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Marília.

Me levantei da cama e acendi a luz, respirei fundo saindo do quarto e sai até a área externa, procurei por ele porque tinha esperança dele tá fumando, eu nunca torci tanto pra ele tá fumando aqui, e eu odiava o cheiro daquela droga.

Marília: Matheus? — Falei alto.— Se você tiver se escondendo, eu vou te bater até você desmaiar e arrastar seu corpo pra esconder de verdade.

Falei alto pra escutar em qualquer cômodo da casa, mas não tive nenhuma resposta. Sentei no sofá da sala baixando a cabeça e neguei, senti uma vontade imensa de chorar e respirei fundo, minha cabeça não saia da cena do pesadelo.

Mas queria saber do Matheus também, a gente tinha conversado, pra mim a gente havia resolvido. Se ele iria de qualquer jeito, por que não foi quando eu ainda tava acordada? Por que simplesmente não me avisou?

Me arrastei até o quarto pegando meu celular e torcendo pra ter uma mensagem, mas não tinha nada. Respirei fundo quando liguei pra ele, a cada toque parecia que eu iria explodir, estava prestes a jogar o celular na parede quando ele não me atendeu.

Procurei o número do Falcão e liguei sem pensar duas vezes, confiava mais nele do que no Vermelhinho...

Falcão: Me diz que alguém tá morrendo pra tu tá me ligando essa hora.— Falou com a voz arrastada, pura de sono.

Marília: Você não tá no baile? Festa do seu amigo? — Falei rápido.

Falcão: Tu tá me gastando? — Falou indignado.— Vou te ignorar mermo, serinho! Tô dormindo.

Ele desligou na minha cara e eu deitei na cama novamente, agarrando o travesseiro. Senti o cheiro dele e olhei a hora, quatro horas da manhã e eu soltei o ar e fiquei deitada olhando o tempo passar, tentei dormir de novo mas não consegui e amanheci ali, assim que sol nasceu eu fui pro meu jardim e fiquei ajeitando as flores enquanto tomava um sol.

Escutei a moto e continuei quietinha, escutei ele andando dentro de casa e depois me chamou, olhei pra ele que tava abrindo a porta e eu encarei ele.

Deco: Que cara de bolada é essa? — Sentou do meu lado tirando a camisa.

Marília: Você foi pro baile, Matheus? — Semicerrei os olhos e ele deu um risada.

Deco: Eu? Tô maluco desde quando minha gata? — Beijou meu ombro.— Ana me ligou, tava passando mal, eu fui lá até ela ficar tranquila.

Marília: Passando mal tipo como? — Ele colocou a camisa na cabeça.

Deco: A pressão dela subiu, tava cheia de dor.

Marília: Ela deveria ir em um médico.— Falei bocejando.

Deco: Tu não dormiu porque achou que eu desci pro baile? — Me encarou desconfiado.

Marília: Tive um pesadelo com o Márcio, ele me matava várias vezes. Toda vez que minha mente fica quieta, eu penso nisso.

Deco: Aí qual foi, bora deitar, tô cansadao também.— Falou levantando e me puxou.— Se eu tivesse ido mermo pro baile, tu ia fazer o que?

Marília: Te deixar aqui sozinho. A gente conversou, se você tivesse ido sem me avisar não faria sentindo algum.— A gente entrou no quarto e eu deitei.

Deco: Se eu fosse mermo tinha ido contigo me olhando, pensando que eu tava indo todo gostoso sem tu.— Me abraçou.

Marília: Ia e não entrava aqui mais.— Ele beijou meu rosto.

Fechei os olhos porque eu só queria dormir um pouco, minha cabeça já tava explodindo de dor e eu achei que agora iria ter paz. Mas não passou cinco minutos pra minha mente relaxar, e quando isso aconteceu, a mesma cena se repetiu.

Me assustei novamente, me encolhi só que dessa vez o corpo do Matheus me abraçou, o que foi suficiente pra me fazer chorar igual uma criança, porque eu sentia a dor daquela cena.

Deco: Quer ir da uma volta? — Falou com a voz abafada, abriu os olhos e me encarou com a maior cara de sono.

Neguei pra ele e tentei controlar o choro, deixei ele tentar dormir porque eu não conseguia. Quando vi que ele tava dormindo mesmo, me levantei e tomei um banho, meti um remédio de dor de cabeça pra dentro e coloquei uma roupa, peguei uma água e sai de casa pra dar uma volta pelo morro, tentando ficar mais tranquila.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora