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Deco.

Tava geral numa salinha fazia umas duas horas, a gente tava pensando nas possibilidades, chances de dar certo, da errado... A gente conseguiu trocar ideias com um policial que trabalhava la, ele se rendeu fácil por uma grana e falou em qual galpão ficava exatamente, mas falou outro bagulho importante.

"É só uma chance, ou vocês entram, pensam e fazem tudo direito, ou vocês só saem daqui dentro de um caixão."

Gl: Hoje é o dia.— Falou olhando o celular.— Metade dos pau no cu da polícia tá fazendo greve, tem que ser hoje.

Deco: Tu tá surdo? Só tem uma chance, ou a gente usa a porra da cabeça, ou se joga pra morte. 

Gl: A tropa da policiais vai ser muito menor, para de ser burro moleque.— Encarei ele.— A gente já sabe como fazer e o que fazer pô.

Olhei pro Falcão que tava olhando o mapa pensativo e geral ficou calado me encarando, mas eu fiquei esperando o Falcão. Menor era mais velho que eu, tinha mais experiência e era meu amigo.

Falcão: Qual foi? — Me encarou sem
entender.

Deco: Que que tu acha? Fala aí pô.— Gl me olhou sem entender, e Falcão riu.

Falcão: Gl tá certo, hoje é o dia.— Fiquei calado.— Maneiro a ideia de tropa pra contenção, mas muito chamativo.— Olhou pra mim.— Tem pouco policial, mas é agente treinado. Não pode errar, então quanto menos atenção chamar, mais chance.

Gl: Eu e tu entra, mano.— Falou com o falcão.— Tem que ser mais cabeça pra essa parada, bagulho tem que ser certo.

Eu tava afim de começar uma confusão do caralho com o Gl aqui, o moleque só falava merda o tempo todo. Mas eu tava ignorando isso serinho, só queria terminar com esse papo logo.

Nem gostava de descer pra pista, ainda mais pra lado policial.

Falcão: Deco, Gl e Vermelhinho entram. Vermelhinho na contenção, são duas caixas da pesada, acho que ainda tão nos carrinhos que fica tranquilo de carregar.

Vermelhinho: Pô cara, vermelhinho nem se ofereceu pra nada irmão.— Falou indignado.— Só tô aqui pra dar moral.

Deco: Tu tá aqui porque tá se escondendo da mãe do teu filho.— Os moleques deram uma risadinha.

A garota tava pedindo pra ele aumentar a pensão, mas ele dava o mesmo valor pros 4 filhos e era papo alto. Fora que toda semana ele ia com cada um comprar os bagulhos de necessidade.

Nenhuma das outras reclamavam, mas a Débora vive se matando por isso. E o bagulho engraçado é que ela nem cuida do filho, quem cuida é a irmã dela.

Gl: Tu tá no comando, tu que deveria ter esse pensamento.— Falou me encarando.

Vermelhinho: Caralho viado, tem hora que ultrapassa o limite essa implicância! Relaxa porra, a gente é tudo a merma coisa, a gente tá junto, não é um contra o outro não.— Falou bolado com o Gl, antes de eu responder também.

Ignorei o comentário do maluco porque não tava afim de me estressar, troquei mais ideia com o Falcão que me ajudou a organizar o resto das paradas. Quando deu a hora, a gente desceu, como combinado Falcão que iria ficar esperando no carro.

A gente tinha conseguido alguns contatos e tinha facilitado a entrada, Gl tava certo sobre ter pouco policial também, mas o que tinham tava tudo andando com carregamento forte. A gente foi seguindo o plano de acordo, tava tudo dando certo, a gente tava saindo de lá com os carregamentos e parecia tá suave demais pra tudo isso.

Gl: Tá muito fácil.— Falou olhando em volta, enquanto a gente entrou no carro.

Xt: Qual foi deco, carro forte tá subindo aqui.— Eu olhei pro raidinho e soltei uma risada.

Vermelhinho: Polícia porra, mete o pé.— Falou me empurrando pra dentro do carro.

Mal entrei e começou os tiros, Falcão meteu o pé no acelerador e um dos tiros acertou o meu vidro, quebrou em cima de mim e eu senti algumas partes do meu braço rasgando com o vidro.

Gl: Como que tu sai numa missão dessa sem um carro blindado, porra? — Gritou com o Falcão, que me olhou através do retrovisor.

Falcão: Os moleques responsáveis falaram que tava blindado cara, qual foi.— Olhei pra minha mão que tava com um pedaço de vidro.— Hospital?

Deco: Suave, vai pra Rocinha.— Gl tirou um cacos de cima de mim e eu tentei me afastar dele.

Gabriel me encarou e desviou o olhar, eu tava de calça então a maioria foi só superficial, mas o que tava dentro da minha mão tava sangrando e doendo pra caralho, o vidro tava fundo pra caralho mermo, o sangue não parava de descer e eu já tava ficando meio mole.

Vermelhinho: Tira isso.— Falou do banco da frente.— Puxa de uma vez pô, faz nem cócegas.

Deco: Aí cara, tomara que entre um pedaço de vidro no teu cu, papo reto! Vou te dar o mermo papo.— Falcão soltou uma risada, enquanto passava voando pelos carros na pista.

Eu me distrai por dois segundos falando com o Vermelhinho e o Gl puxou o vidro, Vermelhinho jogou um pedaço de pano e eu soltei um grito alto, batendo a cabeça pra trás.

Deco: Vocês podem subir, eu fico aqui! Papo reto, tá doendo pra caralho. Vou atrapalhar o corre de vocês.— Falei vendo o Falcão chegando perto do morro.— Gl fica no comando.

Falcão: Ficar aqui é pedir pra tomar tiro na cabeça.— Falou entrando na mata.

Vermelhinho: Tá querendo moleza é só falar.— Abriu a porta do meu lado.— Te levo no colo pô.

Encarei ele que me ajudou a descer e a gente tinha que subir pela mata querendo ou não, a gente subiu até umas lajes e tava pertinho da lojinha quando deu de cara com uma tropa.

A trocação começou e eu só fiz me jogar no canto, minha mão doía e eu já tava sentindo meu corpo mole. Mesmo com o pano em cima, o sangue continuava descendo igual água.

Gl: Vou entrar com ele.— Ouvi ele falando pros moleques e correndo pro meu lado.

Minha cabeça doeu e minha visão pesou, Gl bateu no meu rosto e eu tava mole pra caralho. Ele me levantou e começou a me arrastar, a gente tava quase chegando na lojinha quando eu só vi dois policiais, tentei tirar a arma da cintura mas só dei tiro em vão, Gl tentou me segurar enquanto atirava mas meu corpo caiu, ao mesmo tempo que vi os cara caindo no chão, perdendo totalmente a consciência.

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