35

22.1K 2.1K 559
                                    

Deco.

Falei o endereço pro meu pai e ele me encarou, Gl tava sentado atrás dele e os dois tavam me olhando. Faltava pouca coisa pra eu ir pra cima do Gl e meter a porrada nele, a menina tava toda marcada por conta da graça dele.

Dadinho: Se eu te colocar sozinho pra botar a cara lá, tu vai? — Só olhei pra ele, e ele soltou uma risada fraca.— Esse é o ponto dos policiais, é perto da boca da sul.

Deco: Não era isso que tu queria? Se é bagulho dos policiais, as paradas devem tá lá pô.

Dadinho: Aquilo lá tem uma segurança do caralho, tu acha que o delegado ia levar coisa ilegal pra lá? — Falou se levantando.

Deco: Ela só sabe essa parada, Dadinho. Talvez os bagulhos estejam realmente lá.— Ele me olhou de lado.

Gl: Deixa uma tropa ir com ele, no comando dele.— Subi o olhar pra ele.— Ele tá botando fé, deixa ele tirar a prova.

Dadinho: Tu acha que eu vou deixar meus homens morrerem por causa da emoção do Deco? — Falou alto.

Gl: O galpão é grande, por ser área policial o delegado pode ter muito mais segurança em deixar as paradas lá. É protegido, é um bagulho inteligente.— Se levantou.— Deve ter várias salas.

Dadinho: Posso mandar invadir lá, mas cada moleque meu que morrer, vocês vão pagar por isso.— Continuei calado.— E só vai atrás, se os dois forem no comando, parceria.

Gl: Por mim jae. Tô afim de acabar com essa parada logo.— Me encarou.

Encarei o Gl desconfiado, pra mim qualquer parada que ele se metesse não era bagulho bom. Dadinho me encarava atrás de resposta, eu bati cabeça por uns segundos e confirmei, mesmo desconfiado pra caralho.

Deco: Amanhã a gente começa a ver como funciona os horários.— Gl confirmou, saindo da sala.

Eu esperei alguns minutos até ele sumir de vista e ia fazer o mermo, mas o Dadinho chamou minha atenção.

Dadinho: Para de se envolver com a garota.— Falou firme e eu levantei o olhar pra ele.— Não quero nem tu pensando nesse bagulho! Tô te falando, Matheus, qualquer parada eu não vou ter pena de matar ela!

Deco: Teu erro e achar que eu sigo o mesmo bagulho que tu! A garota é inocente, e toda vez que tu mata um inocente tu se iguala aos porco da polícia, que só traz desgraça pra vida dos outros.

Dadinho: Quando tu for homem de verdade tu vai entender o que é fazer de tudo pra proteger a família.— Deu um tapa leve no meu rosto, eu me afastei pra não me exaltar com ele e ele saiu da sala.

Acendi um cigarro e fiquei sentado ali, mas me levantei e andei até o quartinho, abri a porta vendo a Marília olhando pro teto enquanto se encolhia, ela levantou o olhar e eu fui até ela. Não falei nada, me sentei do lado dela e encarei o pescoço machucado, junto ao rosto.

Marília: Ele não vem atrás de mim, não é? — Falou com a voz abafada.— Ele acha que eu não dou orgulho a ele, ele não vem atrás de mim...

Deco: Se tu sumisse, eu iria atrás de tu.— Falei encarando ela, que não me olhou.— Tu é dahora. Só é filha da pessoa errada.

Olhei as mãos dela amarradas e soltei a corda, me encostei na parede e ela deitou do meu lado fechando os olhos e colocando a mão no rosto. Observei ela se encolher enquanto chorava e fiquei quieto olhando pro teto, um tempo depois ela foi ficando calada e eu tirei o cabelo dela do rosto.

As mãos dela se afastaram e ela abriu o olho me encarando, passei a mão no cabelo dela de novo e parecia que eu tava no automático, ela ficou me encarando e eu sustentei o olhar por um bom tempo.

Quando desviei por uns segundos vi a Eloísa parada na porta, ela tava encostada no canto me olhando e me encarou com um sorrisinho de lado, tentou fazer uma cara de séria quando eu olhei pra ela, mas não adiantou nada, porém eu ainda não tava muito tranquilo com ela, então só virei a cara e fiquei quieto na minha.

Era Uma Vez Onde histórias criam vida. Descubra agora