54

20.8K 2.1K 462
                                    

Marília.

O Gl tava me encarando na esquina e eu tava esperando as motos passarem no meio da rua para poder continuar andando, quando a rua ficou livre, atravessei e fui passar, tava andando tranquilamente por fora, e surtando por dentro.

Gl: Tu quer arrumar o que? — Falou alto, olhei pra ele e parei de andar.

Marília: A casa da Eloísa.— Dei os ombros.

Gl: Cadê o Deco? Ele te deu essa liberdade de tá andando sozinha por aí pô? — Falou em tom de deboche, virei o rosto e continuei a andar pela rua.— Para de meter o louco garota, a boca daí é bagulho pesado.

Marília: Então me ajuda a ir pra Eloísa, cara. Você é muito chato.— Bati no pé e ele jogou o resto do cigarro no chão, pisando em cima.

Gl: Tu já viu o campinho que tem? Desce lá pô, uma casa amarela, primeiro andar e tudo.— Encarei ele que negou.— Não, vai achando que eu sou besta igual ao Deco pra te te fazendo favor por aí.

Marília: Você é muito mal amado né? — Falei entredentes.— É carente né?

Gl: Fala mais que eu te jogo no chão e passo com a moto por cima.— Falou fechando o portão da casa.

Sorri pra ele que subiu na moto e resmungou que só ia me levar porque tinha que descer de qualquer jeito, debochei dele e ele me levou até a casa da Eloísa, bati na porta e ela demorou muito tempo pra abrir, quando ela abriu me encarou e colocou as mãos na cintura, fiquei calada olhando pra ela e ela me deu espaço pra passar.

Eloísa: O que aconteceu? — Falou em tom de riso.

Marília: Posso ficar aqui por uns dias? — Ela confirmou.— Obrigada.

Eloísa: O que aconteceu? — Repetiu a pergunta e eu revirei os olhos.

Marília: Deco ficou maluco.— Dei os ombros.— Endoidou.

Eloísa: Coisa assim a gente só vê uma vez perdida.— Falou rindo.— Pode colocar as coisas no segundo quarto, ao lado do banheiro ali.

Marília: Eu tô vendo várias vezes na vida então, cara doido.— Murmurei.

Eloísa: Com ou sem motivo? — Coloquei minha sacola, que era tudo que eu tinha em cima da cama e voltei pra sala, onde ela tava sentada fazendo a unha.

Marília: Vermelhinho foi me chamar pra ficar de babá da Danda, ele vai me pagar e tudo mais. Deco surtou como se eu fosse prioridade dele, dizendo que eu não ia, ainda gritou...

Eloísa: Você vai ficar na casa do Vermelho pra cuidar dela né? — Confirmei e ela me olhou.— Deco é muito protetor, você meio que tá aqui sob o olhar dele. Qualquer coisa que acontecer contigo, ele vai se culpar, por isso ele quer te manter perto sabendo que pode te ajudar. E acredito que seja um pouquinho de ciúmes também.

Marília: Ciúmes? — Soltei uma risada.— Ele é um maluco mermo.

Eloísa: Aí, Marília. Vai dizer que você não sente nada por ele? O moleque enfrentou o pai e irmão pra te proteger, vai fingir que ele só fez isso por que vocês são melhores amigos?

Marília: Amigos apenas, melhores não.— Desviei o olhar.

Ela murmurou um "burra." e eu olhei pra ela indignada, fiquei quietinha no sofá olhando ela ajeitar as unhas e quando ela terminou, ela veio pegar as minhas. Encarei ela que tava concentrada no que fazia e respirei fundo, na posição na qual eu estava, não conseguia ter muitos amigos, não ia fazer dela uma inimiga, mas também não ia ser amiga, uma colega.

Quando ela terminou minha unha, fui com ela ao mercado só pra andar um pouco, ela comprou as coisas pra fazer a janta e voltamos pra casa, fiquei apenas olhando e ajudando ela em algumas coisas da comida, e no final ficou ótima, não podia negar que a comida dela era maravilhosa.

O dia anoiteceu, amanheceu e quando eu tava varrendo a sala alguém bateu no portão, abri a porta que me dava uma visão lá da frente e vi o Vermelhinho parado lá na frente. 

Vermelhinho: E aí, pega teus bagulhos e bora pra minha casa.— Falou coçando a cabeça.

Confirmei e entrei, avisei a Eloísa que tava deitada e ela me mandou ter juízo. Sai e subi na moto, no caminho passamos pelo Deco que estava em frente a uma casa fumando, ele olhou pra gente e virou o rosto. Continuei olhando em volta até chegarmos na casa do cara, esperei ele descer e entrei com ele, vendo que tava tudo cheiroso e organizado.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora