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Marília.

Me sentei na cama com minha cabeça doendo, meu estômago doía junto e era como se cada parte do meu corpo tivesse se quebrando. Desde que cheguei aqui eu não comia direito, eu não me cuidava, eu tava muito mal. Deco havia ido embora há algumas horas, me encolhi sentindo minha barriga doendo e a porta foi aberta, o Dadinho entrou e me encarou, enquanto eu tentei disfarçar a dor.

Dadinho: Vamo trocar uma ideia pô.— Se sentou na beira da cama.— Tu sabe quem eu sou, né?

Ignorei ele tentei me desligar de tudo, mas a dor só gritava mais dentro de mim e eu tava desesperada pra parar aqui.

Dadinho: Quando eu falar contigo, tu responde.— Segurou meu rosto com força.

Mari: Eu não faço ideia de quem seja você.— Falei entredentes, olhando pra ele que me soltou, empurrando meu rosto pra trás.

Dadinho: Garota, vou repetir o mesmo bagulho... Quanto mais tu mente, mais tu se fode. Namoral mermo? Nem curto essa parada de mexer com mulher, mas tu tá tirando toda minha paciência pô.— Falou alto, bravo comigo.

O cara se achava uma estrela e eu que tinha culpa de não saber de onde ele vinha?

Mari: Eu não sei quem é você, eu já disse.— Gritei e sentir uma dor maior.— Aí, caramba...— Falei baixinho, fechando os olhos com força.

Dadinho: Tu tá com o Deco há quanto tempo? — Sua voz saiu desconfiada, olhei pra ele que tava olhando pra minha mão sob a barriga e neguei.

Mari: Só estava saindo com ele, não tem nem um mês. Não sabia de onde ele tinha vindo, nem o que ele fazia, mas eu garanto que se eu soubesse, eu mesma tinha colocado ele atrás das grades.— Mal terminei de falar e senti um tapa, mais um, forte no meu rosto.

Gemi de dor perdendo todas as minhas forças, me encolhi na cama sentindo a lágrima descer, o rosto arder, meu estômago doer, meu peito queimando em desespero.

Dadinho: Nunca mais ameace meu filho! Tá ouvindo? — Puxou meu cabelo, me fazendo olhar pra ele.— Se tu não ficar longe dele, tua vida vai ficar um inferno pior do que esse.

Ele saiu batendo a porta e eu escutei a voz da Eloísa assim que ele saiu.

Eloísa: Deixa eu ver se ela tá bem...— A voz dela era baixa, mas ainda sim consegui escutar.

Dadinho: Por mim ela morre aí.— Escutei os passos, após ele terminar de falar.

Na minha mente só vinha ódio, raiva, dor, todos os sentimentos possíveis dentro de mim. A sensação de abandono também era grande, pois eu sabia que não tinha ninguém me procurando.

Que meu pai nunca colocaria ninguém atrás de mim.

E eu estava judiada até demais pra tentar fugir daqui.

As horas passavam e eu conseguia ouvir a chuva caindo lá fora, vi anoitecer enquanto eu esperneava de dor, ficava me mexendo até achar uma posição confortável, mas não era possível, não adiantava.

Quando abriram a porta, jurei que era o Matheus, mas a Eloísa entrou com um prato de comida nas mãos. Virei o rosto e ela sentou do meu lado, me olhando com um remédio na mão.

Eloísa: Dadinho me mandou comprar.— Falou baixo, era uma pílula da mesma que eu tomei com o Matheus.— Não acho que seja preciso, mas se quiser.

Mari: Eu sei que ele é burro, mas você também não precisa ser. Conheço o Matheus tem menos de um mês.— Falei olhando pra porta.

Eloísa: E por que você tá com tanta dor na barriga? Achei que você não tivesse comendo porque tá enjoada.

Mari: Não quero nada que venha de você, nada quem venha daqui. Eu prefiro morrer de fome.— Falei com raiva.

Eloísa me olhou apreensiva, como se me pedisse desculpa e estivesse triste com isso. Fala sério, ela tava triste por eu estar aqui? Caramba, totalmente provável.

Eloísa colocou a comida do meu lado e perguntou se eu iria querer, apenas virei o rosto e ela se levantou saindo. Senti meu rosto queimar novamente e me entreguei a dor, pois nada tava me fazendo suportar isso.

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