Capítulo 60-"O caminho de um fanático"

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Os dois capitães colidem seus golpes no meio da arena, formando uma onda de impacto que percorre alguns metros de distancia. Ao mesmo tempo, ambos trocam golpes rápidos e medidos. A Língua Flamejante de Karna colide contra o frágil cajado de Mímir. Apesar disso, o anão começa colocando pressão na adversária, que vai pouco a pouco cedendo para o seu lado da arena.

Rapidamente a situação muda de lado quando Karna nota que o cajado de madeira de Mímir começa a ceder para as chamas de seu montante, então ela continua no avanço. Mímir é pressionado por golpes fortes e é pressionado até o lado esquerdo da arena. Ambos os capitães notam que o cajado não durará muito tempo, então Karna encontra uma abertura e coloca toda a sua força no golpe.

O golpe de Karna é forte o bastante para deslocar uma grande massa de ar que ruma até Mímir, que solta seu cajado. Quando a Língua Flamejante vai acertar o anão, uma lâmina de fogo surge de suas mãos e colide contra a arma de Karna. Agora os dois manejam armas de fogo que queimam parcialmente o ambiente em volta. Após uma rápida troca de olhares determinados, os golpes se colidem e Karna e Mímir voltam a ficar emparelhados.

A barbara respira fundo e coloca mais força nos seus golpes. Nesse momento, Otan, Linnor, Ulbrok e Lansios percebem algo diferente nos golpes de Karna. Lok'tar e Vaeskia, dois bárbaros habituados com esse estilo de luta, notam que Karna passou a focar mais em seus ataques do que na defesa, o que compele nela superar algumas vezes Mímir quando seus golpes colidem.

Vaeskia olha para Lok'tar, tentando notar se o companheiro bárbaro também percebeu os golpes furiosos de Karna, mas o orc parece atento demais para olhar pro lado. O homem lagarto volta suas atenções para a arena mais uma vez.

"Rah! Agora isso tá interessante." Diz Vaeskia, que se debruça na sacada.

Já os especialistas em energia divina conseguem sentir exatamente esse tipo de síntese vindo da Língua Flamejante de Karna, confirmando o pressentimento de Linnor.

Ele já ouviu falar de algumas historias sobre bárbaros diferentes do habitual. Normalmente bárbaros são aqueles que seguem um caminho de isolamento, falam pouca ou nenhuma palavra inteligível e só se importam com a porradaria extrema (ou seja, exatamente que nem Lok'tar e Vaeskia), entretanto com Karna parece ser um pouco diferente.

Sua fé em Rubruv, sendo ela uma devota a ele, permite que seus golpes carreguem uma parcela do poder divino do deus das Emoções, o que explica o tamanho e a força dos golpes que ela defere em Mímir, capaz de quebrar a defesa do anão e pressiona-lo mais uma vez. Esse caminho é conhecido como uma fusão entre os clérigos, devotos da fé, e os bárbaros, devotos da batalha. O caminho de um fanático. Linnor se curva em sua cadeira, pronto para analisar bem o combate.

Enquanto os golpes são trocados, Miyahara se recorda da narração previa do Apresentador sobre Karna.

"Então, nosso capitão tá enfrentando uma matadora de dragões. Ele consegue enfrentar ela?" Pergunta o samurai.

"Ele é um dragão." Responde Lok'tar.

"Se ele parar de se segurar ele consegue." Diz Otan, calmo, sem tirar os olhos da luta.

"Não sei, ela matou um dragão, ele é um dragão. Não me parece uma situação muito boa." Comenta Lok'tar.

"Ele é um dragão? Como assim?" Pergunta Miyahara, já afetado pela carta do Idiota

Otan tira os olhos da luta e olha para o samurai.

"Você vai ver." Ele volta a olhar para a luta.

A labareda de golpes continua, todos eles almejando a morte de Mímir, que se protege e desvia como pode. Pouco a pouco fica evidente que os golpes de Karna são mais fortes e rápidos, e quanto mais Mímir parece se cansar, mais Karna parece supera-lo. Cada golpe que ela da ameaça o balanço do anão, que é pouco a pouco lançado de um lado para o outro conseguindo apenas se defender inutilmente.

Algumas vezes o anão acha um contra ataque, mas Karna parece ignorar qualquer tipo de golpe e avança com mais motivação ainda até o adversário, quebrando sua defesa e dando um corte no peito de Mímir. Ele cai para trás e abre toda sua defesa, o que da a oportunidade para um golpe final de Karna. Ela ergue sua Língua Flamejante com tudo e parte num golpe vertical para corta-lo ao meio, mas suas mãos param.

Os galhos das arvores tomam vida própria com os sinais de Mímir e segura a barbara antes que ela possa dar um ataque. Se recompondo, o anão da um golpe no peito de Karna, que parte as vinhas na base da força e desvia.

Mímir deixa que Karna avance e toma uma postura defensiva. Os galhos das varias arvores em volta dos gladiadores perseguem Karna, tentando segurar seus pés, mãos, braços ou apenas machuca-la semelhante a um chicote. A barbara corta a maioria deles com o fogo do montante, mas isso faz com que sua saraivada de ataques diminua de potencia. Mentalmente ela se amaldiçoa por ter deixado Mímir escolher a arena.

Varias vinhas vão na direção de Karna, que da um corte circular em torno de seu eixo e as destrói, ganhando tempo para avançar em Mímir. A Língua Flamejante colide com a lâmina de fogo de Mímir. O embate termina mais uma vez em vitória da bárbara, que vence o adversário na força e abre uma abertura.

"De novo ali!" Pensa Karna. "No centro de gravidade dele!"

Ela avança com tudo almejando um corte bem na barriga de Mímir, que é defendido por varias vinhas que aparecem na sua frente e formam um grande e espesso escudo. Nem mesmo o golpe de chamas e energia divina de Karna é capaz de destruir a barreira rapidamente, e o pouco tempo que Karna perde para destrui-la da a Mímir o tempo para contra atacar.

Saindo de seu escudo com um pulo para a direita, ele faz alguns sinais de mão e forma varias rajadas de gelo que acertam com tudo Karna, que é arremessada para o outro lado da arena. O corpo de Karna bate com tudo na muralha enquanto é ainda enxurrado de varias estacas de gelo, e para finalizar as vinhas chicoteiam toda a região para tentar dificultar mais ainda o escape de Karna. Pouco a pouco, todos da arena perdem a visão da capitã, soterrada pelos golpes de Mímir.

Vaeskia desmonta sua empolgação e senta na cadeira decepcionado.

"Ah, acho que já era nossa chance de vencer nos confrontos individuais."

"Calma ae lagartinho." Diz Tomoki. "Dá uma olhada direito."

As vinhas são incineradas repentinamente. O gelo começa a se derreter até voltar a sua forma liquida. Mímir retoma sua postura de batalha quando vê uma labareda de chamas irrompendo de onde Karna estava.

O gelo da lugar a um incêndio, e dele saem dois cavalos flamejantes que queimam tudo a sua volta. Eles carregam uma carruagem de fogo que é dirigida por Karna Arvana, ensanguentada, mas de pé. A tatuagem que ela tinha abaixo de seu olho esquerdo queimava e sumia.

Karna foca seu olhar em Mímir, abre um largo sorriso e ordena os cavalos a seguir em frente enquanto segura sua Língua Flamejante.

"Beleza! Vamos lá, porra!"

Old Dragon: Torneio da Conquista Onde histórias criam vida. Descubra agora