Capítulo 122-"O templo da montanha nevada"

3 1 0
                                    

As terras do norte de Aurelor e Helísia tem uma lenda em comum.

Dizem que um templo de Caerulin, escondido pela neve cruel do inverno, pode trazer a sabedoria e razão para aqueles que a encontrarem e a abençoarem com tesouros.

Foram vários os que já foram nesse lugar, desde verdadeiros devotos do deus da Razão quanto por temerosos da punição divina ou amantes das historias e lendas. De qualquer jeito, a lenda sobre esse lugar foi crescendo.

Era comum que, para que Caerulin lhe desse o dom da sabedoria, o devoto oferecesse algo em troca. As lendas diziam que a oferenda deveria ser um item que carregasse o próprio poder de Caerulin, ou seja, que carregasse energia arcana consigo. Em suma, para obter a sabedoria de Caerulin, em troca se daria um item magico.

Entretanto, essa é a verdade?

A resposta se encontra no fim obscuro dos primeiros homens que alcançaram o topo do Submundo Negro. Não é errado dizer que seu império, construído em anos de esforço e dedicação, se foi justamente por ser tão grande quanto foi. O líder de tudo, o Caronte do Submundo, Akash, tomava a dianteira dos negócios e dos contrabandos, enquanto seu companheiro Nikopol se mantinha nas sombras do processo, focado em seus estudos arcanos.

A importância dos dois era maior do que de reis. Uma ordem deles movia a economia e impactava vidas. Não era errado dizer que eles, de fato, eram os verdadeiros reis do mundo naquele momento. Entretanto, tanto Akash quanto Nikopol sabiam que aquele tempo não duraria para sempre.

Não se sabe ao certo como, mas uma emboscada foi feita para pegar os dois líderes do Submundo Negro. Dizem as lendas, e a dupla supôs isso também, que algum de seus aliados mercenários os entregaram. O fato é que os reinos da época se juntaram e caçaram os dois.

Porém não foi tão fácil quanto imaginavam. Akash e Nikopol estavam no auge de suas habilidades e podiam limpar grupos inteiros de homens. Além disso, ambos sabiam que poderiam aguentar se usassem sua influencia.

Eles rumaram para o norte, usando seus contatos para se manter em tavernas e abrigos no meio do inverno. Fugindo, caçando, lutando, os dois companheiros travaram uma guerra por quase um mês contra os exércitos inimigos.

Mesmo assim, os dois sabiam que seus tempos já haviam chegado. Eles lutavam próximos ao topo de uma montanha gelada ao norte da atual Helísia. Haviam finalizado os últimos homens da frota que os caçavam, mas sabiam que mais estavam subindo.

Um pequeno ponto de luz vaga pelo ar, entrando em meio ao grupo armado que subia as montanhas. Eles olham confusos para aquela bola de energia diminuta, que rapidamente cresce e se torna uma bola de fogo. O grupo é queimado vivo enquanto cai junto com a neve derretida da montanha.

"E lá se vai minha magia mais forte." Diz Nikopol, em um suspiro. Ele olha para Akash, que cuidava de suas feridas logo ao lado. "Alguma ideia do que fazer agora?"

"Vamos circundar a montanha. Eles não vão perceber, então podemos nos hospedar na vila mais próxima." Akash se levanta e se aproxima de Nikopol. "Talvez alugar um barco, ir para outro lugar."

O mago olha para baixo, vendo mais homens subindo pouco a pouco. O frio era incessante.

"Não podemos fugir para sempre, você sabe." Nikopol olha para Akash. "Nosso tempo acabou."

"Não é do seu feitio desistir assim." Akash sorri, talvez tentando evitar uma conversa pesada. "Vamos lá, se irmos agora dá tempo."

Akash da as costas e ruma para o outro lado, mas Nikopol segura seu braço.

"Eu não tenho mais magias. Também não tenho mais forças." Nikopol olha para Akash com pesar. "E não tenho mais sonhos."

Os gritos dos soldados abaixo começam a aumentar.

Old Dragon: Torneio da Conquista Onde histórias criam vida. Descubra agora