Capítulo 43-"Campo de Morte Inerte"

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Existe uma fina linha entre a vida e a morte. Existe também uma arte arcana que vive no meio dessa linha. Para esse estudo é dado o nome de necromancia, um dos maiores tabus de qualquer sociedade. Aqueles que sabem sobre a necromancia já são vistos como maléficos, e aqueles que a controlam tem sua infâmia ainda maior. Para aqueles que cruzam esse caminho é necessário paciência, perseverança e ambição, pois tudo o que se tem na necromancia cobra um preço maior do que se pode pagar.

O chão da arena é tomado por uma energia preta. O alcance daquela técnica era o bastante para alcançar todos os gladiadores, assim como a voz de Miz'ri, que ecoa pelo coliseu.

"Campo de Morte Inerte."

Um som de mil almas se espalha pelo campo de batalha e começam a alastrar a energia necrótica nos gladiadores que estão no alcance. Do chão negro começam a surgir pequenas mãos esqueléticas que tentam puxar todos para os confins do Plano das Sombras. Dos próximos a Miz'ri, especialmente Mavmarir, Karna e Tomoki conseguem sentir o poder se alastrando por suas veias e tomando parte de sua energia vital. Já Vaeskia, Akash, Elerd e Ulbrok conseguem resistir a parte do dano do Campo de Morte Inerte.

Do outro lado da arena, Nym, Linnor, Azon e Mímir conseguem sentir a energia percorrendo por seu corpo e tomando parte de si, causando uma enorme dor de dentro pra fora. Já Lok'tar, Rhastiel, Salazar e Syllael conseguem resistir a parte do dano. Outro que não conseguiu resistir é Otan, mas por sorte sua natureza divina, sendo um descendente nefilin, o protege de golpes necromantes.

Miyahara pressente o uso da energia necrótica e consegue resistir a tempo. blindando parte de seu corpo com energia divina que, junto com a sua natureza nefilin, o faz ser o que melhor resiste ao Campo de Morte Inerte em toda a arena. O mesmo não pode ser dito de Naqrin, que é pego de surpresa pelo golpe e consegue sentir seus intestinos apodrecendo por dentro.

O meio dragão cai ajoelhado na parede enquanto Miyahara tenta socorre-lo. O samurai nota a energia necrótica tomando conta do corpo do companheiro, fluindo por suas veias e indo até seu coração. Além disso, o braço direito de Naqrin está totalmente esquelético, o que parece ser um efeito avançado da técnica necrótica. Miyahara tenta ajudar Naqrin, mas o meio dragão nem olha mais o samurai nos olhos. Na realidade, Naqrin não pode mais olhar, assim como não pode mais ouvir, sentir ou cheirar. Todos os seus sentidos se foram com o golpe de Miz'ri.

O sangue de Azon cai no chão enquanto a energia percorre pro seu corpo. Sua mente balança e sua visão já está bem turva. Ele não queria, mas parece que realmente vai ter que usar tudo o que tem para se manter de pé. De relance, Azon percebe um movimento atrás dele.

A sua esquerda, Nym protege a passagem de Syllael para o núcleo da luta entre Lok'tar e Azon. Syllael avança em Nym com uma intenção assassina e Nym prontamente reage levantando a guarda, mas com um súbito movimento, Syllael redireciona seu golpe na abertura de Nym, acertando Azon bem na coxa. Os olhares de Nym e Syllael se encontram mais uma vez e Nym se recoloca entre ele e Azon enquanto pede desculpas ao companheiro.

Azon encosta suas costas no chão enquanto respira fundo para não perder a consciência. A quantidade de golpes que já levou, em especial os golpes de Lok'tar, o que fizeram cansar muito logo de cara. E o pior, a sua frente estava justamente o bárbaro, que olhava para o fraco e, quase, indefeso hobgoblin.

Enquanto isso, a situação dos Conquistadores de Rubruv também não esta muito boa. A equipe foi bem baleada com o movimento do Campo de Morte Inerte de Miz'ri, o que os obriga a mudar de estratégia.

"Lagarto! Toma conta disso!" Diz Mavmarir, enquanto a orbe vermelha desengata de seu colar e vai até o colar de Vaeskia a alguns metros de distância.

Mavmarir segura sua batuta e a aponta para Ulbrok.

"Ô verdão, toma essa porra aqui!"

Uma onda roxa em formato de lança vai diretamente até a mente de Ulbrok, que recebe o golpe e começa a tender um pouco para trás. Quando parece que ele vai tombar, Ulbrok se mantém de pé, abre um sorriso e mira sua glaive e sua atenção para Mavmarir, aceitando o desafio do bardo.

