04

31K 2.3K 280
                                    

Marília.

Apesar de tudo, a Eloísa conseguiu me tirar umas risadas mesmo contragosto, eu senti que havia algo com ela, mas eu sentia também que era pura paranoia. Quando deu a hora da janta eu tive que subir pois era o mesmo que pedir pra ser gritada se eu não tivesse lá, uma doideira. O que era estranho porque eu tinha 19 anos e era quase igual uma criança se não obedecesse as ordens.

Cheguei em casa e percebi o silêncio, olhei em volta e não tinha ninguém em casa, só a Suzana, que me encarou enxugando as mãos no pano.

Suzana: Dona Bárbara saiu assim que terminou as unhas e seu Mércio ainda não chegou. Você vai comer agora? — Fiz careta.

Mari: Vou sim, você não quer comer comigo? —Ela negou.

Suzana: Aproveitei que a dona Bárbara não tava e já comi, fiquei com medo dela chegar e brigar.—Falou rindo e eu respirei fundo.

Mari: Já tentei falar com o meu pai pra ele mudar essa regra, mas você sabe que ela é uma vagabunda.— A Bárbara não deixava ela comer a "nossa" comida. A Suzana tinha que trazer de casa ou algo do tipo, o que era uma merda e eu odiava meu pai por acatar isso.

Coloquei minha comida e fiquei conversando com ela toda minha janta, eram quase nove da noite e sem sinal do meu pai. Eu decidi ligar a televisão, porque na maioria das vezes que ele sumia assim, tava resolvendo algum caso no nível que passava na televisão, mas busquei por todos canais e nada.

Estava no tédio, nada pra fazer e queria fazer algo diferente. Sempre quando meu pai sumia assim, eu só tinha notícias dele no outro dia. Fiquei rodando pela minha casa até possibilitar ir fazer algo com a Eloísa, eu precisava respirar um pouco, então eu me arrumei, tranquei a porta do meu quarto e me senti uma adolescente, fugindo pra ir em uma festa, tentar me sentir pelo menos um pouco mais viva e alegre.

Mesmo que pra isso, eu precisasse fugir da minha zona de conforto, me envolvendo com uma pessoa que eu nem confiava tanto assim, mas as vezes, eu só precisava de um pouco de adrenalina pra não querer morrer a cada segundo.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora