Capítulo 170-"O inferno pessoal de Lansios Highal"

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O Mundo Ilusório agora era imerso em desespero.

Além dos corpos já derrotados de Elerd, Mímir e Azon, outros gladiadores estavam no chão. Salazar se mantinha desmaiado, com seus ferimentos sangrando cada vez mais. Se eles não fossem curados logo, o atlante morrerá. Normalmente Salazar poderia se recuperar graças a aura de vida de Otan, mas ela havia sido destruída graças a morte do clérigo.

O corpo de Otan cai no chão e a energia que o envolvia se dissipa, anunciando o fim de sua vida. Lok'tar olha para o corpo de seu amigo caindo no chão e se enche de fúria. Ele olha para Lansios, que com suas asas negras se colocava acima de todos no Mundo Ilusório, e usa toda sua força num pulo estrondoso que alcança mais de três metros, pegando a perna esquerda de Lansios e puxando-o para baixo, depois arremessando-o contra o chão com toda sua força.

As pedras do Mundo Ilusório se rompem quando Lansios é jogado por Lok'tar, mas a fúria do orc ainda não havia cessado. Lok'tar avança com sua espada e ataca Lansios, mas as asas negras do clérigo entram na frente do golpe, o protegendo a tempo de não sofrer nenhum dano. Além disso, sua pele queima com o dano necrótico das correntes, que haviam retornado naquele mesmo momento. Graças a queda de Otan, agora o dano não é suavizado por magia nenhuma.

Rhastiel, a alguns bons metros, pega uma flecha e mira no Lansios que estava no chão, lutando com Lok'tar, e atira. A flecha passa pelo enxame de pragas e vai na direção de Lansios, que imediatamente some da frente de Lok'tar e aparece ao lado de Mavmarir, numa outra pedra. Os reflexos de Rhastiel aumentam no mesmo instante, buscando se adaptar a mudança brusca de Lansios, e num golpe rápido ele saca outra flecha e atira em Lansios mais uma vez, expelindo toda sua fúria graças a morte de Otan com aquele tiro, e acertando bem no seu peito.

A flecha atravessa a sua armadura divina e sua armadura normal, acertando um pouco seu peito, mas não o bastante para causar ferimentos letais. A pele de Rhastiel é também queimada pelas correntes do Suplicio do Silêncio.

Enquanto isso, Linnor corre pelo ar, graças a ilusão falsa do Mundo Ilusório, e alcança Lok'tar, que estava parado após errar aqueles golpes em Lansios, O paladino faz um sinal com a cabeça e então segura sua Lâmina da Ordem Absoluta, ficando-a no chão e conjurando uma aura de energia divina que encobre todos naquele entorno. Lansios, assim como alguns outros gladiadores, reconhece que aquela era a aura de vida, a mesma magia que Otan havia conjurado anteriormente. Graças a sua corrida, a pele de Linnor é queimada pelas correntes de energia divina, mas numa potencia baixa graças a magia que acabou de conjurar.

No meio daquele infernal enxame de pragas, Vaeskia olha em volta buscando uma saída. Graças aos movimentos de Mavmarir e agora de Linnor, ele já havia entendido que aquele mundo, todo aquele cenário de lava, era apenas uma ilusão para fazerem os gladiadores hesitarem. Com isso, o homem lagarto junta suas forças e se prepara para disparar na direção de Lansios, mas algo acontece.

Os tambores do Coração Rubro cessam, e o corpo de Vaeskia fica completamente enfraquecido. Já a algum tempo ele havia passado dos limites aceitáveis de seu corpo, ele mesmo já sabia disso, e agora que o Coração Rubro havia acabado ele não tinha mais forças para levantar nem sequer um misero musculo. Vaeskia cai de joelhos, tentando inutilmente se levantar, mas seu corpo cede ainda mais e agora era apoiado apenas pelos braços. Com o resto de suas forças, Vaeskia olha para Lansios, Lok'tar e Linnor, que lutavam logo a frente, e com sua vida se exaurindo, cai no chão.

Os gladiadores param por alguns segundos e veem o corpo de Vaeskia caído, e então os poucos batimentos de sue coração finalmente param, anunciando sua morte. Repentinamente, outro gladiador havia morrido.

