Marcas do Passado

Capítulo 29

Dei espaço na porta pra ela entrar, e ela pediu que o Paulo a esperasse, então ele disse que ia fazer algumas coisas dele no banco e não ia demorar e logo voltaria para pegá-la. Ela assentiu e entrou. Ela deu uma reparada na casa da minha tia quando entrou. Era bonita, mas não era o palácio dela.

Nat: O que quer comigo? Já não falou tudo que queria quando me demitiu? – ela suspirou.

Pri: Natalie, eu não vim aqui brigar.

Nat: Então veio aqui pra quê?

Pri: Pra desfazer o que eu fiz. Não quero que saia da minha casa. E se quiser sair, eu vou entender – se aproximou – Mas não saia da minha vida. – meu coração disparou – Eu nunca senti nada disso por ninguém além da minha mulher.

Nat: O que quer dizer com isso Priscilla?

Pri: Que eu gosto de você Natalie. E gosto muito e por mais que eu lute contra esse sentimento por essa sensação estranha de estar traindo a memória da minha mulher, eu não consigo evitar o que eu estou sentindo por você.

Nat: Você gosta de ter seu ego massageado Priscilla, é disso que você gosta. Na primeira oportunidade de gritar, de ser grossa comigo você aproveitou muito bem.

Pri: Não. Eu não aproveitei. Eu sou bipolar você sabe disso e eu criei uma armadura uma casca pra me proteger de tudo e de todos e acabo me protegendo de quem eu não preciso me proteger. E sou orgulhosa demais para ir atrás, mas eu estou aqui. Eu estou aqui, porque eu gosto de você.

Nat: Não dá Priscilla. Não dá para voltar pra você depois de tudo aquilo. – me afastei. – Eu não sei o que somos, não sei o que vai ser de nós. Eu não te conheço, eu não conheço seus sentimentos, eu não sei quem é a Priscilla Pugliese de verdade, só a Priscilla armada, grosseira, que se defende de tudo e de todos, eu nunca sei quando você está bem, quando você está mal, exceto quando você está sendo grossa que deixa tudo mais claro.

Pri: É complicado Natalie – suspirou dando as costas para mim.

Eu: Não Priscilla... Não é... Você só precisa falar... Você não fala. Eu não posso adivinhar. Me deixa te conhecer. Se você gosta de mim, me deixa te conhecer.

Pri: Eu sou uma bagunça – percebi que a voz dela mudou.

Eu: Isso eu sei desde o primeiro dia. Mas podemos consertar isso se você quiser. – a porta se abriu a assustando.

Tia: Natalie está armando uma chuva horrorosa. Meu carro ficou na revisão, tenho que ir trabalhar de novo tenho uma consultoria pra fazer pode me emprestar seu carro? Oh... Me desculpe – sorriu olhando para a Priscilla. Ela estava sem lenço, suas marcas apareciam, mas minha tia não demonstrou espanto nem nada.

Eu: Tia Helen, essa é a Priscilla Pugliese, minha chefe... Ou melhor, ex chefe... Sei lá o que somos. – suspirei. Minha tia estendeu a mão a ela.

Tia: Muito prazer Priscilla, como vai? – sorriu e a Priscilla apertou a mãe dela.

Pri: O prazer é meu dona Helen estou bem e a senhora?

Tia: Estou bem. Não precisa me chamar de dona e nem de senhora. Desculpa interromper a conversa de vocês.

Pri: Imagina sem problemas.

Eu: A chave do carro está na mesa da sala de jantar tia. – sorri pra ela. Subiu se trocou e desceu, pegou a chave despediu da Priscilla e saiu.

Pri: Ela não ficou assustada comigo.

Eu: Não. Essa impressão ruim de você é só você que tem. Pessoas convivem com cicatrizes Priscilla, isso não é o fim do mundo, isso não faz de você nem de ninguém um monstro. Essa imagem você criou na sua cabeça. – ela suspirou.

Pri: Vai voltar lá pra casa? – eu respirei fundo e soltei.

Eu: Eu volto Priscilla. Mas seremos profissionais, já que você se recusa a se abrir comigo. Não podemos ser mais que isso.

Pri: Vamos devagar, eu preciso de um tempo pra falar sobre mim.

Eu: Tudo bem. Mas precisa controlar suas explosões.

Pri: Eu vou controlar. – se aproximou. Ela me deu um beijo. Nem parece que eu tinha acabado de falar que seriamos profissionais. Ela abriu a porta e saiu. Olhei pela janela e o Paulo estava chegando. Ela entrou no carro e foram embora.

Eu:Isso é loucura Natalie. Isso é muita loucura. Essa mulher vai acabar com a suavida com esse jeito dela. –falava sozinha.