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Deco.

Eu nem lembrava qual foi a última vez que eu me senti feliz pra caralho assim. Minha mente tava uma confusão, papo de maluco, mas eu tava feliz pra caralho.

Era a primeira vez de algo tão intenso filho, papo reto. Primeira vez com alguém igual ela, que eu não conseguiria nem descrever.

Parece que o bagulho todo se encaixa, o sentimento de receio que tava marolando por aqui bateu o pé, algum bagulho quis me dizer que tudo se encaixou.

Só faltava uma coisa.

Eu matar o pai dela.

Sai arrastando ela pro baile depois do sexo maneirinho, todo sexo com ela era maneirinho. Tava amarradao, e algum bagulho hoje me fez botar fé nisso, ter maior coragem de admitir...

Quando a gente chegou no baile, fui pra perto dos moleques que tava no cantinho, minha coroa tava lá brigando com meu pai, eu cheguei perto deles abraçado com a Marília, queria soltar nem por um segundo.

Tava geral aqui, Vermelho, Gl, Falcão, Eloísa e até a Soraia, ex mulher vermelhinho e mãe da danda tava por aqui.

Falei com geral, Marília se amarrou em ver a Soraia e foi pra perto dela, me encostei perto do Gl acendendo um cigarro e ele deu uma risada.

Gl: Não era a favor da liberdade? — Gastou.

Deco: É minha, jaera.— Joguei a cabeça pra trás, subindo a fumaça.— Se eu ficar longe dessa mulher, fico maluco, papo reto.

Gl me encarou soltando uma risada e Vermelhinho tava do meu lado, e deu um sorriso. Um sorriso de "queria pegar ela, mas tô feliz na pureza por você."

Falcão: Aí cara, finalmente! Desde que a garota entrou na vida do cara ele ficou maluco, nem eu aguentava mais.

Vermelhinho: Irmão pra meus filhos, vem quando? Thiago tá maluco atrás de outro irmão.— Bateu na minha cabeça.

Deco: Nem perto, tem muito bagulho pra resolver ainda.— Falcão confirmou.

Falcão: Visitar o sogro domingo, tá?! — Debochou.— Vou pegar minha mulher, tá ficando doida esperando já.

Ele sumiu no meio da multidão e eu senti a mão do Vermelhinho me dando um tapinha, Gl virou a garrafa de cerveja na boca e me olhou.

Gl: Tô feliz pra caralho por tu, irmão. Feliz aniversário.— Encarei ele por alguns segundos.

Abracei o Gabriel depois de muito tempo sem isso, sem sentir que existia uma irmandade entre a gente. Minha mãe entrou no meio do abraço e isso me fez ficar em paz, ela feliz, eu feliz.

Me afastei e voltei a trocar ideia com os moleques, Falcão trouxe a mina dele pra perto e quando eu olhei a Marília tava com um copo na mão, bebendo e fez uma cara feia. Andei na direção dela e parei na frente, ela me olhou e eu encostei a boca no ouvido dela.

Deco: Tu não é acostumada, baile não é lugar pra gente fraca por bebida.— Falei tranquilo, mas conhecendo a peça sabia que ia teimar e surtar comigo.

Marília: Eu não sou fraca pra bebida, eu só quero me divertir. Você me trouxe pra cá, deixa eu experimentar algo diferente, sem ser o chato.

Deco: Minha proteção, esqueceu? — Me afastei pra olhar pra ela que revirou os olhos.— Sem caô, tu mermo sabe que isso aí tá forte pra tu.

Marília: Tenho vontade de vomitar só pelo cheiro, nem gosto de álcool, só tava tentando me encaixar com as meninas.— Falou relaxando a postura e eu soltei uma risada.— Quero uma água.

Beijei a lateral da cabeça dela e ela me esticou o copo, peguei e virei, entreguei pro Vermelhinho que nem perguntou o que era e já foi tomando. Fui buscar água pra ela e ainda cheguei a perguntar se tinha suco de maracujá, os moleques que tavam perto ficaram me gastando e eu falei que era pra misturar com vodka, os cara marola.

Deco: Nem tinha suco cara, qual foi...— Joguei água pra ela que fez uma cara de surpresa.

Marília: Com certeza esse seria o local mais apropriado pra ter um suco.— Dei os ombros.

Virei de costas pra ela novamente observando o vai e vem, algumas garotas que eu já tinha ficado passando por perto, olhando pra mim, mas olhando pra mão da Marília que tava na minha cintura enquanto ela conversava com as meninas, dando altas risadas.

Observei o Dadinho saindo de perto da dona Ana depois de passar a noite rodeando ela, os moleques já tinham dado tiros pro alto em minha homenagem e tava tudo calmo, zero confusão.

Até o Dadinho começar a observar em volta o tempo todo.

Até o Gl perceber e me olhar de canto, desviei o olhar e só vi quando ele se aproximou do Dadinho. Os dois olharam pro celular do Dadinho e Gl falou alguma coisa pro meu pai, que confirmou e levantou a cabeça, começando a sair devagarinho.

Escutei o primeiro tiro, a mão da Marília apertou minha cintura e eu tirei o revólver do outro lado da cintura.

Marília: Melhor irmos pra casa.— A voz dela era sob medo, segurei a mão dela que já tava suada e eu confirmei.

O segundo tiro.

Dadinho caiu no chão, olhei a bala atravessando sua cabeça e abri maior olhão, Gl se jogou no chão e puxou minha mãe.

Minha mãe do lado do corpo do meu pai, ela gritou e eu abaixei com a Marília.

"Vem, Deco filho da puta. Eu to te esperando, tu não queria me matar? Bota a cara, seu merda."

Marília: Meu pai.— Falou com a voz trêmula, não conseguindo tirar o olho do Dadinho.

Gl me olhou, Vermelhinho tava com maior olhão, já tinha usado tanta droga que era normal, mas ele parecia tá pegando consciência.

A guerra tinha começado.

No pior momento possível pra isso acontecer.

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