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Marília.

Matheus tava pensativo fazia maior tempão, eu estava assistindo desenho na televisão da sala e ele tava do meu lado deitado, mas mexendo no celular. Dona Ana tinha chegado e tava no quarto dela, o morro tava em paz.

Meu celular começou a tocar e eu me estiquei pra pegar, ligação pelo instagram, da Bárbara. Eu fiquei meio em dúvida de atender, mas mesmo assim coloquei no ouvido...

Bárbara: Marília? — Levantei a sobrancelha ao escutar a voz dela.— Precisamos conversar, você pode vir até em casa?

Tirei o celular do ouvido e simplesmente desliguei. Bárbara não era sozinha, ela tinha uma rede de apoio, os pais dela eram vivos, ela tinha irmãs, não era obrigação minha fazer nada por ela, principalmente pra alguém que nunca fez nada por mim, e na oportunidade que teve, me fez de inexistente.

Deco: Qual foi? — Me olhou.

Marília: A mulher do Márcio.

Deco: É pra matar também? — Soltei uma risadinha, repreendendo ele em seguida.

Marília: Ela tá grávida e só pediu pra eu ir até o apartamento conversar, mas não acho que seja problema meu.— Ele balançou a cabeça.

Pelas minhas contas ela tava no máximo com cinco meses de gravidez, quando ela contou a novidade dava com dois meses, já se passaram três, faltava muito pro bebê nascer. Mas de qualquer forma eu não tinha interesse em conhecer a criança, sei que ele não tem nada a ver com isso, mas todos meus vínculos com essa família estão cortados. E também, não faria falta alguma se ele nunca me conhecesse.

Voltei a assistir até a dona Ana aparecer, ela falou com a gente e foi pra cozinha. Eu não havia colocado mais pressão nenhuma no Matheus sobre sair daqui, tava deixando ele viver no tempo dele, mas não via a hora de começar algo mais particular meu, ou nosso.

Ana: Achei que vocês iam pro baile hoje, em todo lugar desse morro é o assunto comentado.— Falou se sentando na mesa, enquanto comia.

Marília: Que baile? — Puxei o cabelo do Matheus.

Deco: Baile do sábio filha, poze e uns djs aí.— Abri minha boca fingindo que esse era eu estilo e que achei muito legal, fazendo ele soltar uma risada.

Marília: Você vai? — Falei, porque ele me parecia super interessado quando falou.

Deco: Não, outro dia eu colo por lá.— Negou, saindo do meu colo e se sentando no sofá.

Ana: Mas você não fica cantando música desses caras igual maluco o dia todo? — Falou rindo.

Deco: É cara, mas hoje eu to cansadão. Vocês são chatinhas pra caralho ein filho.— Falou em tom de brincadeira, mas a Ana jogou a sandália nele.— Vou tomar um banho maneiro ali.

Balancei a cabeça deitando no sofá e escutei a voz da Ana, assim que a porta do quarto fechou.

Ana: É por tua causa.— Olhei pra trás e ela voltou a comer.

Fiquei calada e ignorei o comentário, as vezes, muitas raras vezes ela ainda implicava um pouco, mas era algo que dava pra passar. Só sai da sala quando desenho terminou, fui me arrastando pro quarto e o Matheus tava em ligação, deitado na cama.

Vermelhinho: Vou tirar foto com o cara e te mandar todo dia, só pra tu lembrar.— Soltei uma risada, pegando a toalha.

Deco: Capaz dele te ver e mandar cancelar o baile por causa do susto pô, se liga.— Falou me olhando.

Vermelhinho: Vai mermo, vou virar produtor.— Falou animado.— Vou meter o pé pra buscar a Soraia, garota não para de perturbar.

Marília: Voltaram? — Perguntei alto.

Vermelhinho: Jamais cometeria esse tipo de suicido.— Gargalhei, vendo ele desligar, apoiei as mãos no peito do Matheus e dei um beijo nele.

Marília: Por que você não vai? — Ele negou.

Deco: Ué cara, tô sem vontade mermo. Qual foi? — Sentei na ponta da cama.

Marília: Sério mesmo? Se você quiser ir, eu vou me arrumar.— Ele deu um sorriso, mas ficou calado.

Fiquei esperando ele falar algo, se iria, senão, se tinha motivo, o que tava rolando...

Deco: Todo baile que eu vou acontece desgraça pô, melhor evitar.— Soltei uma risada.

Marília: Os meninos que andam armados com você não são atoa, né cara. Fora que esse vai ser diferente, vai ser tranquilo.— Pisquei pra ele.

Deco: E tu gosta desse bagulho desde quando pra tá querendo ir?

Marília: Não gosto, mas não sou louca o suficiente pra deixar você ir sozinho. Acha que eu não vejo quantas meninas ficam te olhando até quando você passa comigo? Imagina sem mim.— Falei indignada, e Matheus soltou uma risada muito gostosa, como se fosse a melhor coisa do mundo de se escutar.

Deco: Han, agora é ciúmes? — Falou rindo e batendo no meu braço.— Não tá se garantindo, Marília?

Marília: No dia em que eu tiver ciúmes de você, cê pode me internar que eu tô totalmente maluca.— Falei vendo ele rir.— Me deixa, você é muito bobo.

Deco: Esse é o maior problema de ser lindo, papo reto. Muitas ficam com ciúmes.— Comecei a bater nele enquanto ele dava risada e eu não me segurava também.

Depois de quase meia hora que partimos da briga pro beijo, eu me arrastei pra tomar banho. Coloquei um vestido pretinho que era colado no meu corpo e um tênis preto com detalhes brancos, fiquei encarando ele enquanto decidia se ia me maquiar ou não, mas ele tava analisando meu corpo.

No final desisti da maquiagem e meu cabelo já tava arrumado, só passei eu hidratante que foi o suficiente pra ele me agarrar e dificilmente me soltar. Mas depois de toda enrolação a gente saiu pro bendito baile, com ele todo animadinho e eu praticamente só sendo arrastada.

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