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Deco.

Gl: Quem vai pagar o aluguel, tu ou ela? — Falou jogando a chave em cima de mim.

Deco: Trabalho pra manter esse morro em pé e tu quer que eu gaste meu dinheiro numa casa pra mim? Se fuder ein.— Neguei com a cabeça.

Gl: Tu vai sair de casa? — Ele tava fazendo uma carreira de cocaína em cima da mesa e eu encarei o pózinho branco.

Gl só costumava cheirar perto do aniversário do Bryan, que era o dia que ele sempre sumia do mapa e só voltava dois dias depois no mínimo. Ele nunca foi viciado, parecia que era sempre a merma coisa, cheirar perto do dia, sumir e voltar como se não tivesse acontecido nada.

Deve ser porque eles cheiravam juntos, não era costume do Bryan também, mas era aqui, ali, as vezes... Nunca fez ele mudar com a gente, mas era um dos maiores defeitos dele. Quando ele cheirava, não chegava nem perto de casa, mas também não era todo dia, era sempre quando tinha problema demais pra segurar.

Eu nunca quis entrar nisso, por mim e pela minha mãe. Ela nunca soube que ele fazia isso, não sabe do Gl, e nunca vai escutar uma parada dessa sobre mim. Cheirei uma vez, vi a morte me puxando e foi um lembrete pra nunca mais fazer...

Deco: Tô pensando, o que tu acha? — Me sentei em cima da bancada.

Gl: Tá grandinho, pô. Tá na hora de assumir novas responsabilidades mermo, não dá pra viver pra sempre com a dona Ana.

Deco: Tô meio assim com a reação dela. Bagulho vai me deixar bolado porque sei que ela vai querer brigar por isso, ela já acostumou...

Gl: Sim pô, acostumou porque tu era o mais novo. Mas tu já tá homem filho, não tem outra! Tu vai querer começar uma vida com a outra lá debaixo do teto dela?

Deco: Qual foi, faz um tempo que eu penso em arrumar um lugar pra Marília mermo.— Falei o nome dela encarando ele serinho.— Mas antes não queria ir com ela mermo, hoje em dia eu tô afim.

Gl: Ana surta as vezes por bobeira, ja vi ela tratando mal a outra lá sem motivo. Ciúmes pra caralho, mas não tem outra, uma hora tu vai quer meter o pé.— Falou afastando as coisas da mesa.— Tá indo pra outra casa, não pra outro país.

Não respondi porque ele baixou a cabeça cheirando, dei as costas pra ele sem falar nada e sai da lojinha, Vermelhinho tava treinando uns moleques novinhos e eu me sentei com eles. Só fui pra casa depois do almoço, Marília tava no quarto como sempre e dona Ana na sala sozinha.

Falei com ela mas fui direto pra quarto, me deitando em cima da Marília que me empurrou no chão.

Marília: Aí que nojo.— Falou me olhando no chão e soltando uma risada.

Deco: Tá cometendo covardia cara, qual foi.— Falei puxando a perna dela pro chão e ela caiu sentada.

Marília: Aí minha bunda cara, você é muito insensível.— Gemeu de dor deitando no chão do meu lado.

Puxei ela pra perto de mim beijando ela e me afastei, beijando a bunda dela por cima do short, fazendo ela rir e me chutar.

Deco: Aí, filhona. Tu lembra que prometeu que ia me deixar te amarrar? — Ela semicerrou os olhos.— Quanto tava presa lá pô, na pousada com meu pai.

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