Capítulo 47

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 Logo chegou a audiência. Era na corte de Manhattan, e estavam meus pais, eu, minha filha, a Natalie, Mariela e Josh, minha advogada e a irmã da Mikaella, Chanice, que nunca ficou do nosso lado, mas sabia o quanto o que aquela mulher queria era absurdo. Logo ela chegou com o advogado dela, o marido Jarod, o genitor da Maya com um homem. Ele era estranho, tinha um olhar sombrio. Não sabia o que ele fazia ali, já que ele estava numa clinica de reabilitação. A juíza entrou se apresentou e apresentou o caso.

Ela ouviu primeiro minha sogra que fez todo um drama e até forçou um choro. Ouviu Mariela também, depois foi a minha vez de falar e a vez do tal do Keaton que contou que está numa clinica de recuperação mas que tinha interesse de conviver com a filha quando saísse. Ele não tinha interesse algum, ele estava ali obrigado pela Mikaella. Logo foi a vez da Maya falar.

Juiza: Maya, tudo bem? – sorriu terna.

Maya: Tudo bem. – sorriu um tanto nervosa.

Juíza: Podemos falar agora. Precisa de um tempo?

Maya: Não, mas a tia Mariela pode ficar do meu lado? Eu tenho crises de ansiedade e eu... – ela já mexia as mãos compulsivamente.

Juiza: Claro... A tia Mariela pode sentar-se ao lado dela.

Mariela: Está tudo bem ok? – segurou a mão dela e deu um beijo nela. – Maya andava calada a alguns dias. Parecia pensativa, preocupada. Eu não sabia o que estava se passando na cabeça da minha filha e estava preocupada com isso.

Juíza: E então Maya você ouviu todo mundo aqui, seus avós, seu genitor, e sua mãe Priscilla, eu ouvi a todos aqui e agora eu quero ouvir você... Como você sente com tudo isso e quem está falando a verdade.

Maya: A minha mãe Malena sempre me contou sobre como eu surgi na vida dela, ela sempre me disse que meus avós, os pais dela, nunca aceitaram o relacionamento dela com o meu genitor, e menos ainda com outra mulher. Minha mãe conheceu a minha mãe Priscilla e ela foi a minha mãe desde o começo. Ela sempre me amou muito. Eu sempre soube de tudo. A minha avó Mikaella e meu avô Jarod nunca me mandaram mensagens ou me ligaram. Ao contrário da tia Mariela e do tio Josh. Eu falo com eles quase todos os dias. Eles se interessam pelos meus amigos, pelo colégio, pelas minhas notas, pelo meu dia a dia, pela minha família. Eles me visitam quando podem afinal eu moro no Brasil e eles aqui. Eles são minha família. A tia Chanice também me liga. – aquilo foi surpresa pra mim, porque ela nunca me contou – Ela é meio brava, mas ela é meio que uma avó pra mim da parte da minha mãe Malena, já que eu não tive avó da parte dela, porque da parte da minha mãe Priscilla, eu tenho duas que me sufocam e um avô que só falta me colocar dentro de uma caixa blindada – todos riram. – Eu só tenho 14 anos, eu tenho muito o que aprender e viver ainda, mas uma coisa que eu já experimentei muito foi o amor de família e uma coisa que eu sempre soube sobre a minha vida e da minha família, foi a verdade. Eu não quero conviver com o Keaton, ele é um estranho pra mim e ele não é meu pai. Eu tenho duas mães, Malena e Priscilla, e uma madrasta linda que chama Natalie. – a Natalie arregalou os olhos. – Eu tenho meus avós Patricia e Roberto, eu tenho meus tios daqui que me amam muito e eu os amo também. Tenho a tia Chanice também, meus primos. Eu não quero viajar pra cá varias vezes ao ano por causa de uma ação judicial da minha avó Mikaella só para ferir minha mãe Priscilla. – ela olhou para Mikaella e para o Jarod. – Se quiserem ser meus avós, podemos ser uma família, mas eu não saio do lado da minha mãe. Se querem meu amor, precisam aprender a buscar por ele e a conquista-lo e isso aqui, não é a maneira de começar. Eu não odeio vocês, eu só não tenho laços com vocês porque vocês nunca quiseram ter laços comigo. Não importa como isso aqui vai acabar, mas eu não vou amar vocês por obrigação. Amor é cultivado e conquistado dia após dia e não com uma ação judicial. – sal na ferida. Eu estava orgulhosa da minha menina, mesmo entendendo o que ela estava tentando dizer com aquilo tudo.

Juíza: Maya, você teria interesse de conviver com seus avós?

Maya: Por obrigação não. Se eles quiserem fazer parte da minha vida, no Brasil, no dia a dia me ligando, conversando comigo, criando laços comigo, meu coração está aberto a isso, mas por obrigação, ou para magoar a mamãe, eu não quero, porque isso não é sentimento, isso é ego.

Juíza: Ok... Obrigada querida...

Maya: Por nada...

Juíza: Vamos dar uma pausa de meia hora e voltaremos com o veredicto. – bateu o martelo. Ela saiu e a gente saiu. Jarod e Mikaella estavam envergonhados. Uma menina de 14 anos deu um show de maturidade em cima deles.

Eu: Está tudo bem filha?

Maya: Sim. Eu falei tudo que eu tinha pra falar mãe. Nada disso aqui era necessário. Se querem conviver comigo, façam parte da minha vida como se deve, mas fazer isso aqui, é muito desnecessário. – logo nos chamaram novamente.

Juiza: Depois de ouvir todas as partes envolvidas e até as não envolvidas no caso, eu julgo sem fundamento a guarda compartilhada de Maya Stenfield Pugliese. A mãe adotiva dela, a viúva de sua mãe biológica Malena Stenfield Pugliese, Priscilla Alvares Pugliese, permanece com a guarda total e irrevogável da menor. – bateu o martelo e assinou um papel – Aos requerentes de guarda compartilhada, como ouviram, podem conviver com a neta se quiserem. Ela está aberta e disposta a isso de maneira harmoniosa, transparente e verdadeira. Isso acontecendo, poderão conviver em viagens no futuro, e tudo que desejarem, bastam se ajustar ao cotidiano da menina que vive no Brasil. – ela disse mais algumas coisas, assinou alguns papeis e se retirou. Mikaella estava brava, e sentida também.

Eu: Vamos pra casa?
Maya: Espera um pouco...
– ela foi até a Mikaella. – Vovó... – Mikaella a olhou aparentemente triste.

Eu: Se quiser, a gente pode sair pra almoçar amanhã, conversar se conhecer. – ela sorriu de leve e me olhou. Eu assenti, mesmo querendo negar.

Mikaella: Eu pego você meio dia pode ser?

Maya:Tá... –a abraçou e abraçou o avô e veio. – Vamos...– a gente foi para o carro e fomos pra casa. Eu não falei nada o caminho todo. 

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Show de maturidade da Maya. Mais madura que a avó... 

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