Longe da batalha, Naqrin tateia o seu entorno, mesmo não sentindo nada do que toca. Miyahara tenta pensar no que pode fazer, mas para ele basta olhar de forma agoniante o estado de Naqrin.

Enquanto isso, o duelo dos Conquistadores de Albalor e Prasinui continua. Como Azon e Nym estão muito pressionados, Rhastiel decide ir ajuda-los, mas quando ele se vira para trás Salazar faz o movimento de ataque. Rhastiel defende a Melicerces de Salazar com sua Vorka e contra ataca, porém o artífice facilmente desvia.

Rhastiel olha e relance para Linnor e seus olhares se cruzam. Não a nenhuma troca de palavras, mas Rhastiel sabe exatamente o que Linnor quer dizer. Com isso, Rhastiel deixa o combate contra Salazar com seu capitão e parte para ajudar Nym e Azon.

Lok'tar se prepara para finalizar o hobgoblin mas pressente um perigo atrás dele, e quando se vira sua Lâmina Ancestral e defende de um corte certo da Vorka de Rhastiel, que não desiste e mais uma vez ataca Lok'tar, que continua na defensiva contra o meio-orc.

As faíscas do choque entre Lok'tar e Rhastiel se espalham pelo campo de batalha, o que chama atenção de Nym. O meio elfo pensa por alguns segundos em qual a melhor atitude para tomar nesse momento. Seus aliados não só estão pressionados e em mal estado como estão cercados, mas a principal ameaça dos Conquistadores de Albalor naquele exato momento é Lok'tar de Brak'Moloj, então é ele que Nym deve se preocupar primeiro.

Ignorando totalmente Syllael, Nym pula e da um golpe mirando na cabeça de Lok'tar, que mesmo pressionado por Rhastiel, pressente a ameaça ae tem reflexo para defender o corte da Lâmina da Lua com seu machado.

"Caralho! Vocês são muito fracos!" Grita Lok'tar para Nym e Rhastiel.

Mesmo as forças somadas de Rhastiel e Nym não parecem ser o suficiente para pressionar Lok'tar, o que preocupa e muito Linnor, que observa a batalha de canto de olho enquanto tenta se comunicar com Salazar. Mesmo com a Zona da Verdade ativada, Linnor percebe que o artífice não está muito para conversa, pois toda vez que tenta abrir a boca para falar o que recebe é uma estocada da Melicerces de Salazar. Enquanto ele perde tempo ali, seus companheiros estão em uma situação muito apertada logo ao lado.

Linnor decide se mover e tentar lidar com Lok'tar com rapidez, mas Salazar se coloca entre ele e seus companheiros e ataca Linnor com sua Melicerces mais uma vez. O paladino reage colocando seu Escudo da Alvorada na frente e defendendo o golpe.

"Vai indo pra onde?!" Grita Salazar. "Não vai fugir de mim!"

A Melicerces de Salazar acerta o Escudo da Alvorada e começa a girar em seu próprio eixo com um mecanismo de dentro do cabo feito pelo próprio Salazar. Os dentes giratórios do tridente começam a raspar o Escudo da Alvorada, que apenas continua acumulando o dano do golpe enquanto Linnor se mantém na defensiva e tenta achar uma brecha para alcançar seus companheiros antes do pior acontecer.

Por fim, Mímir chega no campo de batalha e rapidamente toma conta do que deve fazer. Azon já está machucado o bastante e apenas um fraco golpe pode derruba-lo, mas Lok'tar está ocupado demais com Nym e Rhastiel para poder finalizar o monge, por isso Mímir avança até o campo de batalha com seu cajado de madeira.

Azon acumula o chi em seu corpo e começa a se concentrar para alcançar mais uma vez aquela técnica que não usava a muito tempo atrás. A luz do sol toca em seu corpo e ele começa o processo de transmutação da natureza do chi, mas sua concentração é quebrada com um golpe do cajado de madeira de Mímir bem em sua barriga.

O golpe de Mímir é extremamente medido. O herói não precisa usar tudo o que tem para vencer seus oponentes, muito menos um tão ferido quanto Azon, por isso quando seu cajado acerta Azon ele coloca a força exata para derruba-lo. Porém, em uma fração de segundos Mímir percebe que a vontade de lutar de Azon ainda o manterá de pé, então da ponta do cajado de Mímir exala uma energia divina verde que tem uma aura de fogo e acerta diretamente em Azon.

Linnor, Rhastiel e Nym só tem tempo de ver Azon caindo no chão enquanto ele é coberto por uma onda de luz. A orbe branca em seu pescoço se quebra e logo depois se reconstrói, indo até o pescoço de Nym, o mais próximo de Azon dos Conquistadores de Albalor. Em um piscar de olhos, Azon está fora da arena e os Conquistadores de Albalor estão com um a menos.

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