Capítulo 108-"A torre negra"

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Miyahara retorna rapidamente para sua sacada e já é recepcionado por Mímir.

"Tudo certo?" Ele pergunta para o samurai.

"Tudo certo, Mímir." Miyahara se senta na cadeira e começa a fazer alguns sinais de mão rápidos.

Com poucas palavras, o samurai explica toda sua conversa com Linnor por uma mensagem divina que vai como um sussurro na mente de Mímir, incluindo a parte do traidor e do torneio não ser a única coisa importante agora.

Depois de receber essa mensagem, a cara de Mímir se fecha. Como a próxima luta ainda não tinha começado, eles tinham um tempo para conversar, mas isso teria que ser a sós. O anão se aproxima do cercado da sacada e toca nas plantas que estão ali, e elas começam a crescer até cobrir toda a sacada e deixa-los sem exposição para fora. Após isso ele se vira para Miyahara e para dois confusos Otan e Lok'tar.

"Bom, companheiros, eu já sabia disso e escondi isso de vocês. Perdão, Otan, Lok'tar, Miyahara. Eu estava cumprindo minha função como capitão e já sabia que isso iria acontecer. Não conversei com nenhum dos capitães sobre isso, mas estou a um tempo investigando sobre. Como vocês devem imaginar, eu trouxe o traidor para cá. A maior possibilidade é que realmente seja o Qirona por tudo o que ele fez. Eu não tinha falado nada tanto por não conhecer muito o samurai, e desculpe por isso, mas também pois não sei se vocês são capazes de lidar com esse perigo. Entretanto, depois de tudo que passamos acredito que vocês são fortes o bastante para ganhar de qualquer oponente. Mais uma vez, desculpe por esconder isso de vocês. Isso não vai acontecer de novo."

"Ah, sem problemas, mestre." Diz Otan. "Mas você não acha que um traidor seria mais... Como posso dizer... Não obvio com suas trairagens? Porque o Syllael é bem obvio que tem o objetivo de causar o caos, ele não tenta esconder isso."

Mímir coça sua barba. Ele nunca tinha pensado nessa possibilidade.

"Hmmm, realmente faz sentido. Temos que abrir nossos olhos, então. Quem você sugere?"

"Ai eu não tenho ideia nenhuma." Responde Otan.

Mímir vira lentamente sua cabeça na direção do Apresentador. Otan se junta a ele. Se o traidor deve ser alguém imprevisível, aquele cara é o alvo.

"Você tá certo em não ter confiado em mim. A confiança se conquista, ela não é dada." Diz Miyahara. "E sobre o traidor, eu não sei ainda. Temos que prestar mais atenção nas pessoas."

O samurai vê Lok'tar passando um por um dos gladiadores em seus dedos, julgando qual deles tem cara de traidor e qual não tem. Definitivamente vai ser difícil achar o culpado do jeito que o time está.

Mímir toca nas plantas, que abaixam imediatamente, e então os Conquistadores de Prasinui já veem a arena com um novo visual para a próxima luta.

Agora ela era uma grande torre negra dentro de um foço gigante. As paredes dessa torre tinham algumas correntes, umas mais baixas e outras mais altas, próximas do piso. Ela era toda feita de lajotas pretas e ficava longe da muralha da arena. A única conexão era um pequeno corredor preto que ia da torre até o portão.

Nesse momento, Linnor retorna a sacada e vê a arena.

"Bom, isso é um problema." Comenta o capitão.

"Eu não vejo isso. Confio que o Nym pode vencer Syllael." Diz Rhastiel.

"É uma queda bem grande."

"Também é para o Syllael."

Na sacada do Imperador, Savios estufava o peito em orgulho.

"Essa é uma de nossas melhores arenas! Ela demonstra toda a superioridade tecnológica de Flávia perante qualquer outro lugar." Ele se vira empolgadamente para os nobres. "Vejam! O foço tem mais de 120 metros de altura! Garanto que é morte certa para qualquer um que cair lá, até mesmo um capitão!"

Enquanto isso, dois inquilinos no topo do coliseu olhavam a arena de longe. Vaeskia estava bem irritado pela demora de um certo alguém.

"A Karna." Vaeskia olha para Mavmarir. "Será que ela vai demorar muito?"

"Ela não especificou, eu acho. Sei lá. Eu não devo ter memoria boa pra esse tipo de coisa."

Nesse momento um portão se abre, o portão da direita. O Apresentador já esta no meio da torre negra, só esperando a entrada dos dois gladiadores.

"E aqui vamos para mais um embate entre os Conquistadores de Atervos e os Conquistadores de Albalor! Agora está dois a zero para os Conquistadores de Albalor, por meios um pouco diferentes do habitual. Esse homem que vai entrar agora é, sem duvida alguma, o que mais surpreendeu, não por suas habilidades ou por seu carisma natural, mas sim pela sua escolha inesperada de trocar de times!

Ele, que é conhecido pela sua má fama no Submundo Negro! Contratado pelos serviços mais sujos, ele sempre os cumpriu sem perder uma única gota de sangue! Roubar, matar, caçar, ele faz tudo isso por dinheiro! Vindo diretamente da lendária cidade de Salogel, o mais forte mercenário, Syllael Qirona!"

Syllael anda pela estreita passagem com um sorriso no rosto. Ele gosta desse tipo de espetáculo, e gosta de chamar atenção. Quando ele entra de fato na torre negra, o corredor que ligava seu portão a arena retrai, tirando qualquer possibilidade de fuga.

Imediatamente o portão da esquerda abre.

"Do outro lado, o completo inverso de Syllael Qirona! Ele honra em suas costas um legado de gloria, e carrega consigo o símbolo da realeza! Escolhido pela lâmina e pelo herói de Albalor, esse homem é a representação de um verdadeiro caráter! Guiado pelo sua fé, seu destino é se tornar um herói! Ele é alguém que possa se confiar, o homem destinado a ser um símbolo para sua nação, e um herói para o mundo!

O progenitor da família nobre Glynrae, o legitimo ao trono da famosa cidade de Salogel, casa dos grandes heróis! Escolhido pelo sangue, escolhido pelos elfos, escolhido pelo destino! O bastardo abençoado! O Príncipe de Salogel! Nym Glynrae!"

O meio-elfo entra já com sua Lâmina da Lua em mão. Seu olhar era focado, determinado e tinha apenas um alvo em mente: o homem a sua frente, Syllael Qirona.

O corredor que Nym entrou é retraído, deixando apenas ele, Syllael, e o Apresentador na torre negra, sem nenhuma saída.

"Agora não resta nada se não confiar nas habilidades dele." Diz Linnor.

"Olha, aquele meio elfo é até interessante pra mim." Comenta Mavmarir para Vaeskia. "Espero que ele não morra, porque quero enfrentar ele. Olha, eu até fiz uma anotação."

Mav mostra um desenho em seu caderno. Era um rabisco rápido do rosto de Nym com dois xis nos olhos e uma escrita: "meio elfo, alvo fácil." Vaeskia olha para o diário e faz o favor de não ligar nem um pouco.

O Apresentador estufa o peito:

"De um lado, o destinado a ser herói! Do outro, o destinado a ser vilão! De mesma origem, mas com ambições completamente diferentes! Nym Glynrae Vs Syllael Qirona! Comecem!"

Um portal se abre ao lado do halfling, que entra e sai correndo. Agora Syllael e Nym eram o foco de toda a Flávia. O primeiro saca sua Lâmina da Psicose e sua cimitarra normal e depois nota o olhar furioso de Nym, então deixa ele falar.

"Então... O mais forte mercenário é? Que mentira. Conheço dezenas de pessoas mais fortes, sabias e honradas do que você que clamam por esse titulo. Você não passa de um covarde."

"Bom, acho que não começamos da melhor forma nossa conversa, não é majestade? Eu entendo toda a sua raiva. Vá, deixe ela sair, mostre esse ódio guardado, para que possa destrui-lo."

"Isso não vai acontecer. Consigo sentir suas intenções, esperando seus aliados virarem as costas para apunhala-los. Como futuro herói dessas terras, meu dever é não deixar que ninguém mais se machuque com sua lâmina." Nym entra em posição de combate. "Prepare-se, mercenário."

Syllael abre um sorriso fino e guarda sua cimitarra comum. Ele vai quebrar as esperanças de Nym apenas com sua Lâmina da Psicose. Nym, já em posição de combate, foca toda sua atenção no mercenário. Toda Flávia olhava em silencio para os dois, que apenas cruzavam olhares.

"Aqui vou eu."

E ambos avançam.

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