Capítulo 70-"Guerreiro de Terokkar"

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O clã dos Brak'Moloj vive na floresta de Terokkar a eras. Não se sabe como chegaram lá e nem porquê foram até lá, mas lá eles ficaram. Com o tempo o povo orc aprendeu a se comunicar com os espíritos da floresta de Terokkar e criaram fortes laços com eles. Apesar de serem protegidos pelos espíritos da floresta, os orcs aprendiam desde cedo que eles devem ter iniciativa eles mesmos e não depender dos guardiões. Assim se criou um forte senso de comunidade no clã Brak'Moloj.

Esse forte laço entre eles culminou em uma vivencia tranquila mesmo em uma das mais perigosas regiões de Helísia. Florestas magicas como a de Terokkar são conhecidas por abrigarem criaturas poderosas, muito além dos seres comuns que vemos em florestas mundo afora, por isso eram necessário os mais fortes guerreiros, tanto para a caça quanto para defesa.

Foi assim que Lok'tar viveu quando pequeno. Filho do chefe da tribo xamã, sua vida se resumia ao treino e aos ritos ancestrais em honra aos espíritos da floresta. Ele gostava muito disso e começou a aprender mais sobre as duas coisas que mais gostava: batalhas e a natureza.

Foi uma vida tranquila até Lok'tar completar seus 15 anos. Foi nesse período que sua vila foi atacada por mercenários humanos, armadurados e habilidosos o suficiente para entrar em Terokkar e travar um confronto contra os Brak'Moloj. Lok'tar pega seu machado e corre para o campo de batalha. Em meio ao caos que estava lá, Lok'tar vê seu pai prestes a receber um golpe fatal de um mercenário. Ele corre em sua direção, mas eles estavam muito longe para que Lok'tar o alcançasse, então um espirito da floresta tratou de fazer isso para ele.

Ao defender o golpe do mercenário, Lok'tar conjurou pela primeira vez o casco da tartaruga dragão um dos guardiões de Terokkar. As lendas da tribo diziam que alguns poucos guerreiros, escolhidos pela natureza e pela vontade deles, conseguiam se ligar aos padroeiros da floresta e assim conjura-los para seu auxilio.

Com seu novo dom, Lok'tar e os Brak'Moloj conseguiram expulsar os mercenários, mas não os impediram de pegar o que queriam, uma relíquia sagrada da tribo, o Colar da Alma Selvagem. Após o confronto Lok'tar repetia para si um juramento: com seu novo poder, Lok'tar protegerá todos de sua vila e recuperará o artefato que um dia foi dos Brak'Moloj. O Torneio da Conquista o dava essa oportunidade única.

O barulho do Coração Rubro ecoa pelo campo de batalha, mas somente Lok'tar consegue ouvi-lo. Mesmo cego, ele balança sua Lâmina Ancestral lentamente, acompanhando o movimento do adversário.

Vaeskia arfa e respira profundamente, suas energias já estão basicamente esgotadas, mas ele gastou todo o resto que tinha para finalizar a luta. Sem um braço e cego, Lok'tar não poderia fazer nada.

O orc se concentra. Ele poderia limpar todos os pensamentos em sua mente e acalmar seu coração, poderia se concentrar num plano perspicaz ou numa estratégia elaborada para fazer Vaeskia se cansar, mas isso nunca seria do seu fetio. Assim como um bom bárbaro faz, Lok'tar ataca.

Num golpe rápido, a Lâmina Ancestral acerta o peito de Vaeskia com tudo. O homem lagarto só reage após receber o golpe, então se afasta, mas antes que possa se distanciar ou  levantar suas armas, a Lâmina Ancestral já acertou um segundo golpe no seu peito, bem no Coração Rubro.

Surpreendentemente, Vaeskia cai. Lok'tar segura sua arma com força. Ele não quer desperdiçar energias, vai atacar no momento que Vaeskia se levantar. Entretanto, o homem lagarto não se levanta.

O povo de Flávia fica em silencio. Seria uma piada de mau gosto? Vaeskia tinha acabado de arrancar um braço e cegar Lok'tar mas mesmo assim o orc conseguiu finaliza-lo. Entretanto, era evidente desde o começo que o corpo de Vaeskia estava mais baleado do que o de seu adversário.

Mímir olha para Otan e Miyahara.

"Aeeeeee!" Mímir olha de novo para a arena. "Aeeeeeeeeeeeee!"

Até mesmo os homens lagartos que torciam para Vaeskia pararam de torcer. Eles apenas mantem suas cabeças baixas e um semblante decepcionado toma conta de seus rostos reptilianos.

Uma onda de confusão tomava conta de todos. Todos exceto uma pessoa. A única pessoa em toda a Flávia que sabia exatamente o que aconteceu era Karna Arvana.

"Ai vem."

Lok'tar ouve o bramir de um lagarto.

"Crrriiii"

Vaeskia se levanta. Ele bate sua cauda no chão e solta a língua, analisando o ambiente em volta. Ele pega suas duas espadas e olha para Lok'tar. O orc tem certeza que Vaeskia está desmaiado, mas mesmo assim ele se recusa a cair.

Old Dragon: Torneio da Conquista Onde histórias criam vida. Descubra agora