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Deco.

Cheguei em casa e dona Ana tava deitada no sofá, joguei a chave da moto em cima da bancada e beijei a cabeça dela, me sentando do lado dos pés dela.

Ana: Aonde você estava? Não acha que tá na hora de sossegar? — Falou manhosa.— Todo dia eu me preocupo, Matheus. Você ainda me mata do coração.

Deco: Tava fazendo nada demais maluca, tava por aí no corre limpo.— Ana negou.

Ana: Não vejo a hora de você ter um filho pra sentir na pele como é ficar preocupada, principalmente quando seu filho fica mexendo com essas coisas erradas.— Murmurou e eu fiquei calado, olhando o filme passar na televisão.

Deco: Bryan que queria te dar neto, eu mermo tô fora.— Falei um tempo depois e dei um sorriso de lado quando ela me olhou.— Eloísa me chamou lá, me deu o cordão dele...

Ela se sentou na velocidade da luz, tirei o crucifixo de dentro da blusa e ela tocou, quando eu ia tirar do pescoço ela negou, passando o polegar em cima.

Ana: Vai te abençoar como fez com ele, filho.— Sorriu pra mim.

Deco: Agora tu fica mais tranquila né.— Gastei, beijando a cabeça dela.— Vou me jogar no sono, tô cansadão.

Ana: O malandro do teu pai tava procurando por tu, teve a cara de pau de vim aqui e fingir que não sabia que tu não tava aqui.— Eu encarei ela, pegando água.— Entrou aqui achando que tava entrando em casa.

Deco: Tu se amarra né.— Gastei e ela fechou a cara.

Ana: Vai se fuder, garoto. Vou trocar a fechadura de novo, quero ver se ele pisa aqui.— Falou toda nervosa.

Eu saí da sala rindo e entrei no meu quarto, fui direto tomar banho e quis sair pra ir no Dadinho pra perguntar qual era o corre da Eloísa, mas não tava afim de tomar esporro dele.  Me joguei na cama e fiquei mexendo no celular até o sono bater, se eu não tivesse na maior preguiça, tinha ido atrás do vermelhinho que tava maluco atrás de menina pra pegar, mas eu tava cansadão pra isso.

No outro dia o bagulho passou lento, passei a manhã enrolando droga, depois de almoçar fui obrigado a levar dona Ana pra fazer as compras de casa e gastei maior parte do meu dia com ela. Quando tava pertin de sete horas eu tomei um banho, vesti uma blusa do flamengo e meti uma bermuda preta.

Me arrumei maneirinho ali e não tinha noção pra onde levar a garota, sabia que pro morro não ia trazer. Mal conhecia ela, mas pelo visto ela é daquelas que se fazem de difícil mas na primeira oportunidade tá sentando pro cara, eu ia tirar a prova disso fácil.

Ana: Já vai sair de novo? — Falou cansada.

Deco: Vou dar um giro por aí, volto logo menos.— Peguei a chave da moto e percebi que ela me encarava triste.

Dona Ana era sentimental pra caralho, não tinha como disfarçar. Sempre deixou claro que não se orgulhava, sempre xingou meu pai por permitir, implorava pra gente, quando o Bryan tava aqui, pra gente sair disso e ser alguém melhor.

Mas eu não me vejo em outra vida, nunca vi. Sempre quis essa aventura, a adrenalina, o poder, o dinheiro... Qualquer dia desses eu ia treinar pra assumir o lugar do Dadinho e ele já sabia que eu queria isso, só ela que não tava ligada e eu nem sabia como dizer.

Deco: Te amo.— Falei beijando o rosto dela.— Papo reto cara, num vou pra corre não.

Ana: Você sempre mente, Matheus! Isso é pior do que falar que vai pra essa merda logo.— Falou desgostosa pra caralho, negando com a cabeça.

Deco: Vou sair com uma maluca, dona Ana. Tá vendo o traje do pai não? Qual foi, cara. Tô cheirosão, eu nem gasto perfume pra ir pro corre.

Ana: E desde quando você sai com garotas? — Debochou.— Não é você o rei da noite?

Deco: Tá vendo como tu é? Não acredita em nada cara, assim tu me fode.— Falei rindo de lado e ela deu uma risada

Sai de fininho escutando ela resmungar e parti ela sul, pela hora tava cinco minutos atrasado. Quando parei na porta do prédio a Marília tava sentada no banco que tem na frente, olhou pra mim, olhou pro celular e me olhou de novo.

Mari: Mais um minuto e você iria sozinho.— Se aproximou reclamando.

Deco: E aí, boa noite! — Balancei a cabeça pra ela, que me olhou como se fosse papo de deboche eu ser educado.

Maior pilantra essa garota.

Olhei de lado pra ela que tava com uma calça jeans preta e uma blusa branca mostrando a barriga, o cabelo cacheado tava pranchado e eu já não me amarrei tanto quanto em como ficava cacheado. Ela tava cheia de cordão e o perfume filho, puta que pariu....

Me segurei pra não meter um elogio porque sabia que ia tomar na cara, ela subiu na moto e eu me fudi. Tinha nem ideia de onde iria levar a garota, mas tava tranquilão parado porque o perfume dela rodava no ar.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora