Capítulo 97-"Missão muito possível"

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Linnor e Naqrin se preparam para continuar sua luta. Uma parcela da torcida, surpresa pela determinação do meio dragão, começa a se empolgar e grita o nome dos dois lutadores.

Os gritos da plateia ecoam pelo coliseu, passando pelos corredores e chegando até lugares mais profundos da construção. Em um desses lugares, Mavmarir e a tropa dos homens lagartos faziam sua missão de resgate secreta.

O bardo toma frente enquanto cinco homens lagartos o seguem em passos silenciosos, completamente obscuros como verdadeiros ninjas. Ao virar a primeira esquina o grupo da de cara com um guarda, mas antes que Mav possa fazer algo, um homem lagarto pula no pescoço dele.

"Vão na frente!" Grita o homem lagarto, completamente furtivo. "Eu cuido desse cara!"

Zuk faz um sinal de joia para ele e todos continuam. Esse procedimento se repete mais três vezes enquanto eles descem os andares do coliseu, até todos os homens lagartos, exceto Zuk, terem ficado para trás para lidar com um eventual guarda (e come-lo também).

Finalmente, Mavmarir e Zuk estão nas escadas escuras do calabouço, onde apenas um guarda, o que havia falado com Mav e Karna antes, estava. Zuk olha para o companheiro.

"E ai, qual que é o plano agora?" Zuk estrala sua mão. "Eu posso da conta desse cara."

"É, é, claro. Pode cuidar dele." Mav da um tapinha em suas costas para tira-lo de sua frente.

Zuk pula como um predador no ombro do guarda, que começa a gritar em socorro mas rapidamente tem sua cabeça arrancada por uma mordida voraz. Zuk finaliza o pobre homem e cospe sua cabeça no chão.

"Blergh, gosto ruim."

"Muito bom, muito bom, muito bom trabalho! Tá de parabéns!" Diz Mav, que bate palmas enquanto anda até a cela reforçada de Vaeskia.

"Obrigado, garoto! Você sabe, eu fui o Rei Lagarto depois do pai dele." Zuk sorri de forma orgulhosa. "Por falar nisso, era aqui que ele deveria tá."

Zuk olha para as celas em volta. Além da cela reforçada, duas celas de grades normais estão em cada lado dessa. O homem lagarto olha para um miserável esquelético da cela.

"Esse cara não parece o Vaeskia."

"É nesse bagulho aqui." Aponta Mav para a grande porta de ferro.

Vaeskia ouve barulhos estranhos do lado de fora de sua cela. Seus braços, pernas, cauda e focinho estão presos em correntes de ferro grossas. Se ao menos um desses membros estivessem soltos, ele conseguiria se soltar facilmente, mas agora tudo o que ele pode fazer é ouvir os sons de fora.

Mav e Zuk se aproximam da porta e ouvem os sons dos sibilos de Vaeskia. Eles tem um tom de raiva, tanto pela situação atual que Vaeskia se encontra quanto pela humilhação de ter que passar por isso para ter sua liberdade.

"Viu? Ele tá feliz por a gente encontrar ele, muito bem." Zuk da um tapa nas costas de Mav. "Vamos, vamos, liberte ele agora. Faça sua coisa."

Mav olha para a porta.

"Tá..."

O bardo se aproxima do guarda morto no chão e vasculha seus pertences, achando um molho de chaves. A cela de Vaeskia tem um dupla fechadura, ou seja, vai demandar duas chaves para liberta-lo.

"É... Então, a gente precisa de um jeito pra abrir isso, obviamente, e eu não sei como. Eu não tinha parado pra pensar e não lembrava como era essa porra dessa tranca."

Mav balança a pequena grade da cela enquanto Vaeskia se contorce em raiva. O bardo olha para Zuk.

"Tu consegue arrancar essa porra na força bruta? Sei lá né, tu acabou de arrancar a cabeça do maluco."

"Eu posso tentar. Certeza que vou conseguir." Zuk da uma cabeçada na porta, que nem amassa. "Não funcionou. Algum outro plano, gênio?"

"Quer tentar pra mim cada uma dessas chaves nessa tranca aqui?" E Mav entrega o molho para Zuk.

