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Deco.

Acordei de novo com meu celular tocando e tentei me soltar da Marília, mas a mão dela tava em cima do meu braço e ela impedia qualquer movimento meu. Resmunguei um "feia." pra ela e estiquei meu outro braço pegando meu celular, vermelhinho que tava desde ontem querendo que eu falasse com a Soraia pra saber o número da Marília falou que ia ter reunião de três horas, e já eram duas e vinte.

Deco: Me solta cara.— Falei puxando meu braço, ela murmurou um "uhm." empurrando meu braço e se encolheu de novo.

Pulei da cama e puxei o lençol pra cima dela, mas podia passar o dia analisando a vista que o corpo dela me trazia. Catei minhas roupas e quando tava fechando a bermuda ela abriu os olhos.

Mari: Já vai? — Falou com voz de sono, passando a mão no rosto.

Só balancei a cabeça procurando minha blusa que tava no chão e ela se sentou na cama. Não vou negar que olhar pra ela me deu vontade de mandar geral se fuder e passar a tarde aqui transando com ela, mas não podia porque minha moral já não tava muito dahora.

Ela colocou a blusa e a calcinha, mas a blusa não cobria nada e era o suficiente pra chamar minha atenção, mas ela me olhou fazendo careta.

Mari: Vem.— Falou me puxando pra fora do quarto.

Peguei o rosto dos meus bagulhos e fui com ela, ela abriu a porta e eu saí tranquilo, mas ela me chamou e eu virei vendo ela estender o celular pra mim.

Deco: Agora eu que não vou te dar essa moral pô.— Gastei ela que revirou os olhos.

Mari: Não precisa ficar chorando.— Falou em tom de deboche e eu encarei ela, entregando o celular na mão dela.

Balancei a cabeça pra ela e sai indo pro elevador, sabia que ela não tinha fechado a porta ainda mas continuei posturadao, quando fui entrar olhei pra ela e na mesma hora ela sorriu. Apenas balancei a cabeça pra ela e evitei fazer o mermo, sabia qual era a minha conduta aqui, por mais maneira que ela fosse, não ia cair na vacilação.

Desci direto pro estacionamento e peguei minha moto indo pro morro, fui direto pra casa tomando um banho e escutei o chuveiro da minha coroa também. Achei que ia dá tempo de sair antes dela bater comigo, mas ela apareceu assim que eu saí do quarto.

Ana: Aonde tu tava, cara? Tu tem que parar de tá sumindo assim, eu surto muito.— Me deu um tapa no pescoço.

Deco: Tu tem que parar de ser maluca cara, tava resolvendo um bagulho. Toda vez que eu saio, tu fica nessa.

Ana: Você acha que me engana, né? Tá atrás de mulher tem um tempo já, eu tô no teu rastro.— Apontou.

Eu soltei uma risada sem nem render pra ela e sai de casa subindo pra salinha, já tava geral lá menos o Gl. Encostei na parede vendo o Dadinho me encarar e depois virar a cara, meti a mão no bolso procurando um cigarro e achei, acendi e o Gl chegou uma cota depois.

Dadinho: Bagulho é o seguinte... Vou precisar dar um tempo do comando do morro, vou focar numa missão aí e vou passar um tempo nas encolhas.— Olhei pro Gl, que já tava com um sorrisinho de lado.— Nesse tempo, quem vai ficar no comando é o Deco, Gl vai tá como o braço direito dele orientando nas paradas, mas quero o mermo respeito como se fosse eu.

Na merma hora encarei o Dadinho, senti o olhar do Gl sob mim, Dadinho não me olhou, mas quando eu desviei o olhar vi o Vermelhinho e o Falcão com um sorrisinho pra mim, Gl arrastou a cadeira e saiu igual demônio batendo a porta.

Dadinho: Alguém tem algum bagulho pra falar? — Falou sério.

Xt: Quanto tempo?

Dadinho: Quanto tempo eu precisar.— Apontou pra porta.— Recado tá dado, a partir de agora Deco tá no comando, qualquer bagulho é com ele. Geral pode meter o pe já.

Uns malucos me deram parabéns e eu só fiquei encarando, quando geral saiu eu fui pra perto do Dadinho e ele me encarou.

Deco: Quero essa porra não, pode meter na mão do Gl.— Apontei pra ele.

Dadinho: Tô pedindo não, é uma ordem. Perguntei se tu queria? — Neguei.

Deco: Qual foi, tu tá querendo o que? Teu braço direito é ele, bota ele no teu lugar porra.— Falei bolado.— Eu não sou o irresponsável?

Dadinho: Tu tá no comando, quando eu voltar quero esse caralho melhor do que eu deixei.— Falou colocando o fuzil nas costas.— Qualquer bagulho Falcão vai te orientar junto com o Gl.

Dadinho foi saindo e eu coloquei as mãos na cintura jogando a cabeça pra trás, ele abriu a porta e eu fui atrás dele.

Deco: Tu vai pra onde, fazer o que? — Ele me olhou.

Dadinho: Márcio tá em cima de mim, falaram que ele tá de férias com a mulher mas mermo assim tá conseguindo atrasar os carregamentos dos bagulhos, tá mandando federal invadir morro aliado, indo atrás das bocas na pista. Vou armar um bagulho e pegar ele pra parar com essa porra, tá rendendo prejuízo.— Falou bolado.

Deco: Vou contigo resolver essa parada, coloca o Gl no comando.— Apontei.

Dadinho: Não vou repetir essa porra de novo, o comando e teu! Gl tá me ajudando com umas paradas desse bagulho e eu quero que tu me represente aqui, entendeu ou vai se fazer de maluco? — Fiquei calado, encarando ele.— Jae.

Dadinho deu um tapa nas minhas costas saindo de perto de mim e eu encarei uns moleques que tavam fumando ali, não sabia o que ia rolar por esses dias, mas eu tava fudido pra caralho.

Dadinho nunca me treinou pra assumir o lugar dele, sempre foi o Gl e Bryan. Eu sabia que não podia nem contar com o Gl pra porra nenhuma, além disso, eu não ia chegar pra ele pra pedir nada, então eu tava fudido de ter que aprender as paradas na marra porque eu sabia que se eu cometesse um erro, Dadinho não ia perdoar.

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