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Marília.

Eu tomei um banho depois de três dias, eu acho que se passaram três, fiquei mais de uma hora no chuveiro. Eloísa tinha me entregado até coisas pra lavar meu cabelo, eu tentei ignorar mas eu precisava daquilo pra me renovar, ter forças e meter o pé daqui.

Quando eu sai tinha um vestido em cima da cama e eu apenas coloquei, peguei o pente e dei um jeito no cabelo, me sentindo mais humana com isso.

Eloísa: Vem, rápido.— Me assustei com a voz dela, enquanto eu passava o pente no cabelo.

Ia rebater qualquer coisa mas ela entrou me puxando pra fora do quarto, quando escutei a sirene da polícia meu coração se encheu de alegria, de esperança de sair dali.

Eloísa: Para com isso.— Gritou comigo enquanto eu tentava me soltar dela, Eloísa cravou a unha no meu braço e eu puxei me soltando.— Para de ser burra, caramba Marília. Eu não sou santa, manter você aqui não foi certo, mas eu garanto que te quero melhor do que quem é do seu sangue... Você vai se arrepender cara, vem comigo.

Ignorei ela e corri na direção contrária, escutei o barulho enorme lá fora e olhei pra ela, que negou me dando as costas. Pelo visto não tinha mais ninguém na casa, tinha vários móveis na frente da porta e eu fui começando a tirar, eu já escutava os passos e provavelmente pra uma tentativa de invasão. Quando menos esperei a porta foi derrubada, tomei um susto quando as armas foram apontadas pra mim e levantei as mãos.

Eloísa: Eu sou a filha do delegado Ferraz.— Quase gritei, assustada com aquilo.

Eles se entreolharam e alguns avançaram, senti a arma pesada batendo na minha cabeça e quase caí no chão, eles me empurraram de rosto no chão e eu cai de vez, enquanto colocavam a algema eu gritava pra eles pararem, que eu realmente era quem dizia ser, mas o que eu escutei me quebrou mais do que eu achava que seria possível.

"O delegado já falou que a filha dele morreu, para de mentir, sua puta."

"Ela deve tá acobertando os outros pra fugirem."

Eu não consegui nem reagir, não consegui chorar, não consegui nem mais falar, xingar, tentar escapar. Só me arrependi, só senti ódio, só me senti burra e vazia, na verdade eu não consegui nem explicar o que eu tava sentindo, por era como se eu fosse explodir a cada coisa que passava pela minha mente nesse momento.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora