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Marília.

Eu odiava estar vulnerável, odiava não saber o que seria de mim daqui pra frente. Faltavam quatro meses pro concurso, eu iria insistir nisso, ou ia desistir de vez?

Iria me jogar pra uma vida totalmente no escuro, ou ia desistir de viver? Iria pra algo novo, iria permanecer na mesma merda?

Muitas coisas se formavam como dúvida na minha cabeça, mas a única coisa que eu tinha certeza era que não queria nunca mais olhar na cara do Márcio. Eu sentia um ódio, o nojo, uma dor tão grande.

Com certeza eu não merecia isso, eu não deveria passar por isso. Eu nunca fiz nada de errado, eu não tinha menor a culpa!

Há horas atrás eu chorava, implorava pra não ser estuprada por homens de fardas e a porra de um bandido, o que diz ser mais perigoso do que os fardados que me protegeu. O cara simplesmente me mantéu em cárcere de privado, mas não deixou me estuprarem.

E isso diz muito sobre ele, mesmo que tenha me agredido, me mantido presa, me humilhado, mesmo com essas divergências. Eu tinha uma gratidão a ele, porque eu não sei o que seria de mim sem o Dadinho ali.

Ele não é um anjo, eu sei. Mas ele é mais humano do que meu próprio pai e isso basta pra mim! Terei uma gratidão eterna a ele.

Deco: Quer comer? — Falou assim que eu sai do banheiro enrolada na toalha.

Mari: Quero uma roupa.— Falei olhando pro vestido que eu estava há algumas horas, não queria pôr isso no corpo nunca mais.

Deco: Querer não é poder, se enrola na toalha e dorme.— Falou levantando da cama.

Olhei pra blusa dele que tava dobrada em cima da cama e pulei pra pegar, ele tentou arrancar de mim e eu senti minha barriga doer, sentei na cama gemendo de dor e ele me olhou.

Deco: Qual foi? — Veio pra minha frente.

Abri um pouco a toalha, o suficiente pra dar visão a ele do chute que estava marcado na minha barriga, por um coturno. Deco me olhou assustado e eu fechei a toalha, colocando a blusa e me jogando em baixo dos lençóis.

Ele ficou calado por maior tempo e eu só olhei pra janela que mostrava que já estava de dia, me encolhi por baixo dos lençóis e fiquei só com a cabeça pra fora vendo ele mexendo no celular.

Deco: Não vai comer, feia? — Neguei, vendo ele me olhar.— Jae, eu vou dormir aqui na cama mas não vou te encostar, suave? Se tiver incomodada e essas paradas, me empurra aí pô.

Apenas confirmei com a cabeça e vi ele fechando as cortinas, se deitou do meu lado e eu fechei os olhos. Matheus se deitou o mais longe que conseguiu, me senti muito mais confortável assim e eu me encolhi mais ainda, fiquei tentando dormir mas minha mente ficava passando por mim coisas, como sempre o medo misturado com a ansiedade não me deixaram dormir, muito menos descansar.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora