Capítulo 7-"Miyahara Kazuki"

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Kefala não tem realmente subúrbios, mas se tivesse, o local onde Miyahara está definitivamente seria um. Distante e excluso do centro da cidade o suficiente para não ser considerado centro da cidade, mas não distante e excluso o suficiente para ser da periferia, e sim um misto das duas coisas. E quem está em um misto agora mesmo é Miyahara Kazuki.

Aquele era um importante dia de comemoração, afinal já fazia alguns anos desde que chegou a Ilha de Kefala e se tornou cliente frequente do estabelecimento. A noite iria ser longa, com basicamente todas as garotas da casa a seu dispor, mas ele não conseguiu esperar a tempo e já começou os "comes e bebes" com duas acompanhantes em uma sala privada.

No canto do quarto está seu quimono preto, e na mesa está sua uchigatana (uma katana mais curta que o comum). Duas belas garotas abraçam Miyahara, cada um de um lado, e exibem sua "bagagem de frente" para ele, que fecha os olhos e apalpa os presentes.

A mão de Miyahara passa pelas curvas de uma das suas acompanhantes, subindo lentamente enquanto desperta comentários quentes das meretrizes, e então a mão do samurai se aproxima do pote de ouro, e começa a apalpa-lo.

Miyahara já tem muita experiência com mulheres, e dada sua linhagem favorecida e seu estilo de vida mulherengo, ele sabe muito bem o corpo de uma mulher e todas as suas delicadas nuances. É por isso que quando a mão de Miyahara apalpa aquilo, ele imediatamente percebe que não se trata do confortável par de peitos de nenhuma moçoila, e sim do saco de um homem.

"Sério? Não acredito que me mandaram buscar um pervertido." Diz a voz, que obriga Miyahara a abrir os olhos assustado. "Tira a porra da mão daí, palhaço."

"Que?" Diz Miyahara, abrindo os olhos e olhando para o invasor. "Você é uma das acompanhantes? Não tem cara de cortesã."

E de fato não tinha. Aquele homem era alto e com um físico bem forte, seu cabelo branco era espalhafatoso, bagunçado para todos os lados mas mesmo assim continuava bonito. Sua pele era azul clara, quase um azul pastel, e tinha linhas brancas reluzentes pelo corpo. Ele vestia roupas extravagantes, parecendo um nobre de alto escalão. Uma grande pantalona azul escura com detalhes ricos em dourado, além de uma camisa branca com uma gola grande e por cima um manto vermelho e dourado com ornamentos muito bonitos. Somado a tudo isso ele tinha varias bijuterias, colares, anéis, joias e afins, em quase todos os lugares do corpo, mas o mais característico era um pano amarrado em seu olho direito, que o tapava. Seu olho esquerdo estava descoberto e tinha um leve tom prateado. Como alguém experiente com pessoas bonitas, Miyahara era obrigado a admitir que aquele homem era bem atraente (mesmo não sendo o tipo dele).

"Eu vim te buscar. Lansios me enviou até aqui." Diz o homem, enquanto se afasta das mãos do samurai.

"Lansios Highal", esse era um nome que Miyahara não esquecera. Ele se encontrou com esse estranho ser a alguns anos atrás, e os dois lutaram por um breve momento. Mesmo utilizando de todo seu arsenal magico e mesmo usando todos os poderes de sua linhagem, o samurai pouco conseguiu fazer contra aquela pessoa, que não a matou pois afirmou gostar do poder bruto do samurai.

"Lansios? O que ele quer?" Pergunta Miyahara.

"Ele esta formando um time. É para o Torneio da Conquista. Você deve saber o que é isso." Diz o homem.

"Torneio do que?"

O quarto fica em silencio por uns segundos. Miyahara olha para o homem, que olha para Miyahara, que olha para as meretrizes que devolvem o olhar ao homem.

"Você mora do lado de Flavia e não sabe do Torneio da Conquista?"

"Por que eu deveria saber? Tenho mais coisas pra me preocupar." Diz Miyahara, trazendo as duas para mais perto.

O homem suspira e por fim explica que Lansios quer que ele esteja no time de Atervos, o deus do Poder. Para olhares menos atentos, Miyahara pode parecer só alguém bonito e com um bom porte, mas os mais treinados conseguem perceber a habilidade nata dele. Assim como quase todos os samurais vindos de Edoizu, ele apresenta grande domínio com a espada e suas habilidades são temíveis para a maioria dos guerreiros. Além disso, Miyahara guarda um grande poder dentro dele, vinda diretamente de seus olhos dourados que fitam o homem agora.

"Eu sou Akash. Vamos logo que ele está nos esperando." Diz Akash.

"Ai ai, é garotas eu acabei de receber um compromisso inesperado e preciso ir." Diz Miyahara, se afastando das garotas (mas não antes de dar um beijo em cada uma).

O samurai pega sua uchigatana, veste seu quimono e ajeita seu cabelo e sua barba, ambos pretos e bem cortados, e então segue Akash para fora do bordel.

"Mas então, o que o vencedor do torneio ganha?" Pergunta Miyahara.

"O que quiser."

"Como assim?"

"Literalmente o que quiser. Pode ir se decidindo, os deuses vão conceder qualquer desejo pra você."

Agora sim o samurai viu vantagem. Quem sabe no caminho ele não encontra algumas gatinhas para passar um tempo.

Longos cabelos loiros voam com o vento. Em cima de uma das grandes e complexas construções de Kefala, Lansios Highal se sentava. De longe ele observava duas silhuetas se aproximando da costa, uma delas seria um de seus maiores empecilhos: Karna Arvana. E seu outro empecilho não estava tão distante. Lansios olha para o Biblioteca Geral de Conhecimentos de Kefala, em busca do líder do time de Caerulin.

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