Capítulo 110-"Agreste das fadas"

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"É exatamente como você disse." Diz Linnor ao ver os dardos anti magia de Syllael. "Como conseguiu perceber isso em um espaço tão curto de tempo, Rhastiel?"

"Apenas estava atento nos movimentos daquele merdinha." Comenta Rhastiel, que imediatamente da uma tragada em seu cachimbo. "Agora Nym sabe como lidar com ele."

De outra sacada, alguém parecia bem bravo.

"Seu filha da puta lixoso do caralho!" Grita Miyahara, que se senta irado ao descobrir que era algo assim que o impedia de soltar magias.

"Hm, como esses dardos iriam funcionar contra energia divina?" Pergunta Otan

"Temo que da mesma forma." Responde Mímir. "As magias de Miyahara eram energia divina, e também eram canceladas. Creio que ele iniba qualquer fluxo de energia no corpo. É uma coisa realmente engenhosa, não imaginei que ele conseguiria fazer isso. Ele nunca usou contra mim. Talvez ele tenha feito isso para usar contra mim... Que filho da puta."

Evidentemente que os dardos eram feitos para lidar com Mímir, afinal de contas Syllael nunca seria páreo para o poder de fogo e as transformações bestiais de Mímir.

"Complicado esse negocio de magia, né?" Pergunta Vaeskia para Mav, que prontamente ignora a zoação.

"Espera, espera." Diz Akash. "Se aquilo tudo era causado por causa desses dardos, como o samurai não percebeu que tinha um monte deles fincados no manto depois da luta?"

"Aqueles dardos são bem pequenos." Explica Lansios. "Pelo que Syllael me explicou, eles injetam a toxina que inibe o fluxo de magia e logo depois saem sozinhos do alvo. Após alguns minutos ele se dissolve quase que completamente no ar, sem deixar nenhum rastro."

"Isso até que é bem esperto para alguém como ele." Finaliza Akash.

Enquanto isso, Linnor planeja colocar parte de seu plano em ação. Ele olha para Rhastiel e se levanta da cadeira.

"Bem, eu vou ver um negocio rapidinho. Já volto."

Rhastiel estranha, mas apenas confirma com a cabeça, ficando mais uma vez sozinho na sacada dos Conquistadores de Albalor.

Enquanto isso, a batalha entre os meio elfos continuava a todo vapor. Nym avançava mesmo sem armadura, mas o confronto entre os dois pendia cada vez mais para o lado de Syllael, que começava a acertar alguns golpes rápidos e precisos no peito de Nym. Mesmo com a Marca do Caçador ativa, pois o dardo anti magia só afetou a muralha de vento, Nym era pressionado mais uma vez até o canto da arena.

Uma colisão entre a Lâmina da Psicose e a Lâmina da Lua joga Nym para baixo, que acaba caindo em uma das correntes mais baixas da terre negra. Syllael pula com força no começo da corrente, fazendo uma onda de impacto que desequilibra Nym. Ele não cai por pouco, conseguindo se segurar com seu braço esquerdo e rapidamente voltando a posição original. Ambos se mantém concentrados na postura e começam a trocar golpes calculados.

"Imperador Cícero! Veja a plateia!" Savios aponta para a arquibancada, que gritava de emoção graças a batalha nas correntes e seu fator inesperado. "Parece que a qualquer momento um deles pode cair!"

"Foi uma ótima ideia termos pensado nessa arena." Comenta Cícero. "Estou empolgado para ver qual deles cairá primeiro. São dois gladiadores muito equilibrados em habilidade."

"Parece que não será assim por muito tempo." Diz Dominic. "Vejam com atenção."

A troca de golpes começa a ficar intensa e, mesmo com o acréscimo físico da Marca do Caçador, Nym é colocado na defensiva. Cada golpe, acertado ou defendido, obriga o meio elfo a se equilibrar na corrente para não cair. Mais do que um combate de técnica, aquele combate era de equilíbrio: o primeiro que se desconcentrasse cairia.

Syllael percebe que Nym já começa a ficar cansado. A Marca do Caçador demanda bastante energia, além disso ele estava mais ferido e, mesmo com a Lâmina da Lua ajudando, sua falta de técnica se comparada com Syllael era um fator importante em um duelo tão preciso quanto esse em meio as correntes.

Syllael avança com um corte lateral mirando o pescoço de Nym, que defende imediatamente com a Lâmina da Lua. Por um momento a guarda de Syllael estava aberta, e ele não perderia essa chance. Nym se concentra na Lâmina da Lua, que começa a ser envolta de uma energia elfica estranha.

Mavmarir sente um déjà vu da primeira vez que viu Nym Glynrae lutar, ainda na Fase Um contra os gladiadores da ilha de Flávia. Naquele momento, durante toda a confusão da batalha, apenas o bardo percebeu essa característica de Nym, mas agora em um duelo um contra um era evidente a energia em sua espada.

Uma fina energia roxa cobre a Lâmina da Lua. Syllael imediatamente reage levando sua mão até um dardo anti magia, mas percebe que aquela energia não era algo magico, era algo vindo do interior de Nym. Em todos os seus anos como mercenário, Syllael nunca viu algo assim.

A batalha começa a se virar para o lado de Nym, que pressiona seu adversário com a energia pálida que imbui sua arma.

"Nossa, eu não sabia que ele podia fazer isso." Comenta Mímir ao ver os golpes de Nym. "Então é essa a força dos companheiros do Sherwood. Vocês entendem o que está acontecendo?"

"Bem perspicaz do pequeno príncipe." Comenta Otan.

"O que que tá acontecendo? Alguém pode explicar?" Pergunta Miyahara.

"Permita-me explicar, caro samurai." Mímir abre um sorriso orgulhoso e começa a explicar. "Aparentemente Nym é um escolhido das fadas, os espíritos elficos da floresta de Salogel. Ao menos esse é o meu chute. Ele não é um simples príncipe, ele é bem mais escolhido do que só ser da linhagem. Ele consegue usar essas energias para aumentar seus golpes. Parece ser semelhante com os golpes do Skamenos, afinal também parecem acertar Syllael na mente, deixando-o lento pouco a pouco.

Miyahara olha para a luta e percebe que, de fato, os movimentos e reações de Syllael parecem um pouco mais lentos.

"Finalmente esse merda tá tomando o próprio veneno."

Enquanto isso, os feitos de Nym impressionavam outro grupo de Conquistadores.

"Agreste das fadas, ein." Elerd parece visivelmente interessado no garoto. "Nunca imaginei que ele apresentaria um traço tão raro quanto esse."

"Explique." Diz Salazar, de forma ríspida.

"Ele é um ser de dois planos." Explica Miz'ri. "Em resumo é isso. Alguém que nasceu com dons elficos capazes de usar, ou pegar emprestado, os poderes elficos."

"Você sabe bastante, Finrod." Diz Elerd.

"O plano feérico não é muito diferente de meu objetivo final. Mas esse garoto tem uma habilidade rara, suponho que graças a seu sangue nobre. Numa escala de um em um milhão, talvez até mais."

"Elfos, feéricos, fadas..." Ulbrok coça a cabeça confuso. "São muitos nomes. Não consigo entender tudo isso."

"Não precisa se preocupar." Diz Elerd. "Apenas se foque na força do Glynrae que você entenderá tudo."

No topo do coliseu, Vaeskia olha para Mavmarir.

"Então era isso que você tava falando."

"Sim" Diz Mavmarir. "Mas mesmo assim ele continua sendo fraco."

Quase como se respondesse ao comentário do bardo, Nym avança corajosamente até Syllael, que se vê na defensiva de novo. A Lâmina da Lua avança até a perna direta do mercenário, que defende mas não tem tempo de reagir ao segundo ataque, que faz um corte em cima de seu olho esquerdo, bem no supercilio. Uma boa quantidade de sangue jorra do corte, basicamente obrigando Syllael a lutar com apenas um olho.

Nym avança mais uma vez, mas ao invés de atacar Syllael ele faz um acrobacia e pula de volta para a arena. Syllael imediatamente evita pular, achando que Nym o atacaria no mesmo momento, mas percebe que o garoto está a sua espera lá em cima.

Syllael pula e ambos voltam para a estaca zero mais uma vez. Nym limpa o sangue da Lâmina da Lua, diferente de Syllael que sempre mantém o sangue do adversaria em sua Lâmina da Psicose.

"Ora, demonstrando compaixão logo agora?" Pergunta Syllael.

"Não se preocupe, apenas quero te fazer uma pergunta. Seus pais são Paeral e Tarathiel Qirona?"

Syllael sorri diabolicamente.

"Finalmente reconheceu?"

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