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Marília.

Ao mesmo tempo que eu queria pedir desculpas pela forma que eu falei com a mãe dele, queria xingar ele e sair de perto por te deixado ela falar assim comigo.

Eu não entendia muito bem, me relacionar era novo pra mim, não sabia se eu tava agindo certo. Mas eu acho que sou uma boa namorada, ele sempre faz questão de deixar isso claro, de como é feliz comigo, de como me ama, então acha que nessa parte eu não tô errando.

Deco: Gatinha...— Falou me encarando comer hambúrguer, que eu falei que nem queria.— Não quero ficar na intriga pô, nem com você, nem com ela. Não vou escolher um lado pra defender.

Eu deveria dizer que tá tudo bem ou continuar com raiva? Simplesmente era confuso. Esse lance de ser namorada é meio louco, porque as vezes quero seguir o que eu acho, mas nem tudo que eu acho é o certo. Por isso ele fala que eu sou tão teimosa.

Marília: Mas eu nunca te pedi pra escolher entre mim e sua mãe, ela que deixou bem claro que se incomoda comigo. Não é de hoje sabe, não te conto porque admiro a sua relação de filho com ela, seu cuidado e tudo, acho lindo da sua parte... Mas ela vive implicando comigo, só diminuiu um pouco quando eu fui pro hospital.

Deco: Pô, eu deveria ter prestado mais atenção nesse bagulho, vacilei.— Encarei ele.

Marília: Porque na sua frente ela é um anjo comigo.— Debochei e ele me encarou firme.— Ela nem precisa falar comigo, tá?! Você pode resolver com ela como quiser. Mas se houver próxima vez, ela vai escutar pior do que me falar.

Deco: Por isso geral fala que baile é melhor que namoro.— Coçou a nuca e eu semicerrei os olhos.— A gente vai dormir na casa do Vermelhinho hoje, ele tá na Soraia. A tua casa tem que limpar ainda, a mulher só vai amanhã, não previ esses bagulhos pra hoje.

Marília: Não é mais nossa? — Tomei um pouco do meu suco.

Deco: É mermo, mas é tua porque tá no teu nome. Qualquer bagulho acontecer tu vende e tira uma grana de lá.— Falou fazendo legal pra mim.

Marília: Eu queria uma coisa...— Falei lembrando e me ajeitei na cadeira.— Prometi pra minha mãe que quando eu saísse da casa do meu pai, ela estaria comigo. Tenho uma caixa com lembranças dela, sinto falta de ver o rosto dela... 

Deco: Os moleques podem fazer um retrato falado dela.— Eu encarei bem o que ele falou e fiquei apenas calada, vendo ele soltar uma risada, me olhando com cara de indignado.— Tu é muito otaria mermo, quando eu falo uma coisa que eu não curte muito, tu fica calada me olhando com essa cara feia.

Eu não aguentei e soltei uma risada, era exatamente isso que eu fazia. Quando ele falava qualquer coisa que eu achava besteira, eu parava de fazer qualquer coisa e ignorava a fala, só ficava olhando pra ele com a cara de alguém que acabou de escutar a coisa mais absurda possível.

Deco: Tu sabe que eu não te nego nada mermo, mas não confio nessa ideia de tu lá de novo.— Eu terminei de comer tudo e olhei pra ele.

Marília: Sinceramente? Vai ter que confiar em mim. Porque você querendo ou não, uma hora ou outra eu vou lá buscar isso. É tudo que eu tenho da minha mãe.— Falei certa disso, e ele nem ia conseguir tirar isso de mim.

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