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Marília.

Não queria ser um peso pro Matheus, na realidade nunca quis me sentir um peso na vida de ninguém. Eu sei que eu estou aqui porque ele quis me ajudar, mas parece que ele já não acha mais uma boa ideia. Na real, desde que estávamos no hotel ele me trata mal de alguma forma, eu tento ignorar pois minha cabeça não estava focado nisso.

Mas agora tudo que eu quero é me afastar dele, e dar a paz que ele parece querer. O problema é que eu não tenho o que fazer da vida, eu estou simplesmente perdida.

Ele entrou no quarto soltando o ar e me olhou, eu tava quietinha olhando pro teto e desviei o olhar quando ele entrou, mas logo voltei a encarar o teto, culpando minha falta de sono.

Deco: Aí pô, foi mal! O cara que tu falou, que tá morto, era uma pessoa importante pra mim.— Falou deitando na cama, ele cheirava a fumaça.

Marília: Tá.— Murmurei.— Amanhã você pode falar com a Eloísa e me levar pra casa dela?

Deco: Não cara, qual foi! — Me olhou, estava escuro, mas eu ainda conseguia visualizar um pouco do seu rosto.— Fica aqui, só tava com a cabeça quente de uns bagulhos aí.

Marília: Tranquilo, mas prefiro ir pra lá.— Menti na cara dura, e implorei pra ele me prender aqui.

Ir pra Eloísa seria uma tortura, mas eu precisava pelo menos fingir que preferia lá do que aqui.

Senti a mão do Matheus na minha barriga e desviei o olhar pra encarar ele, ele se aproximou colocando uma perna em cima da minha e subiu a mão pro meu pescoço. Semicerrei os olhos e seu polegar alisou meu queixo, mas acabei virando todo meu corpo e dando as costas pra ele.

Fiquei quietinha apenas escutando o nada, quando eu percebi já tava dormindo igual uma pedra. Quando acordei, era bem cedo ainda, cinco horas da manhã, eu queria aproveitar pra ir correr, me exercitar um pouco porque sinto que precisava disso.

Mas fiquei com medo de sair assim e acontecer algo, então me levantei apenas e tomei um banho, lembrei que preciso comprar roupa urgentemente e me vesti com a uma blusa dele e minha calcinha ao averso. Me sentei no chão perto da janela aonde o sol batia, e fiquei tomando sol por tanto tempo que nem vi a hora passar.

Deco: Qual foi cara, isso é ritual pra que? — Falou me olhando.

Marília: Levarem sua alma.— Encarei ele que soltou uma risada.— Eu preciso de um celular, tem como?

Deco: Cadê o dinheiro pra comprar um? — Falou em tom de brincadeira e eu revirei os olhos.

Marília: Acho que ainda tenho acesso a minha conta, todo meu dinheiro tá lá.— Ele passou a mão no rosto.

Deco: Desenrolo mais tarde.— Se sentou na cama.

Confirmei com a cabeça e me levantei do chão ajeitando minha roupa, fui até a cama me deitando de novo e ele se levantou, foi até o banheiro e depois de um tempinho voltou, deitando de novo. 

Marília: Bandido não tem o que fazer não? — Olhei pra ele.

Deco: Tem pô, mas o que tem de melhor do que ficar contigo? — Debochou e eu fiz careta.

Marília: Não sei, mas sei que tem muitas coisas melhores pra fazer do que ficar aqui com você.— Balancei a cabeça e ele puxou meu cabelo.

Soltei uma risada batendo na mão dele e ele me puxou pra perto, Matheus enfiou o rosto no meu pescoço e eu tentei afastar ele, mas ele afastou por si só.

Deco: Troca de roupa pra gente comprar uns bagulhos, pô. Tipo um perfume.— Falou rolando na cama e eu encarei ele indignada.

Marília: Você tá querendo insinuar que eu estou fedendo? — Falei sem acreditar e ele me olhou.

Deco: Surreal pô, prefiro tu com aquele perfume horrível do que com esse aí.— Negou com a cabeça.

Marília: Mas eu tô usando suas coisas, seu perfume, até seu shampoo. Então o que você tá dizendo é que você cheira mal né?

Deco: Diferente pô, eu tô cheirosão, da melhor forma. Tu tá aí parecendo que saiu do lixo.— Abri a boca indignada e coloquei a mão no rosto e soltei um riso.

Escutei a risada dele e senti o peso do corpo dele por cima do meu, permaneci com a mão no rosto e senti a boca do Matheus perto do meu pescoço. Ele beijou o cantinho enquanto sua mão deslizou subindo minha blusa, tirei a mão do rosto e olhei pra ele que beijava meu pescoço.

Não sabia se deixava, se mandava ele parar, se ignorava tudo, não sabia. A única coisa que eu soube fazer foi deixar levar, ele desviou a boca do meu pescoço e subiu o rosto pra perto do meu, me encarou por dois segundos e me deu um selinho, e eu que não aguentei, precisei beijar ele porque ele era uma das melhores coisas da vida fazer isso.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora