Capítulo 121

397 56 6
                                    

NATALIE NARRANDO...

Meus filhos nasceram, lindos e perfeitos. E eu não conseguia ser a mãe que eles precisavam. Eu me sentia o pior ser humano da terra. Eu chorava muito, eu sentia que eu precisava dar de mama para não deixa-los com fome, mas eu não conseguia fazer mais do que isso. São meus filhos... Eu pensava nisso o tempo todo... Que são meus filhos e eu não conseguia ser a mãe que eles precisavam que eu fosse. Eu fazia terapia duas vezes na semana, eu tentava passar um tempo com eles, mas era difícil. A minha cabeça funcionava de uma maneira estranha. Eu os amava, mas ao mesmo tempo não conseguia sentir nada por eles. Que mãe não consegue amar seus filhos? Por que eu estava sentindo isso? Eu sempre tinha pesadelos com o sequestro com o estupro. A terapeuta dizia que eu fazia associações tardias e estava projetando nos bebês por medo da novidade de ser mãe. Com o passar dos dias eu me sentia um pouco mais segura de trocar a roupa deles, de fazê-los arrotar, coloca-los para dormir. Não conseguia dar banho, não conseguia trocar fralda. Eu estava amamentando Liam e estava com muito sono por causa das medicações que o psiquiatra me passou. Eu cochilei por alguns segundo e acordei com um forte barulho no chão e o choro do meu filho. Aquilo me apavorou. Liam gritava muito, logo a testa dele tinha um inchaço enorme. Eu gritei, a Joana gritou, foi apavorante. A Priscilla manteve a calma o tempo todo e fomos para o hospital. O Liam foi para o tomografia e Priscilla e eu ficamos esperando na recepção. Eu não parava de tremer e de chorar. Priscilla não soltava minha mão.

Eu: Se acontecer alguma coisa com ele, eu nunca mais vou me perdoar.

Pri: Amor fica calma, você não teve culpa, foi um acidente. Ninguém está livre disso. Se acalma por favor.

Eu: Priscilla, o meu filho caiu do meu colo. Eu dormi no meio da manhã amamentando o meu filho, isso não é normal – falava nervosa.

Pri: Mas aconteceu. Poderia ter sido eu, poderia ter sido uma das enfermeiras. Vamos esperar. – depois de 30 minutos o médico veio. – Como ele está?

XX: Com um galo na testa apenas. Ele mais se assustou com a queda que qualquer coisa. Por sorte talvez, ele não se feriu ou não teve mais nada grave, podem ficar tranquilas. Ele vai ficar em observação por 2 horas, e repetir o exames. Se continuar tudo igual como está ele poderá ir para casa. Se por acaso ele apresentar febre, não quiser se alimentar começar a vomitar mais que o normal ai voltem com ele, mas as imagens estão limpas.

Eu: Graças a Deus – suspirei.

Pri: Podemos ficar com ele?

XX: Claro. – fomos para lá. Ele estava bem. Ficamos lá duas horas. Eu não soltava a mãozinha do meu filho. Eu quase o matei. Eu estava me sentindo péssima. Ele começou a chorar, então eu o peguei e dei o peito.

Eu: Desculpa filho me perdoa – comecei a chorar.

Pri: Amor foi um acidente. Não fica assim.

Eu: Eu quase o matei Pri... Eu estou nervosa ainda – falei brava.

Pri: Eu sei, mas não precisa ficar se desculpando. Poderia ter sido comigo. – ele mamou bastante o coloquei para arrotar, a fralda dele estava suja.

Eu: Precisa de uma fralda limpa.

Pri: Eu troco ele.

Eu: Deixa... Eu faço isso. – eu nunca troquei uma fralda dos meus filhos.

Pri: Tem certeza?

Eu: Sim, tenho. – eu o coloquei no trocador que tinha ali na observação o limpei e o troquei. – Está limpinho amor... – sorri olhando pra ele. Ele era lindo. O pediatra veio e deu alta pra ele e fomos pra casa. Eu fui atrás com ele, e ele dormiu no caminho. Chegamos em casa e a Ayla chorava muito, ela estava com fome e não era toda hora que ela aceitava mamadeira. Dei mama pra ela a troquei também e ela ficou no meu colo, estava com um pouco de cólica. Ela ficou bem agarradinha a mim, como se eu pudesse protege-la de tudo. E eu podia... Eu podia protege-la de tudo. Eu sou mãe dela. Eu posso fazer isso eu tinha que fazer isso. Eu chorei muito ali enquanto cuidava dela, eu nunca cuidei dos meus filhos integralmente desde o hospital e eu precisava mudar isso, eu precisava vencer isso. Essa depressão não dizia quem eu era, não me faria perder esses momentos, não mais. Aos poucos participava mais dos cuidados com os gêmeos, consegui dar banho por mais que eu estivesse morrendo de medo. Eu nunca pensei que passaria por isso, eu nunca pensei que viveria isso, uma depressão pós parto que desencadeou por causa do estupro que sofri quando fui sequestrada. Conseguia me abrir mais com a terapeuta, e ser mais presente aos meus bebês.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora