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Marília.

Quando a Danda acordou, acordou falando que tava com fome e pela hora, ainda era café da manhã. Fui procurar as coisas e lembrei direitinho o que o Vermelhinho falou, estranhei porque ele disse achocolatado e virei pra ela, que já tava comendo.

Marília: O que você toma no café? Seu pai falou achocolatado mas não pode ué.— Ela deu uma risadinha.

Danda: Danone.— Confirmei, indo pegar.— A Bruna que é viciada em achocolatado, ele sempre confunde.

Marília: Você tem uma irmã? — Ela confirmou.— Da sua mãe?

Danda: Não, tem a Bruna, O Thiago e o Ruan.— Eu encarei ela surpresa.— Meu pai é meio doidinho.

Eu soltei uma risada leve e sentei pra comer com ela, ela tava mais concentrada em comer do que conversar, mas as vezes me perguntava algumas coisas sobre mim. Se eu tinha namorado, se eu tava grávida do pai dela, se eu tava morando aqui...

Fui perguntando a ela o que ela gostava de fazer as poucos a gente se conectou, estávamos tomando banho de piscina brincando e eu tava feliz com ela ali. Pelo menos assim conseguia esquecer que na minha conta tudo tinha sido bloqueado, mas eu conseguiria algo se fosse atrás, brigasse na justiça, até porque ainda era direito meu. Mas brigar na lei, com gente que trabalha na lei, era um tiro no pé e perca de tempo.

Passei o dia de acordo com o cronograma na minha cabeça, almoçamos, e na hora da janta eu tinha apenas ajudado ela com o banho e tava fazendo um penteado no cabelo dela quando o Vermelhinho chegou, ele rodou o fuzil pra trás e eu encarei ele, encarei ela, e ele veio na nossa direção.

Vermelhinho: E aí.— Falou com nós duas.— Suave, Dandinha?

Danda: Por que você queria me matar me dando achocolatado? — Falou colocando as mãos na cintura e eu abri um sorriso.

Vermelhinho: Caralho, errei de novo.— Colocou a mão no pescoço e me olhou.— Tu não deu não né?

Marília: Não cara, eu usei a lógica.— Falei meio óbvio.

Vermelhinho: Finalmente alguém que pensa nessa casa.— Falou se afastando da gente.

Danda olhou pra mim e negou a cabeça como forma de reprovação ao pai e eu ri. Voltei a ajeitar ela e uns minutos depois o Vermelhinho chegou chamando pra jantar, sentamos os três na mesa e a Danda começou a falar que nem uma louca, fazia mil perguntas, estava falando de segundo em segundo e nem comia direito.

Eu tava abismada na diferença entre agora e hoje comigo, mas ela parecia gostar muito de conversar com o pai, e eu entendo, até porque ele tava respondendo tudo calmo, paciente, e ainda ficava corrigindo e ensinando ela quando ela se enrolava nas palavras.

Eu achei lindo o cuidado dele, a atenção dele a ela me fez querer chorar. Fiquei olhando pra ela com um sorrisinho e terminei de comer, ia lavar a louça mas ele chamou minha atenção.

Vermelhinho: Seis da manhã vem gente limpar, deixa aí pô.— Apenas confirmei, saindo da cozinha e deixando ela terminar de metralhar as perguntas.

Me sentei no sofá da sala imaginando como seria se minha criação tivesse sido assim, mesmo com um pai ausente, um pai que deixasse uma horinha do seu dia pra falar comigo, pra me perguntar como eu estava, pra me escutar, me ensinar.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora