Old Dragon: Torneio da Conquista

Capítulo 106-"Exigência, fúria e um novo objetivo"

A arena voltava a ser aquele clássico terreno de areia batida que o Torneio da Conquista já apresentou antes. Ali, Linnor se mantinha parado, imerso em seus pensamentos.

Em toda sua vida ele sempre ouviu, cresceu e pensou que seu pai era melhor que ele, afinal ele era filho do lendário Austin Sherwood, o homem que sendo apenas um camponês comum alcançou o patamar de herói do povo.

Não era errado dizer que Austin era vangloriado como um rei. Respeitado pela nação, respeitado pelos companheiros, respeitado até mesmo pelos inimigos. É claro, Linnor também alcançou grandes feitos com seu próprio nome, mas no final, ele era apenas uma cópia barata de seu pai. E uma cópia nunca é melhor que o original.

Mas não agora.

Lúcifer, o demônio que nem seu pai derrotou, foi morto pela sua espada. Sozinho, Linnor protegeu todos aqueles do coliseu e superou de fato seu pai. Na frente do paladino os cacos do Escudo da Alvorada pareciam olhar para ele. É irônico que, para superar seu pai, o artefato que os ligou teve que ser quebrado.

Antes Linnor era um homem desolado por dentro. Achava que fugia de seus deveres, que nunca sairia das sombras de seu pai. Se pudesse, desejaria que ele estivesse vivo em seu lugar.

O último resquício da poeira negra se vai no céu, e com isso se vai o último resquício desse pensamento. Agora Linnor não vai mais fugir de seus deveres, não vai mais lamentar e não vai se esconder. Ele fez isso e uma criança inocente foi enganada e morta. Agora Linnor vai atrás de justiça.

Os gritos da torcida de Flávia cobrem toda a arena, cortando os pensamentos de Linnor. Até mesmo o Imperador de Flávia está de pé e aplaudindo a grande vitória do Campeão de Albalor. Ninguém chora pelo garoto.

Alguns trapos da roupa de Naqrin voam pela arena, ao menos o que parece ter restado de seu manto. Um farrapo maior flutua na frente dele, mostrando uma inscrição familiar: "Linnor Sherwood", o autografo que ele tinha dado ao garoto antes da Fase Zero.

Linnor solta a Lâmina da Ordem Absoluta e desaba em joelhos, com o trapo em mãos, completamente em silencio. A torcida estranha um pouco mas continua gritando em alto e bom som.

O Apresentador aparece na arena e se aproxima de Linnor a passos de um halfling assustado. Após ter certeza que o demônio não vai reaparecer magicamente, ele respira fundo e anuncia:

"E o vencedor-"

Linnor segura a gola dele.

"Sem nem uma palavra."

Ele se levanta de mal jeito, ainda pingando um pouco sangue, mas olha para o resto da arena.

"Silencio!"

Os mais próximos da arena ficam em silencio, que começa a se alastrar até todos seguirem as ordens do paladino. Nesse momento, Linnor olha diretamente para Cícero, que exibia uma cara de poucos amigos.

"Você!" Linnor aponta sua espada para Cícero. "É com você que vou falar. Chega desse showzinho!"

Linnor olha para o Apresentador e fala de maneira ríspida:

"Abra um de seus portais."

"Eu... Eu não sei se posso fazer isso..."

"Agora."

"Ah! Pra onde?! Não me bate!"

"Sacada do Imperador."

"Eu não recomendaria fazer isso, mas tá bom..."

O Apresentador faz alguns sinais e um portal branco surge ao lado de Linnor, que imediatamente entra.

De um momento pro outro, Linnor aparece ao lado do trono de Cícero. Os guardas na entrada da sacada entram em prontidão, sacando suas armas, e os nobres se levantam em medo. Savios, o guarda pessoal do Imperador, se aproxima e segura o cabo de seu machado pronto para proteger Cícero.