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Marília.

Eu tinha terminado de passar uma vassoura no quarto e fui jogar a poeira no lixo da cozinha quando a porta abriu, olhei de longe achando que era o Matheus mas pra minha pior surpresa, era o perseguidor.

Vermelhinho: Meu amor.— Falou abrindo um sorriso quando me viu.

Marília: Tá ficando maluco? — Falei encarando ele.— Sai daqui, cara. Matheus não tá em casa.

Vermelhinho: Não princesa, bagulho sério.— Levantou as mãos em rendição.— Nosso amor eu deixo pra depois.

Marília: Que amor? — Ele coçou a cabeça.— Cara, tô falando sério. Sai daqui!

Vermelhinho: Papo reto mermo, relaxa. Eu sou vagabundo bom, pique de filme... Tenho uma proposta pra tu, namoral mermo. Seguinte pô, tu lembra da Danda, filha da Soraia? Da festa que a gente se apaixonou?

Marília: Que você me perseguiu enquanto eu deixei claro que não queria nada? — Falei entredentes.

Vermelhinho: Não queria... Agora quer? — Nem respondi ele, apontei pra porta e ele negou.— Papo reto, preciso que tu cuide da minha filha por uma semana! Vou te pagar, pode dizer o quanto tu quer.

Marília: Não confio em você.— Coloquei as mãos na cintura e olhei o Deco entrando em casa, ofegante.— Tava correndo uma maratona?

Deco: Confia nele não pô.— Bateu na cabeça do Vermelhinho.

Vermelhinho: Tem maior galera querendo separar a gente, mas ignora pô.— Deu um tapa na barriga do Matheus.— Tô mandando papo reto, sem maldade. Tô sem tempo pra cuidar da garota essa semana, te pago quanto tu quiser.

Marília: Até 500 por dia? — Ele abriu maior olhão.

Vermelhinho: Te dou 3.000 no último dia.— Colocou as mãos na cintura.

Marília: 3.500 ué.— Deco entrou na minha frente, negando.

Deco: Tu tá na minha responsabilidade, tu não precisa de dinheiro! Vermelhinho arruma outra pessoa pra cuidar dessa parada.— Falou sério.— Vai, mete o pé.

Vermelhinho encarou ele com maior cara feia e me encarou, fiquei calada e esperei ele sair. Cocei a cabeça e encostei na parede, vendo o Deco fechar a porta.

Marília: Você não manda em mim, o que foi isso cara? — Apontei pra porta.

Deco: Não quero tu nesse bagulho, simples.— Passou por mim indo pegar água.

Marília: Essa é a problemática, você não entendeu? — Falei um pouco alto.— Você não tem que querer, são minhas decisões.

Deco: Não vai e pronto, caralho cara. Relaxa, tô te dando maior assistência.

Neguei com a cabeça e fui até o quarto, peguei qualquer coisa pra colocar no pé e sai de casa. Eu nem tinha me interessado muito, nem confiava muito no Vermelhinho, mas o fato dele achar que poderia me controlar assim me irritou o suficiente pra eu apenas querer fazer isso.

E iria ser um dinheiro por algo que eu fiz, eu precisava um pouco disso.

Quando estava saindo, vi algumas pessoas na rua e vi o Vermelhinho parado na esquina, em cima da moto e conversando com outro moleque que tava parado na moto do lado dele. Nem precisei chamar porque ele virou pra trás junto com o menino que olhou pra mim, fui andando até ele e parei do lado.

Marília: Eu quero, 4.000 uma semana e a gente tá fechado.— Cruzei os braços e ele me olhou indignado.

Vermelhinho: Tá achando que eu sou rico? Tô roubando teu pai não cara.— Negou.

Marília: Eu sou de total confiança, a Danda se deu bem comigo e eu ainda vou ter que te aturar. Não acha que eu tô pedindo pouco?

Vermelhinho: Não, que isso! Te dou 4.000 sem reclamar mermo.— Fez legal e eu concordei.— Só tem outra parada... Tu vai ter que ficar com ela la em casa.

Marília: Não, não confio em você.— O menino que tava do lado conversando com ele antes soltou uma risada e ligou a moto, indo em direção a casa do Deco.

Vermelhinho: Irmão, qualé?! Primeiro bagulho, Ana não vai querer na casa dela e pelo que eu sei, tu tá morando dentro do quarto do Deco. Segundo, na minha casa tem quarto pra filho meu, e outro bagulho, eu tô parando em casa no máximo quatro horas no dia, e isso é quando o dia tá amanhecendo! Relaxa pô, pau nem tá subindo de tanto cansaço.

Marília: Se você encostar em mim, eu te mato.— Falei entredentes, uma boa oportunidade pra sair de perto do Matheus também...— Quando?

Vermelhinho: Amanhã ela chega, te pego na hora.— Piscou.

Fiz cara feia e ele saiu com a moto, Matheus tava olhando a gente da porta da casa dele e eu sai andando até lá, passei por ele que nem olhou pra mim e eu fiz o mesmo.

Parecia que o Matheus queria brincar comigo, e isso ficou evidente hoje quando a gente transou, que pareceu que eu estava disponível pra ele na hora que ele quisesse. Então eu precisava ter postura, e saber com quem eu estava lidando.

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