No mesmo momento, o Mundo Ilusório de Lansios treme com batidas espaçadas, que todos pensam ser do Coração Rubro de Vaeskia, mas na realidade era Karna Arvana, que agora quebrava os limites do Coração Magenta. Sua fúria e raiva se juntam com todo o poder que aquela benção de Rubruv poderia garantir, e então ela dispara para fora do enxame de pragas, rumando até a diagonal do Lansios com manto, o que ainda estava com Linnor e Lok'tar.

Todos os gladiadores veem o corpo de Karna se desfazendo, mas ela não parecia preocupada com isso. Ao erguer a Língua Flamejante, o fogo que ela emanava era tão forte que todos percebem: se tocassem ou fossem acertados por aquilo eles não seriam simplesmente queimados, e sim carbonizados completamente, mesmo em um mero toque.

O Mundo Ilusório é iluminado pelas chamas de Karna, que sente seu corpo sendo queimado no processo. Assim como os outros corações de Rubruv, o Coração Escarlate permitia que seu usuário sacrificasse sua energia vital em troca de mais poder, e agora ela detinha em suas mãos um verdadeiro inferno.

Pisando a frente, Karna coloca toda sua força para lançar uma labareda de chamas imensa na direção de Lansios. Esse golpe infernal passa por Linnor e Lok'tar, que não são acertados por pouco, e toma toda a parte de trás do campo de batalha, acertando Lansios em cheio e criando uma grande explosão de chamas rodopiante, um furacão de fogo crepitante, o inferno pessoal de Lansios.

Ainda imerso nas chamas, Linnor e Miyahara veem Lansios totalmente carbonizado, com quase toda sua roupa queimada, assim como sua pele que apresentava bolhas e queimaduras de terceiro grau, além de seu cabelo, que havia sido completamente queimado e agora restava apenas pequenos tufos. Até o rosto de Lansios estava completamente indiscernível.

Mesmo assim o que era para ser uma comemoração se torna desespero, pois ambos Linnor e Miyahara se recordam que Lansios, o de manto, aquele em especifico que havia lutado com Mímir e Elerd, ainda não havia usado sua "Palavra de Poder: Curar", a magia mais poderosa de Lansios que recuperava todos os seus ferimentos, sem exceção. Mesmo queimado ele ainda não havia morrido, e agora levava sua mão e começava a conjurar sua magia.

Karna havia acabado de usar todas as suas forças, ela não teria tempo de carregar outro golpe como aqueles e atacar novamente. Até mesmo Linnor e Lok'tar não teriam tempo de avançar antes que Lansios se curasse. Mavmarir e Rhastiel estavam focados no outro Lansios, eles não seriam rápidos o suficiente. Lansios abre sua boca e começa a recitar a palavra de poder.

Miyahara entra em transe, seu corpo inteiro se move naquele instante. Se ele não acertasse, Lansios recuperaria todas as suas forças e seria o fim de todos. Arriscando tudo o que tem, Miyahara guarda sua Umê o Kiru com um objetivo. Lembrando de seu treinamento no Seiken, em Edoizu, ele recorda-se do ensinamento de ser preciso e rápido, mas principalmente gracioso.

Com o resto de suas energias divinas, a ultima gota do legado que seu pai deixou, ele potencializa a magia que conjurava, imbuindo uma chama incandescente na bainha e lançando um raio de fogo com seu saque rápido. O outro Lansios, o de traje de batalha, vê que seu outro eu estava para morrer e se prepara para ele mesmo mata-lo, assim poderia transforma-lo em um Devoto de Jivin. O Lansios completamente destruído começa a recitar sua magia.

"Palavra de Poder: Cu-"

"Seiken Umê o Kiru: Hi no Kōsen!"

Com o saque flamejante de Miyahara, um raio de fogo cruza o campo de batalha mais rápido do que os dois Lansios poderiam reagir, e então o corpo do Lansios de manto, o que estava recitando a palavra de poder, é partido ao meio e cai no chão, completamente fatiado e queimado. O enxame de pragas é dissipado, anunciando a derrota e morte do primeiro Lansios.

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