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Deco.

Acordei sentindo cabelo no meu rosto todo, balancei a cabeça tirando o bagulho da minha cara e me soltando da garota loira, me sentando na cama. Passei a mão no rosto sentindo minha cabeça doer e virei pra garota, arrastando ela que acordou assustada.

Deco: Levanta aí pra meter o pé, passou da hora.— Ela me encarou sem entender nada.

Passou quase um minuto olhando em volta até se sentar, vesti minhas roupas, ela vestiu as delas e eu saí na frente. Passei pelo quarto do Vermelhinho e não tinha mais ninguém por ali, em canto nenhum.

— a Duda tá por aqui? — A loira falou ajeitando a alça do vestido aparecendo na sala.

Deco: Acho que já meteu o pé.— Ela me encarou com maior olhão.— Tá consciente pô?

— Acho que sim.— Falou amarrando o cabelo.

Deco: Chamo um uber pra tu lá embaixo, jae? — Ela confirmou.

Esperei ela pegar o resto das coisas dela e sai de moto, chamei um carro pra ela na barreira, afastei o falcão por ali e encostei lá.

Deco: Qual a de menos? — Falei olhando ele, que tava com cara de bolado.

Falcão: Te falar filho, avistei uma mina no dia que teve o assalto, ela ficou com maior olhão pro carro, parecia que já sabia o que tava rolando. Depois avistei a garota na balada, agora vejo a garota saindo do salão ali como quem não quer nada... Tô ficando maluco? Não tô cara.— Apontou pra Rosa.— Agora ela tá bolada comigo dizendo que eu surtei com a garota atoa, não foi pô.

Deco: Fica na atividade então pô, se ver a garota de novo bota pra salinha.— Falei olhando em volta.— Essas paradas assim nunca é por acaso.

Falcão: Exatamente filho, acreditar que é atoa é bagulho de besta.— Falou desconfiado.

Fiquei trocando uma ideia com ele sobre uns bagulhos do morro e depois disso subi pra minha casa, sendo recebido na maior gritaria, coisa de maluco, mas eu me amarrava e já era acostumado.

Ana: Ô seu filho da puta, tá ficando maluco? Tá sem casa agora pra tá dormindo na rua? Isso são horas, Matheus? — Gritou assim que me viu.

Deco: Tem café? — Ignorei ela coçando a cabeça e ela veio querendo me dá um tapa, olhei de lado pra ela e meti o pé pro meu quarto.— Tava sem bateria.

Ana: Mentiroso.— Fechei a porta do quarto e me joguei na cama, coçando a cabeça.

Eu morava com a dona Ana porque não queria deixar ela sozinha, ela e meu pai eram meio brigados, deve ser porque ele comeu metade do morro. Mas eu não ia deixar ela sozinha, de qualquer maneira eu me amarrava em ter alguma maluca pra cuidar de mim igual ela, dou minha vida por ela, minha única mulher.

Me levantei pra tomar banho depois de uma cota e me joguei na cama de novo, mas não deu dez minutos e ela entrou com comida pra mim. Reclamou, mas me esperou comer igual moleque novo, ficou me esperando terminar enquanto falava sobre as fofocas do morro.

Ana: Tão aí falando que Eloísa tá de rolo com o Gabriel...— Falou em um tom de voz triste.— Isso é uma falta de respeito, sabe? Desde que...— Engoliu no seco...— Hm... o Gabriel não veio me ver.

Deco: É como tu disse, cada um tem sua maneira de viver o luto.— Debochei, mas me arrependi ao ver a cara de triste dela...— Relaxa, Ana. O errado vai ser cobrado pela vida, é lei.

Ela ficou calada, porque eu sabia que não era isso que ela queria. Ela queria à família dela de volta e a gente nunca mais ia ter isso, então só terminei de comer, agradeci a ela e ela saiu do quarto me deixando sozinho. Eu me joguei na cama cobrindo meu rosto e soltei uma risada lembrando do que aconteceu mais cedo.

O perfume daquela maluca não saia da minha mente, os bagulhos aconteceram muito no aleatório. Mas se eu tivesse oportunidade tinha transado com ela ali mermo porque era ela uma gostosa do caralho, bagulho lindo de se ver, e dela eu só tava querendo arrancar isso.

Eu tirei um cochilo e acordei com moleque me chamando no rádio, pulei da cama e arrastei minhas paradas saindo de casa. Desci pra lojinha e Vermelhinho tava lá fumando um cigarro e conversando com o Dadinho.

Dadinho: Perdeu a hora? — Me olhou boladão.

Deco: Tava resolvendo uma parada lá em casa.— Vermelhinho riu.

Vermelhinho: Com essa cara de sono aí, no máximo tu tava resolvendo nos teus sonhos ein! — Cocei a cabeça.

Dadinho: Como tá tua coroa? — Olhei pra ele.

Deco: Vem com papo não comédia, deixa ela em paz.— Neguei.

Dadinho: Ela ainda volta pra mim, vai vendo.— Falou convencido e olhou pro Vermelhinho.— Pensa no bagulho aí, te dou até hoje de noite pra me dar uma resposta.

Vermelhinho balançou a cabeça soltando a fumaça do cigarro e se sentou, vi o Dadinho saindo e encarei ele.

Vermelhinho: Tá querendo que eu vá pra boca da zona sul.— Falou negando.— Binho foi preso, tão precisando de alguém pra assumir.

Deco: O risco lá é foda mano.— Ele confirmou.

Vermelhinho: Isso que é complicado pô, mas ele falou que aumenta o dinheiro aí.

Fiquei calado vendo ele bater cabeça sozinho e fui organizar as paradas aqui, tava viajando pra caralho, cheio de vontade de descer no apartamento da Eloísa só pra observar a vista que lá tem, que é coisa de outro mundo.

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