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Marília.

Soltei uma risada ao entrar no elevador e neguei com a cabeça me olhando naquele espelho. Eu encostei no canto vendo outros moradores entrando e respondi educadamente o boa noite deles. Depois de ir no salão, fui no shopping comprar besteira e andar um pouco, estava me sentindo até mais leve.

Na real que o dia de hoje havia sido um escape, não tive se quer um segundo ruim, tudo me ajudou a ficar tranquila.

Andei pelo corredor e respirei fundo abrindo a porta, coloquei a cabeça pra dentro e a sala estava vazia pelo menos. Fechei a porta e fui andando até passar pela cozinha, mas era só a Suzana que estava ali.

Mari: Oi.— Sorri pra ela.

Suzana: Você tá tão linda! — Sorriu ao me olhar.— Aonde você esteve? Seu pai perguntou por você.

Mari: E cadê ele? — Ela me olhou apreensiva.

Suzana: A Bárbara quis adiantar a viagem pra antes da barriga crescer, eles foram pra alguma praia...— Eu abri um sorriso de orelha a orelha.— Ele pediu pra eu ficar aqui de olho em você, e falou que em um mês volta.

Mari: Simplesmente o melhor mês da minha vida! — Apontei pra ela.

Suzana: Achei que você iria ficar chateada por não ter ido com eles, ou porque ele não se despediu...— Olhei pra ela, sabendo que ela estava se referindo a última vez que isso aconteceu.

Minha mãe morreu assim que eu fiz 16 anos, uma semana depois, melhor dizendo. E com isso eu vim morar aqui, quase dois meses eu ainda estava tentando me adaptar, meu pai já havia colocado mil obrigações em minhas costas e estava tudo fora do lugar.

E foi aí que o aniversário da Bárbara chegou, nessa época eles estavam se conhecendo ainda. Ele foi embora com ela viajar e me deixou aqui sozinha, sem avisos prévios, sem um tchau ou qualquer coisa que eu precisava dele naquele momento.

Passei quase dois meses, que foi o tempo que ele ficou fora, sem comer direito, doente, me sentindo abandonada. E ele nem se quer atendeu minhas ligações, quando voltou riu de mim achando graça e falou que eu era muito dramática.

Eu sei que ele não é bom pai.

Mas eu tento, porque acho que quando eu conseguir passar nesse concurso, quando eu conseguir o cargo na polícia federal, ele vai me amar. Ele vai ter orgulho de mim e no fundo tudo que eu queria é que ele se orgulhasse de mim, igual minha mãe se orgulhava.

Não importava se a nota era cinco ou dez, se eu apenas mostrasse pra ela que tinha tentado, ela iria ficar feliz por mim. Iria me abraçar, iria dizer que estava tudo bem não conseguir dar o meu melhor sempre.

Iria dizer que me ama.

E eu nunca ouvi isso dele e eu não sabia se ao certo, um dia iria ouvir...

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