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Deco.

Procurei sentir a Marília e quando percebi que ela não tava aqui eu abri os olhos, me sentei na cama e passei a mão no rosto, maior mania feia de sair sem avisar. Fui tomar um banho e fui pra comer qualquer parada, quando tava comendo a Marília chegou toda suada, encarei ela serinho e ela sorriu.

Marília: Precisava acalmar um pouco, você tava cansado.— Falou vindo na minha direção.

Deco: Tava mermo, acha que eu ia levantar pra ir andar contigo? Nem que me pagasse.— Falei de boca cheia e ela soltou uma risada.— Foi tranquilo?

Marília: Sim, encontrei o Falcão, ele me xingou.— Colocou as mãos na cintura.— Só porque eu liguei pra ele de madrugada!?

Deco: Tá parecendo maluca, surtada.— Ela me deu um beijo.— Vou descer na Ana, depois vou passar o resto do dia na lojinha, jae?

Marília: Tudo bem.— Ela foi andando pro quarto, mas o celular dela tocou, virei pra trás e ela parou antes de entrar no quarto.-- Quem é?

Não deu dois minutos pra ela girar e ficar de frente pra mim, terminei de comer e ela desligou a chamada, me olhando ainda.

Marília: A Bárbara praticamente forçou o nascimento da criança, o bebê já nasceu e ela quer se livrar tipo agora.—Falou indignada.

Deco: Papo reto cara? Como isso é possível? — Marília negou.— É uma criança, parada que ela gerou cara, impossível esse bagulho! Deve ter feito mal pra caralho ao bebê.

Marília: Se a gente olhar bem, existem mais casos assim do que a gente pensa. E as vezes nem é recém nascido pra ser rejeitado, eu tô de prova.—Brincou e deu um sorriso falso.— Vou tomar um banho, você pede pra alguém me levar lá?

Deco: Vou contigo.—Falei pegando o celular da bancada.

Marília: Melhor você ir cuidar da sua mãe, levar ela em um médico... Do jeito que ela é, capaz de jogar culpa do mal estar em cima de mim.—Falou entrando no quarto assim que terminou de falar.

Neguei com a cabeça e fui pedi o carro do vermelhinho, depois perguntei pro Gl se ele podia descer na Ana o tempo que eu ia ficar fora, ele falou que ia meter essa e eu tranquilizei. Esperei a minha mulher e o cara vir deixar o carro, depois das duas princesas se arrumarem, fui descendo pro hospital com ela.

Marilia: Você sabe que a gente tá indo buscar uma criança né? Tipo uma coisa que nem fala ainda, nem pode comer lasanha... Cara, criança não tem que tomar leite da mãe? — Falou rápido.— Acho que isso tá sendo uma péssima ideia, o que a gente faz?

Deco: Sustenta agora, filhona.—Gastei vendo ela me olhar com maior desespero.—Relaxa, cara. Tamo junto, tem a Soraia ai que sabe dos bagulhos, vermelhinho também tá ligado... A gente vai desenrolar esse bagulho junto, igual a parada de roubar um banco.

Marilia: Quando a gente conseguir ter o Bryan vamos ser uns pais maneiros pelo menos.— Na mesma hora ela me arrancou um sorriso.—Agora irei aprender ser uma irmã maneira...—Ela quase pulou do banco e eu estacionei.—Precisamos de um nome!

Deco: Matheusa.—Meti serinho.—Dá pra menina, menino, qualquer parada.—Marília desceu me encarando.

Marília: Jamais iria humilhar uma criança dessa forma. É uma menina, precisa da algo lindo.— Falou olhando pra entrada do hospital.— Que tal, Luara?

Deco: Feio. Prefiro Alana, Vermelhinho me disse que significa tipo uma conquista boa pra caralho, algo assim...— Ela sorriu na mesma hora.

Marília: Estou indo buscar a nossa conquista.— Falou saindo de perto do carro.

Dei uma volta pela pista que dava pra ver a entrada, não tinha policial ali e eu acho que era dia de sorte, ou porque era bagulho de bebê. Mas estacionei e desci do carro na merma hora, entrei atrás da Marília e ela tava numa sala, o cara me levou até lá e eu entrei.

— Isso é um caso muito sério de abandono, por mais que você seja irmã, não é assim que funciona... Pra adotar ela tem um processo, a gente pode prender essa mãe por abandono de incapaz.

Marília: Eu só quero levar minha irmã agora, o resto eu resolvo depois...

— Tenho certeza que sim! Mas pessoalmente eu quero acompanhar os primeiros dias de vida dela, o nascimento foi precoce. Quero ter certeza que ela está bem, então pelo menos por dois a três dias, ela vai ficar aqui em observação.

Deco: E tu pode prender a mulher que abandonou ela? — Marília me encarou.

— Podemos entrar com o pedido.— Confirmei.

Marília: Melhor deixar isso pra lá, a bebê fica comigo, não vai faltar amor.

Deco: Pô, linda. Não é questão disso, eu mermo garanto que a garota vai ter tudo. Mas é atoa deixar uma mulher que faz um bagulho desses solta por aí, a vida não é assim não cara! E se ela tivesse forçado o bagulho a ponto da criança morrer? Ela ia continuar intacta?

— O seu marido está certo.— A doutora falou e eu sorri de lado.—

Marília: Tudo bem, façam o possível pra ter justiça por algo. Agora, eu posso ver a Alana? — Choramingou.

A doutora abriu um sorriso calmo e nem pareceu a estressada minutos atrás, primeiro mostrou tamanho de altos bagulhos, anotou o nome e levou a gente pra ver a bebê, tinha vários aqui, eu pensei em pegar um pra levar e aí a Alana não ia ficar sozinha.

Mas a Marília saiu de perto quando eu falei pra ela em fazer isso, achei meio paia da parte dela!

A bebê era feinha, chega fiquei meio assim com ela, mas ela tava num bagulho separado das outras crianças, chega o peito apertou filho, como é possível alguém fazer um bagulho desse?!

Mas papo reto, por mais que ela fosse feinha, iria ser amada com maior certeza, porque eu mermo já tava ansioso pra pegar ela no braço, pra gastar com ela, pra saber como ela ia me chamar, já tava planejando altos bagulhos pra ela, a garota já tinha uma vida perfeita na minha mão, e eu tava feliz pra caralho so de pensar.

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