"Mas é claro."

Zuk pega uma chave e bate com ela na porta. A porta não mexeu nem um centímetro, já a chave entretanto, quebrou. Inconformado por não ter funcionado, Zuk pega outra chave na expectativa que essa abra a porta.

"Não! Não! Não! Não!" Mav pega o molho.

"O que foi?"

"Deixa que eu cuido disso."

"Moço, ei! Se você me tirar daqui eu te digo qual é a chave."

Mav olha para a cela a sua esquerda. Quem dizia isso era uma criança maltrapilha com um sorriso malandro no rosto. Ela provavelmente viu Vaeskia sendo preso e realmente deve saber qual é a verdadeira chave. Mavmarir olha para Zuk e depois para a criança.

"É, acho que não tenho escolha."

Ele se aproxima e abre a cela com a chave que o pequeno aponta para ele. Nesse momento outro prisioneiro, que estava um pouco no fundo, sai correndo, passa por Mav e sobe as escadas.

Na direita, outros dois prisioneiros correm até suas celas e gritam para que Mav também os libertem. A criança sai da cela e aponta para duas chaves no molho.

"É essa grandona aqui e depois essa pequena. Eu já vi eles abrindo hoje. Seu amigo ai grita bastante ein?" A criança corre até a escada. "Boa sorte e obrigado!"

"Que moleque convenientemente esperto." Diz Zuk.

Mav tenta as duas chaves que o garoto apontou e a cela se abre. Zuk tira a porta da frente e ambos veem um Vaeskia extremamente puto, totalmente acorrentado e de joelhos na lama.

"Vaeskia! A quanto tempo!" Zuk se aproxima e da um tapinha em seu ombro.

Vaeskia grunhe.

"Então, acho que essa é a melhor hora pra gente conversar. Me desculpa por tudo o que eu fiz, você sabe-"

"Vamo logo, tira esse cara dai das correntes. Faz qualquer coisa." Resmunga Mav.

"Me solta." Grunhe Vaeskia.

'Ta bom." Zuk arranca as correntes dos braços, das pernas e da cauda de Vaeskia, que segura sua focinheira e a destrói facilmente.

Os dois homens lagartos cruzam olhares por alguns segundos. Vaeskia quase avança em Zuk mas se segura por pouco.

"Olha, olha, eu sei que você guarda ressentimentos, ok? É que depois da minha experiência pós morte eu pensei que a gente deveria fazer algo pra te ajudar, mas a gente não te achava. Eu sinto muito pelo que fiz, de verdade." Zuk coloca a mão no ombro de Vaeskia. "Mas foi legal meu período como Rei Lagarto. Bom, apesar disso, eu e meus companheiros... Seus companheiros, esperam por você garoto."

Enquanto essa tocante cena ocorria, Mav se aproximava da outra cela.

"Olha, eu não sou muito disso, mas acho que vou fazer um ato de caridade. Vocês sabem qual a chave de vocês?"

"Essa aqui! Essa aqui!"

Mav pega a chave os destranca.

"Deem uma voltinha por ai. Não precisa me agradecer."

Os dois prisioneiros saem correndo e sobem as escadas, deixando Vaeskia, Zuk e Mav sozinhos no calabouço (e o corpo morto do guarda).

"Meu caro, eu sei que você tem coisas pra resolver, então vamos esperar no lugar que você sabe bem. Minha missão aqui está cumprida." Zuk olha para Mavmarir. "Obrigado companheiro, você foi de grande utilidade."

"O Tomoki provavelmente tá morto e a Karna tá esperando a gente lá em cima do coliseu." Diz Mav. "Então... Bora lá."

Vaeskia se ajeita e ruma com Mav até o local que ele diz, mas no caminho ambos passam no arsenal de Flávia. Por sorte deles nenhum verdadeiro perigo se colocou sem seus caminhos, então Vaeskia conseguiu pegar de volta suas duas espadas, além de pegar uma espada grande e uma adaga.

Com tudo pronto para a ressureição dos Conquistadores de Rubruv, Mavmarir e Vaeskia rumam até o ponto de encontro: o topo do coliseu de Flávia.

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