Capítulo 27

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Mandei uma mensagem pra Rafa falando que eu precisava de indicação de outra governanta, que ela não precisava se preocupar em procurar, mas se tivesse uma indicação seria bom. Mandei mensagem para o Rodrigo e pedi que fosse lá em casa assim que pudesse. Rodrigo chegou lá em casa no fim do dia.

Rod: Oi...

Eu: Oi... Entra... – ele entrou e eu fechei a porta – Quer beber alguma coisa?

Rod: Tem vinho? Preciso de um vinho.

Eu: Vinho na segunda feira? Brigou com o Fred?

Rod: Sim. Meu casamento está na beira do fim. – suspirou. Abri o vinho e nos servi.

Eu: O que aconteceu?

Rod: A gente tem brigado muito Pri. Mínimas coisas são motivos para brigas e isso não está funcionando. A gente está junto a 12 anos, acho que desgastamos, caímos na rotina, sei lá.

Eu: Tentem consertar, vocês se gostam.

Rod: Eu não sei se quero consertar essa é a questão.

Eu: Está interessado em alguém?

Rod: Não... Não tem ninguém, só que eu acho que eu deixei de viver muitas coisas pra viver um romance perfeito. – ele falou por um tempo sobre o casamento dele que estava realmente de mal a pior. – Mas vamos mudar de assunto. O que queria falar comigo? Você parecia tensa desde que viajou e eu tenho certeza que está acontecendo alguma coisa que você não me contou e está arrumando um jeito de me contar. Eu conheço a amiga que eu tenho.

Eu: Eu preciso de um novo advogado.

Rod: O que houve com o doutor Alberto?

Eu: Eu tive um caso. – ele engasgou com o vinho.

Rod: Com o doutor Alberto? – perguntou assustado.

Eu: Com a minha governanta.

Rod: A Rafaela? Ela é casada e está grávida Priscilla. - ficou ainda mais assustado.

Eu: Com a substituta dela Rodrigo. Pelo amor de Deus, se situa.

Rod: A Natalie Smith aquela bonitinha que parece uma boneca?

Eu: Sim, a própria.

Rod: E o que tem a ver você ter tido um caso com ela e o doutor Alberto?

Eu: Os dois transaram em Nova York. – contei toda a historia pra ele desde o começo.

Rod: Uau... eu estou passado...

Eu: Pois é...

Rod: E agora você vai ficar sem governanta, sem mulher que transa gostoso e sem advogado.

Eu: É...

Rod: Porque é uma filha da puta orgulhosa. Patrícia que me perdoe.

Eu: Não sou orgulhosa.

Rod: Ah é sim Priscilla. Você se enclausurou nessa casa, se encheu de manias, uma delas é se esconder até dos seus funcionários que estão cansados de ver que você tem cicatrizes pelo corpo, você vive como um animal ferido nessa casa isolada Priscilla. E você mandou a garota embora porque está com ciúmes dela, porque você gosta dela e não aceita que gosta.

Eu: Ai Rodrigo é mais difícil que isso. – suspirei.

Rod: Por que? Vai continuar velando a Malena até quando Priscilla? A Malena faleceu, a 3 anos e meio. Precisa aceitar que isso é fato e que ela não vai voltar e que você tem 33 anos e é jovem e pode reconstruir sua vida. E eu sei que você ainda fica arrastando e criando essa culpa para todos os lados como se fosse um cachorrinho de estimação. Culpa essa que você não tem e nem nunca teve e já foi provado isso. Caso contrário você estaria presa agora e sua filha com os avós horríveis dela nos Estados Unidos. Malena nunca te culparia, assim como ela não ficaria feliz em ver você deixando sua vida passar sem aproveitar, se privando de vários momentos, com outras pessoas e principalmente com a sua família e a sua filha. A Maya tem 14 anos Priscilla, ela precisa de uma mãe. Sei que falar é fácil, e que é difícil ouvir, mas você precisa superar, para o seu bem e da sua filha. E quanto a Natalie, você gosta dela e não é pouco, vai perde-la mesmo? É sério que você vai perder uma mulher linda e que claramente não ficaria com você por causa do seu dinheiro e sim porque realmente gosta de você? Porque você sabe que maioria das mulheres que tentarem entrar na sua vida vai ser por causa dos seus bilhões e não por sua causa. – o Rodrigo sabia machucar quando queria. Mas ele não estava errado.

Eu: Eu tenho medo Rodrigo. Eu sinto as vezes que estou traindo a Malena porque eu causei aquele acidente.

Rod: Não. Você não causou aquele acidente. Uma mudança de tempo e uma revisão errada causou aquele acidente. Você pilotava aquele helicóptero Priscilla e você fez tudo para que todos sobrevivessem. Infelizmente aconteceu o que aconteceu. Foi inevitável, não foi sua culpa e foi comprovado isso. Não houve falha humana. Você se lembra de cada segundo dentro daquele helicóptero e de acordo com a pericia da aeronáutica, cada passo que você descreveu, foi o que realmente aconteceu. Todos foram indenizados pela empresa de aviação, pela empresa que cuidava da manutenção também. Ninguém te culpa de nada além de você mesma. Então para com isso, levanta a cabeça e vai atrás daquela mulher se não quiser perde-la para o doutor Alberto. E não vou demiti-lo não. Ele é um ótimo advogado e não vamos encontrar outro como ele. Se ele ficar tarando sua mulher ai sim a gente manda ele embora. – deu de ombros.

Eu: Eu não mando em porra nenhuma mais né?

Rod: Estou pensando seriamente em te demitir. Estou tomando conta dessa empresa a mais de 3 anos. Posso fazer isso como CEO. – riu bebericando o vinho.

Eu: Idiota – joguei uma almofada nele. Ele ficou lá em casa mais um pouco e foi embora. Aquela casa ficava vazia sem a Maya e sem a Smith. Resolvi ir até a casa dela no dia seguinte. Paulo foi me pegar após o almoço e ele me levou até lá. Rafaela já tinha me mandado umas 20 mensagens e eu não respondi nenhuma, porque todas ela me xingava. Todas ela dizia como eu era estupida e precisa mudar se eu não quisesse virar de verdade o fantasma da casa das pedras como dizem por ai. Paulo desceu do carro tocou a campainha e ela atendeu.

Nat: Paulo? O que faz aqui?

Paulo: A Dona Priscilla quer falar com você.

Nat: Eu não vou até lá Paulo. Fala pra ela que se ela quiser falar comigo, ela que venha até aqui. – falou brava e eu abri a porta e desci do carro.

Eu: Estou aqui... Vamos conversar? – ela parecia ter ficado petrificada ao meu ver, mas ao mesmo tempo parecia se armar até os dentes para me receber. Ela deu espaço na porta eu pedi que o Paulo me esperasse, então ele ia fazer algumas coisas dele no banco disse que não ia demorar e logo voltaria para me pegar. Eu assenti e entrei. A casa da tia dela era bem bonita, bem decorada. Não parecia ter ninguém em casa além dela.

Nat: O que quer comigo? Já não falou tudo que queria quando me demitiu? – eu suspirei. 

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora