Capítulo 81

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NATALIE NARRANDO...

Dor... Era tudo que eu sentia, muita dor e as vezes não sentia nada. As vezes me sentia anestesiada, talvez eu estivesse com tanta dor que eu não estivesse sentindo ela. Eu não conseguia me levantar pra nada. Aquela moça entrou e me ajudou de novo. Eu não conseguia mais ir ao banheiro e ela me ajudou. Quando me olhei no espelho eu estava muito machucada. O nome dela era Raquel, ela era técnica de enfermagem de um posto de saúde. Ela me deu pílulas do dia seguinte já que eu fui estuprada. O que eu menos precisava era engravidar daquele psicopata. Um quarto homem chegou, me olhou e disse que eu deveria ser morta, eu não servia mais. Eu pensava na Priscilla o tempo todo, nos meus pais. Mas eu não tinha forças, eu só queria que ele me matasse logo e acabasse com tudo isso. Eu não sei quantas horas se passaram e fui acordada pela Raquel, ela tentava me dar água, me ajudar a comer, mas eu não conseguia.

Raquel: Natalie, olha pra mim... – falava baixo. Você sabe o telefone da sua noiva ou dos seus pais? Eu fico sozinha por alguns minutos quando vou me trocar no posto de saúde e onde me troco não dá para ouvir do lado de fora. É o único momento que posso falar com alguém e dizer onde você está. Eu vou tentar.

Eu: Pri... Priscilla...

Raquel: Qual o telefone dela? – pegou um batom e um guardanapo eu falei o telefone dela e ela dobrou e guardou dentro da roupa. – Eu vou dar um jeito de te tirar daqui ok?

Eu: O...brigada... – ela me deu uma injeção e saiu. Eu não sei quanto tempo dormi novamente e acordei com um homem me batendo e com fumaça por todo o quarto.

XXX: Não queria matar você, mas vou ter que fazer isso. – me batia e eu cai no chão. Eu não tinha força pra gritar, eu estava muito machucada já. Quando ouvi um barulho forte de explosão e ele caiu. Quando ele se levantou um homem atirou nele foi tudo que eu vi. Eu não estava entendendo nada. Eu estava me entregando. Não conseguia mais respirar quando senti duas mãos me pegando, o pouco que abri os olhos vi a Priscilla. Eu só podia estar alucinando. Depois de algum tempo eu já estava conseguindo respirar melhor e um homem falava pra eu não dormir, mas eu estava exausta e com dor. Foi quando eu apaguei. Eu estava numa espécie de sonho. Era a casa da Pri, só que toda clara, iluminada, a piscina cristalina fazendo o infinito com o mar. Aquela vista era linda. Eu amava aquela vista. No balanço uma mulher, eu conhecia ela, não pessoalmente, mas por foto. Uma versão um pouco mais velha da Maya. A principio pensei que se tratava do futuro, mas não... Era Malena...

Eu: Malena?

Malena: Natalie... – sorriu de leve.

Eu: O que eu estou fazendo aqui?

Malena: Senta... – outro balanço apareceu ali. Eu me sentei.

Eu: Eu estou morta? – ela riu de leve.

Malena: Não... Claro que não. Você não passou por tudo para morrer. Sua vida terrena não acabou ainda Natalie, você tem uma vida inteira pra construir.

Eu: E porque eu estou aqui? Aqui é a casa da Priscilla.

Malena: Veja... – ela apontou para um canto do jardim, Priscilla estava de pé ali e eu fui até lá.

Eu: Pri... Amor?

Malena: Ela não pode te ouvir.

Pri: Eu vou cuidar de você ok? Você vai sair dessa amor. Eu vou cuidar de você. Eu te amo e eu estou aqui, e vou ficar aqui pra você. – ela falava.

Malena: Ela te ama. Muito. Ela arriscou a vida dela pra te tirar daquele lugar.

Eu: Foi ela? Eu não estava alucinando?

Malena: Não estava. Foi ela. Se fossem esperar a policia, a essa hora você não estaria mais aqui. Mas ela te salvou com ajuda de alguns homens e da Raquel.

Eu: Como a Raquel está?

Malena: Ela vai ficar bem. Não se preocupe.

Eu: Por que eu estou aqui? Por que você está aqui?

Malena: Por que você precisa lutar. Você precisa lutar Natalie. Lute por você. Vai ser uma longa jornada, mas precisa lutar por você. Vai ser difícil, mas com amor e se deixar a Pri cuidar de você, logo passará por tudo isso.

Eu: Ela está bem?

Malena: Emocionalmente não. Mas ela vai ficar. Ela é forte. Preciso ir... Se cuida, e lute por você. – sorriu e logo ela sumiu.

Quando me dei conta um clarão queimava meus olhos. Eu olhei com um pouco de dificuldade, e em volta tinham alguns aparelhos, eu estava no hospital parecia uma UTI. Logo uma enfermeira entrou.

XX: Hei... Você abriu os olhos. Consegue me ouvir? – assenti com dificuldade. – Sente dor? – assenti. – Pode tentar mexer os dedos dos pés? - ela olhou – Isso muito bem. Vou chamar o médico. – não demorou muito e um médico entrou.

XXX: Oi... Acha que consegue respirar sozinha? – neguei. Eu estava com dor. – De fato, talvez não consiga. Seu pulmão está bastante ferido, você ainda vai passar por uma cirurgia para reparar. – ele fez uns testes comigo. – Sua noiva veio aqui todos os dias nesses 3 dias. Seus pais também. – eu sorri de leve. - Logo eles devem estar de volta. Vamos fazer alguns exames e ver se já pode fazer a cirurgia do reparo pulmonar ok? – eu assenti. Eu passei por exames e logo vi a pessoa que eu mais sentia falta no mundo. Ela estava com roupas especiais.

Pri: Oi meu amor... Que bom te ver acordada. Eu estou aqui com você viu? Você vai ficar boa logo. – me deu um beijo na testa. – Meus pais mandaram flores, e logo virão para Porto Alegre visitar você. Acabou tá, agora vamos focar na sua recuperação. Assim que possível vou pedir sua transferência para o Rio de Janeiro, para o melhor hospital de lá, vamos cuidar de você direitinho. Eu te amo meu amor, eu te amo. – me deu vários beijos na testa. Eu segurei a mão dela e não quis mais soltar. Logo meus pais chegaram e para eles entrarem a Pri teve que sair.

Pai: Oi filha... – eu comecei a chorar – Vai ficar tudo bem, não chora ok? Já passou.

Mãe: Você vai ficar boa logo amor, fica tranquila. – me deu um beijo. Logo eles saíram o médico queria falar com eles. E logo a Pri veio com o médico e o meu pai.

Pri: Amor, você vai ser operada de novo ok? Eles precisam reparar seu pulmão para tirar esse tubo de você. Quando você estiver estável, você vai para o Rio para o melhor hospital para se cuidar ok amor? – eu apertei a mão dela. Eu queria dizer que a amava, era horrível ficar com aquilo na garganta. A cirurgia seria em algumas horas, então deixaram a Pri ficar comigo. Ela estava tossindo bastante, eu apertei a mão dela. – A tosse? É porque eu inalei fumaça. Mas eu estou fazendo inalação está tudo bem comigo ok? - beijou minha mão. – Eu te amo tanto... Não vejo a hora de ouvir sua voz, te abraçar direito. A Maya te mandou um beijo. Ela ainda está em NY com os avós, achei melhor ela ficar lá mais uma semana. – ela com certeza foi ameaçada. – Quando você sair da cirurgia, e estiver tudo bem, eu vou pra Montenegro ver a Raquel, ela foi ferida e foi por ela que você está salva. Ela colocou fogo na casa depois que deram uma facada nela e iam matar você. Ela te salvou. – eu comecei a chorar – Ela está bem. Eu vou prestar toda assistência financeira e psicológica que ela precisar. Está tudo bem amor, ela está bem, eu falei com ela ontem, ela já está em casa, fica calma. – logo vieram me buscar para a cirurgia. Eu só queria sair dali e ir pra casa. 

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