminado pelo fogo da lareira que estava bem baixa e pela luz da lua que entrava pela varanda eu não conseguia ver o imenso quarto por completo.

- Você está mentindo . -Lancei  o atiçador da  lareira contra o monstro e ao mesmo tempo joguei o diário no fogo.

A gargula saiu da escuridão vindo em direção à lareira e foi então que vi  o monstro dos olhos amarelo e longos cabelos brancos; sua " pele" pálida de mármore branco e devo confessar que em meus pesadelos ele era muito mais amedrontador; mas isso não vem ao caso ele matou o meu irmão e eu iria me vingar.

Corri até o closet e peguei querosene e aproveitando que o diário ainda estava pegando fogo na mão do monstro joguei  o líquido inflamável e o fogo se espalhou pelo  gárgula que apenas me olhou mas continuo concentrado em apagar o fogo do diário.

Minha filha ouvindo o barulho abriu a porta e vendo o grande monstro em chamas acabou por desmaiar , peguei o atiçador e fui de encontro a Pierre Durand que tentou por duas vezes pegá-lo da minha mão mas ele não contava que eu havia tido aulas de espada medieval e esgrima por quase toda minha vida.

Após alguns movimentos com o ativador  de lareira acabei por tirar o diário de sua mão fazendo com que ainda pegando fogo fosse lançado em direção à varanda, porém ainda dentro do quarto. A cortina que balançava com o vento acabou por encostar no diário e começou a pegar fogo.

- Eu não matei o teu irmão. - O monstro gritou me ignorando enquanto eu batia nele com a barra de ferro.

A Gárgula andou rápido até o livro e o pegou com ambos  ( a Gárgula e o livro) ainda pegando fogo ,  alçou  vôo até  a fonte do jardim e com a água  da mesma tentava apagar o fogo jogando um pouco de água em si e depois terra do jardim no que sobrou do diário.

Corri até meu closet e peguei uma pistola , fui até uma das janelas  e atirei na gargula enquanto a mesma levantava vôo.  Minha filha acordou de seu desmaio e correu até onde eu estava assim que viu as cortinas da varanda pegando fogo.

- Mãe. - minha filha gritou vindo até a mim e me vendo atirar olhou para o alvo bem a tempo de ver a enorme gárgula sobrevoando o jardim. -Meu Deus, ele realmente existe.

-Sim Diná, as histórias da grand-mère sempre foram verdade. Ela sabia que só eu realmente acreditava  e me passou todas as informações do que eu poderia fazer para  acabar com Pierre Durand.  O fogo de madeira de carvalho não funcionou.  Só me resta fazer que Durand  volte a ser humano para  que possamos matá-lo de maneira tradicional.

- Mãe, depois pensamos nisso, agora e melhor apagarmos o fogo da cortina e de perto da lareira antes que se espalhe , ligarmos para os bombeiros e para a seguradora; esse palacete é patrimonio histórico. - Minha filha falou  me puxando pela mão para que eu saísse do quarto .

...

Emma...

Verdadeiramente Karen estava certa. Eu sempre desejei que um dos meus livros virasse filme e agora que tudo está acontecendo eu não estou dando devida importância. Pierre sabe se cuidar ele viveu séculos e séculos antes que eu aparecesse, ele sabe se virar sozinho.

É claro que eu ainda estava acontecendo muita coisa com a fofoca do meu livro está virando uma série se espalhando feito fogo no rasto de pólvora , vários atores vieram conversar comigo na esperança de conseguir algum papel pois como o livro foi um grande sucesso todos tinham a esperança de que acontecesse o mesmo com a série.

Fui salva de mais uma série de fotos com artistas que eu nem conhecia pelo meu telefone que tocou, olhei para a tela e fiquei surpresa ao ver a foto do meu marido aquela hora da madrugada.

Sorri e falei que precisava atender o telefone.

- Jean.

- Olá amor, já conheceu alguém famoso por aí?

- Eu conheci aquele ator cabeludo, daquela série que  faz um casal super fofo com o cara do cabelo azul, também conhecia o ator dos olhos azuis que  fazia a série de vampiros e pelo menos cinco atores daquela série que assaltavam o banco estão aqui, inclusive acabei de tirar foto com o que tem cara de bobão.

- Emma , você precisa decorar os nomes das pessoas ,algumas pessoas podem se sentir ofendida por não saber o nome delas.

- Jean , eu esqueço o nome dos personagens do meu livro, tenho que voltar por várias vezes em outros capítulo  do meu próprio livro para lembrar do nome de uma personagem que eu mesma criei.

- Emma , eu fico muito feliz que você está se divertindo mas liguei,  para te avisar que estou indo para Nancy. Eu iria de qualquer modo na semana que vem por causa do aniversário da grand-mère, mas vou ter que adiantar a viagem pois parece que aconteceu um pequeno incêndio no quarto da Alis ,

- Alis está ferida? - interrompi meu esposo.

- Não, minha mãe falou que elas estão bem , pedi uma licença de uma semana, vou assim passo o aniversário da Alis com elas eu tento saber o que realmente aconteceu, se quiser pode vir para Nancy quando chegar de Madrid.

- Obrigada Jean mas estou um pouco cansada.

- Ok , então eu te mando uma mensagem assim que chegar em Nancy .- Eu já ia desligar a ligação quando meu marido falou: - Emma , acho que seria interessante procurar um terapeuta;  já tem um bom tempo que seus pais e sua avó faleceram,  sua única família sou eu, você poderia se a chegar a minha família mas não faz questão nenhuma disso; acho que não é uma coisa muito saudável ser tão reclusa. - Revirei os olhos  e menti:

- Karen está me chamando tenho que ir, boa viagem.

- Obrigado. - Desliguei nervosa sem saber se Pierre havia conseguido ou não pegar o diário e mais nervosa ainda por não saber o porquê do incêndio no palacete.





Gárgula ( +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora