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Deco.

Não gostava da ideia de ter o Gl aqui dentro como se tudo fosse normal, odiava mermo pra ser sincero! Odiava porque a dona Ana ia criar esperança dele voltar a visitar ela, dele querer fazer parte da família dela.

E ele era só mais um filho da puta ingrato, otario o suficiente pra tá pouco se fudendo pra ela.

Tentei ignorar assim que entrei no quarto e fui tomar um banho, minha mão doía pra caralho e minha cabeça também. Quando sai do banheiro encostei na porta e vi que ele ainda tava ali, no mermo momento ia abrir a porta e mandar ele meter o pé de qualquer maneira, mas escutei minha mãe falando.

Ana: Eu não conheço mais você, meu filho. O Matheus tenta fazer de tudo pra me distrair disso, mas é como se eu tivesse perdido dois filhos.— Joguei a cabeça pra trás negando.

Gl: Não quero que tu pense assim pô, só prefiro ficar de longe na minha.— A voz dele tava calma, diferente de todas as vezes que a gente se trombava.

Ana: Por que você briga tanto com o Matheus? Gabriel, você mudou muito!

Gl: Matheus ainda é novin pô, ele acaba tendo o coração bom demais pra essa vida. Já vi muita gente querendo passar perna nele, quando eu bato de frente com ele, quero que ele cresça pô. Quero que ele aprenda mermo, minha implicância com ele não é atoa! Minha maneira de proteção é essa.

Ana: Matheus não precisa disso, ele não precisa passar por essas coisas pra crescer. Deixa ele ter o coração bom dele, deixa ele aprender da maneira dele como ele quer lidar com a vida! Ele não precisa ser igual ao pai, eu quero meu filho assim, do jeitinho que ele é. Matheus já passou por muita coisa, ele poderia ter virado a pior pessoa do mundo! Mas ele não quis, então para com isso.

Gl: Ele não quis por tua causa, sempre foi assim! E é o bagulho que eu mais dou valor nele. Não importa sobre o que seja, tu sempre vai estar a frente na vida dele.— Ele soltou uma risada fraca.— Mas não vou de parar de perturbar ele.

Ana: Vou colocar vocês dois em uma camisa de força, juntos.— A voz dela era pura de choro.

Eles ficaram calados por um tempo, passei a mão na cabeça e abri a porta do meu quarto porque tava com uma fome de caralho também, eles tavam abraçados no sofá e eu fui direto pra cozinha.

Peguei um pão e fiquei sentado sozinho na mesa comendo, troquei uma ideia com os moleques e eles falaram que polícia ainda tava lá em baixo, esperando por qualquer vacilo.

Ana: Vou descer pra comprar algumas coisas, o Gabriel vai jantar aqui.— Falou aparecendo na cozinha.— Você arruma roupa pra ele tomar banho.

Deco: Gl não quer ficar, e tu não vai sair porque polícia tá aí.— Falei de boca cheia.

Gl: Quero ficar sim pô, nem falei nada.— Gritou debochando da sala e eu encarei ela.

Dona Ana tava com um sorriso lindo, fazia tempo que eu não via ela tão relaxa assim. Joguei a cabeça de lado e ela cruzou os braços.

Deco: Faz algum bagulho com o que tem, não quero tu saindo aí e batendo com polícia.— Tomei o meu refrigerante.

Ana: Empresta uma roupa pra ele tomar banho.— Falou quando eu sai da cozinha.

Gl tava jogado no sofá achando que tava em casa, fechei a cara pra ele e entrei no meu quarto, peguei os bagulhos e joguei bem na cara dele, ele tirou a roupa de cima do rosto e olhando e eu apontei com a cabeça pra ele.

Gl: Tu só tá com essa marra porque eu mal to conseguindo andar, né filho da puta? — Encarei ele serinho.

Deco: Já te amassei mais de uma vez e tu tá ligado, ganho de tu nos olhos fechados.— Estirei dedo pra ele.

Ele negou com a cabeça e eu ajudei ele a levantar contragosto, não tava suave com ele, queria que ele falasse os mesmo bagulhos que falou pra minha mãe na minha cara, porque a parada era sobre mim! Mas deixei meu ódio por dois segundos.

Minha mãe era minha prioridade, se ela tava feliz assim, eu ia sustentar isso até não rolar mais.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora