Marcas do Passado

Capítulo 14

NATALIE NARRANDO...

A primeira semana foi melhor do que eu esperava e o final dela foi bem estranho. Vê-la não me causou medo, ou pavor como ela acha que causa nas pessoas. Ela é uma mulher linda que sofreu um acidente e ficou com cicatrizes, mas não deixou de ser linda. Ela era tão bonita que eu não parava de pensar nela e isso estava me deixando incomodada já. Fiquei muito assustada quando ela passou mal, mas logo ela ficou bem. Na sexta feira ela decidiu ir ao sarau da filha dela. A Maya ficou tão feliz que dava gosto de ver e ela ainda aceitou ir numa pizzaria. Ela estava sempre muito nervosa e tensa com medo de ser vista, de ser reconhecida. De madrugada perdi o sono, pensando nela então fui fazer um chá e dei de cara com ela na cozinha chorando descontroladamente. A fragilidade dela era terrível de ver. Eu a abracei, mesmo ela tentando ser grossa. Aquela grosseria dela na verdade era defesa. No dia seguinte fui pra casa da minha tia bem cedo, tomei café da manhã com ela, contando como foi minha semana sem dar detalhes. Eu fiquei de almoçar com a Rafa. Fui até a casa dela e ela estava com a barriga ainda maior, parecia ter crescido de uma semana pra outra.

Rafa: E como tem sido lá com a dona Priscilla?

Eu: Intenso. Muitas coisas aconteceram em uma semana. – contei tudo a ela.

Rafa: A dona Priscilla é bipolar Natalie, ela já era antes do acidente, mas era bem discreto e o transtorno depois do acidente ficou bem acentuado. Uma hora ela vai estar muito bem outra hora ela vai estar um bicho, outra hora ela vai estar no auge da fragilidade dela. Por isso todos falam para não levar para o coração o que quer que ela diga ou faça. Ela nunca foi uma pessoa ruim. Ela vem tentando ser uma boa mãe para Maya e quando ela falha ela fica triste e depois ela explode na raiva e depois ela tenta consertar, você vai ver isso acontecer algumas vezes. A Maya é uma menina muito doce, um tanto geniosa as vezes, mas é uma menina que está se descobrindo, que está crescendo e que está cheia de duvidas na cabeça, de sonhos, de novidades. Que vai entrar em conflito com a mãe inúmeras vezes ainda. Ela tem verdadeira adoração pela dona Priscilla e quando ela não da a atenção que ela precisa, ela fica arrasada e depois fica com raiva e apronta alguma coisa pra chamar a atenção da mãe. – conversamos muito sobre tudo isso. Passei a tarde toda com ela e fui pra casa. Sai para jantar com a minha tia, fomos num restaurante legal. No domingo recebi uma visita inesperada. Elisabeth, minha ex sogra.

Eu: O que faz aqui Beth?

Beth: Precisa tirar meu filho da cadeia.

Eu: Você só pode estar brincando comigo não é? Seu filho é um traficante, seu filho matou pessoas, seu filho viciou pessoas, cometeu crimes horríveis. Eu não posso tirá-lo da cadeia, nem se eu pudesse, nem se eu quisesse. Eu fui presa por causa dele enquanto eu nem sabia o que ele estava fazendo, é muita cara de pau sua vir aqui me pedir uma coisas delas. – falei com raiva.

Beth: Vão mata-lo naquela cadeia, precisa ajuda-lo a fugir Natalie, ele está doente, ele precisa se cuidar, ele te livrou da cadeia, você pode ajudar. Ele vai sumir do Rio, mas precisa ajudar.

Eu: Está maluca? Não. Não conte comigo pra isso. Eu não vou estragar minha vida por causa dele de novo, não vou fazer isso de jeito nenhum.

Beth: Vai se arrepender disso. Ele sempre foi um bom marido apesar de tudo. - eu comecei a rir.

Eu: Vai embora daqui... – abri a porta pra ela – Não me procure mais por favor. – ela saiu sem dizer nada. Era muita cara de pau dela vir atrás de mim, me pedir para ajudar na fuga do criminoso do filho dela. Está explicado porque ele chegou nesse ponto. Eu fiquei incomodada o dia todo. Almocei com a minha tia e a minha prima arrumei minhas coisas, a noite fui dar uma volta na praia eu gostava de ir a praia a noite, me sentei na areia fiquei pensando em muitas coisas e uma delas foi na dona Priscilla, eu viinha pensando muito nela, numa intensidade que eu não sabia explicar. Cheguei na casa por volta de 22:30. Passei pela área da piscina e ela estava nadando. Ela estava com dor certamente. Eu fui para dentro arrumei minhas coisas, deixei meu uniforme pendurado para a manhã seguinte, coloquei um pijama e logo bateram na porta. Eu abri para ver quem era e ela era.

Eu: Senhora? Boa noite.

Pri: Boa noite senhorita Smith. Passou por mim e não me cumprimentou.

Eu: Me desculpe, achei que não tivesse me visto e não quis atrapalhar.

Pri: Não atrapalha... – ela falava séria.

Eu: Me desculpe. Como foi seu final de semana?

Pri: Bom e o seu?

Eu: Bom.

Pri: Ok. Até amanhã. Boa noite.

Eu: Até amanhã, boa noite. – ela saiu. Eu fechei a porta e fui pra cama – O que foi isso? – peguei meu celular e mandei mensagem pra Rafa.

Rafa, a dona Priscilla foi sombria agora. Cheguei e ela estava na piscina, estava nadando achei que ela não tinha me visto então não a cumprimentei. Ela bateu no meu quarto e falou que passei por ela e não a cumprimentei. Ela estava séria, fiquei assustada. Ela só disse isso eu disse que não queria atrapalhá-la e ela disse que não atrapalhava, perguntei como foi o final de semana dela ela foi seca como o de costume perguntou do meu, me desejou boa noite e saiu. Ela literalmente pareceu um fantasma.

Logo a Rafa respondeu...

É normal Natalie. E ela deve estar com dor e irritada. Não se preocupe com isso.

Eu demorei um pouco a dormir, mas conseguidormir. Acordei de manhã tomei banho me troquei e fui trabalhar. Chequei aorganização da mesa de café da manhã, a Maya desceu para tomar café primeiroela tinha que ir pra escola. Ela avisou que a amiga vai passar a semana emcasa, que a mãe dela já sabia e já tinha autorizado, ela pediu para arrumar umquarto de hospedes caso a amiga não quisesse dormir no quarto dela com ela elogo foi para o colégio. Dona Priscilla tocou a campainha, ela não estava a fimde ser vista. Eu sai da sala de jantar e fui para o escritório da Rafa queagora era meu. Fui checar algumas coisas, fiz várias ligações, falei com algunsempregados passei a manhã toda resolvendo algumas coisas como a limpeza dapiscina, os cuidados com o jardim. O telefone tocou eu atendi e era oempreiteiro falando que as obras do muro da frente começariam em dois dias. Fuifalar com a dona Priscilla e ela ficou de costas pra mim. Ela me respondeumuito seca e agradeceu e eu sai. Ela almoçou sozinha, no meio da tarde a filhadela chegou com a amiga, elas foram se trocar e desceram para tomar café datarde, dona Priscilla estava gritando no telefone com alguém. Ela estava muitoirritada nesse dia.