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Deco.

Abri a porta e fui direto pro quarto, mas quando cheguei lá a Ana tava varrendo o quarto, ela me encarou e eu olhei as coisas da Marília separadas na cama, mas ela tinha deixado assim na última vez que veio aqui.

Deco: E aí, filha.— Beijei a cabeça dela, abrindo meu guarda roupa.

Ana: Vai almoçar em casa hoje? — Sorriu pra mim.

Deco: Marília tá fazendo o almoço.— Falei tirando as roupas e colocando em cima da cama, ela parou de varrer me olhou.

Ana: Não acredito que você vai me deixar aqui por conta daquela menina. Olha bem todo caôs que aconteceu depois que ela chegou, seu pai, você quase morre por causa do pai dela... Pensa bem, Matheus...

Deco: Tô pensando, dona Ana! Para de tentar achar culpado pelos bagulhos. Meu pai morreu porque tinha essa briga com o delegado antes da Marília aparecer, o caôs só veio junto das merdas que ele fez, e sobrou pra quem tava perto.

Ana: Você praticamente largou sua vida pra ir atrás dela quando ela tava no hospital, você acha que ela faria o mermo? — Encarei ela.

Eu odiava brigar com a dona Ana, odiava mermo. Evitava sempre as paradas, não achava maneiro, mas puta que pariu irmão! Tem hora que parece que tudo que ela quer é arrumar briga.

Deco: Papo reto? Tu não vivia me pedindo pra larga corre, pra sossegar dessa porra? Se eu tô afastado dos bagulhos pesados, é por causa da Marília! Já era cara, para com essa porra de implicância. Tu fica nessa parada, isso só vai me distanciar de tu, porque eu não vou vir aqui pra te escutar falando da minha mulher assim não, mãe.— Falei bolado.— Não é a porra de uma disputa de nenhum dos lados, são duas pessoas que eu quero na minha vida cara, dá um tempo!

Ela confirmou com a cabeça e saiu do quarto. Ignorei o drama dela e dobrei minhas roupas, joguei tudo na mochila e organizei os outros bagulhos. Peguei as paradas da Marília junto com as minhas e sai de casa sem falar com ela, quando cheguei, Marília tava lendo o papel embalagem da lasanha, enquanto o cheiro tava bom, pelo menos.

Marília: Você acha que a gente sobrevive de lasanha todo dia? Acho que é a única coisa que eu sei fazer.— Falou me olhando.

Deco: Esse cheiro horrível é o almoço? — Gastei ela que pegou a primeira coisa que tava na frente, um pacote de lasanha fechado e jogou na minha direção rindo.

Marília: O cheiro tá ruim? Serio mesmo? — Colocou as mãos na cintura.— Eu tô sentindo cheiro de carne e queijo.

Deco: Tá não cara, tô te gastando.— Beijei a bochecha dela.— Tá maneirinho, deve tá sinistro.

Ela sorriu me beijando e sentou na bancada balançando as pernas, coloquei as mochilas na mala e tirei as minhas coisas pra arrumar. Era bagulho dahora, mas era estranho tá morando com uma mulher, a minha mulher. Nunca me vi fazendo essas paradas, sempre pensei que quando eu saísse da casa da Ana, ia ser pra morar sozinho.

Mas o bagulho é que é suave pra mim, que eu não me sinto sufocado com nada, essa é a parte maneira do bagulho. E eu nem falo só de tá morando com ela aqui, falo de todo o relacionamento.

Das vezes que eu me relacionei foi bagulho sufocante, era briga todo dia, confusão, era mais ódio do que paz. E essas vezes, nem namorada chegou a ser, era tudo ficante de semanas, mas nunca era bagulhos trazer paz.

Era maneiro porque a gente não brigava, querendo ou não, eu e a Marília temos o pensamento da merma forma. Ela é teimosa pra caralho, mas na hora que vê que tem que ceder algum bagulho pra mim, ela marola, mas abre mão, e eu faço do mermo jeito. Acho que pra ela é muito mais complicado do que pra mim, a garota só viveu o ódio e agora é diferente, por isso nem cobro nada, e mermo assim nem preciso.

Ontem mermo, quando vi os moleques chamando as meninas queria sair dali, por respeito a ela, mas queria saber qual seria a reação dela. Na maioria das vezes que eu tô na rua, as garotas vem pra cima de graça mermo, sei minha postura e não rendo pra ninguém.

E eu não sabia o que ela ia fazer quando visse, mas eu sabia desde o primeiro dia que ela tinha uma postura ali, desde o dia da balada ficou na cara.

E ela agiu da forma mais marolenta possível, não falou nada mas pela cara dela dava pra saber que ela não tinha curtido me ver ali. Mas ela me deu a maior liberdade, me deixou tranquilo pra escolher se eu queria ficar ali, ou ir pra perto dela. E pra mim isso não era nem uma questão, porque eu quis sair dali no primeiro momento, mas provocar ela era o melhor bagulho do mundo.

Sabia que ela nunca ia admitir ciúmes, o que era uma parada engraçado pra ela, já que ela não disfarça porra nenhuma.

Marília: Vem comer.— Falou entrando no quarto.

Deco: Jae, filha. Teus bagulhos tão ai.— Apontei pra bolsa.

Ela abriu olhando as coisas dela e virou o pote de creme pra mim, olhei o bagulho que já tava acabando e dei uma risada.

Marília: Isso é um aviso.— Falou isso, colocando em cima da cama.

Deco: Tu nem precisa pedir cara, por esse teu cheiro eu compro mermo uma loja só pra isso.— Ela deu os ombros.

Marília: Eu vou descer lá pra escola.— Terminei de arrumar os bagulhos, virando pra ela que tava sentada.

Deco: Amanhã é dia de entregar cesta básica pros moradores, Carol organiza essa parada toda.— Ela me deu um selinho.— Tu vai terminar maluca igual ela.

Marília: Só sendo doida pra te aturar mermo.—  Falou levantando.

Ela me puxou pra comer e a gente comeu tranquilinho, esperei ela de arrumar pra descer e deixei ela, depois fiquei encostado por maior tempo perto da escola olhando a movimentação e tava bagulho calmo, até o Gl me mandar subir pra fazer os corre, e eu já cheguei xingando o cara quando ele me mandou descer pra pista.

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