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Marília.

Eloísa me puxou junto com a Soraia, mas eu me prendi no Matheus e ele me segurou com mais força também.

Soraia: Agora não é hora de grude de casal cara, ele vai vir atrás de vocês. Não dá pra facilitar.— Falou e eu sabia que ela tava certa, fui soltar do Matheus e ele me segurou mais firme.

Deco: Ela vai comigo, pode meter o pé.— Falou firme, e esse era o único momento que eu não ia teimar com ele.

Eu confiava o suficiente pra achar que ele sabia o que tava fazendo, mas também estava com medo suficiente pra não querer largar ele.

Vermelhinho: O que tá acontecendo? — Falou depois de uns cinco minutos olhando pro corpo do pai do Matheus morto, ele tava bem louco de droga.

Gl: Arrasta ele com vocês.— Falou com as meninas, e Soraia fez questão de puxar ele com toda força do mundo.— Não acho que com a gente ela tá segura.

Deco: Não vou soltar ela por aí, não sei o que o maluco é capaz de fazer.— Falou, mas ele não tava concentrado em nada.

Matheus olhava pro corpo do pai, a dona Ana já havia sido levado por outros moleques. Estávamos numa parte escura, tinha pouca gente por aqui ainda mas estávamos rodeados de homens armados, fazendo uma segurança.

Falcão: Melhor descer pra casa logo, mermo plano de sempre? — Falou colocando a mão na cintura.

Deco: Pra casa um caralho! — Falou apertando minha mão.—Vai geral deixar a Marília em casa com segurança e depois a gente vai descer e encontrar esse filho da puta.

Gl: A gente faz essa parada, tu fica em casa com ela e a dona Ana. Ela tá precisando pra caralho, foi do lado dela.— Matheus levantou, negando.

Deco: Eu que vou matar ele.— Olhei pro Falcão que parecia mais velho que eles todos, ele me encarou também e negou com a cabeça. 

Matheus me puxou e saiu me puxando, ele estava bravo de uma forma que eu nunca havia visto, não quis nem falar com ele porque tive medo dele explodir, eu não queria ser a responsável por isso, nem era o momento.

O pai dele morreu na frente dele, pelo que eu vi não se passava nem de longe de um dos melhores pai, talvez um dos piores, mas era o pai dele, na frente dele. E parece que havia algo a mais porque ele ficou muito abalado.

A gente tava descendo por um beco quando um menino caiu, assim que o barulho de tiro estrondou, Matheus me empurrou no chão e se agachou na minha frente.

Deco: Eu te amo, te amo pra caralho. Faz maior tempo que eu não me sinto bem assim, entendeu? — Colocou as duas mãos no rosto, em uma delas estava a pistola que tocou em mim.

Marília: Eu também me sinto assim, mas isso não precisa ser dito agora...— Minha voz falhou, enquanto isso os meninos estavam trocando tiros.

Deco: Não vai acontecer nada, mas por mim passo a noite toda repetindo esse bagulho.— Falou, e me passou confiança.

Marília: Eu já fiz aula de tiro...— Coloquei a mão na pistola dele, vendo ele me olhar.

Deco: Não.— Não me deixou nem terminar de completar a frase.— Mas outra hora quero ver isso.

Ele se afastou entrando no meio dos meninos e Gl olhou pra nós, ele tava recarregando abaixado e logo virou pra atirar, Matheus entrou no meio dos moleques trocando tiro e eu vi um dos menino que tava protegendo as costas caindo, o fuzil dele caiu junto e eu percebi que eles estavam encurralados.

Engatinhei no chão pegando o fuzil, quando eu consegui encostar, senti a ardência no meu braço. Gritei pegando o fuzil e apontando pra qualquer que seja a direção, ainda tinha uns três meninos protegendo as costas, meu braço doía um inferno quando eu resolvi voltar pro canto.

Outro tiro, dessa vez no meu ombro. Não resisti, gritei sentindo toda dor de uma vez e vi outro menino caindo quase nos meus pés, tentei me arrastar pro canto enquanto via a correria, mas a última coisa que eu senti foi outro tiro, na minha barriga.

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