Capítulo 53

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De manhã fiz o café da manhã liguei para a terapeuta dela e ela ia atende-la em casa as 13 horas. Priscilla desceu para tomar café.

Pri: Bom dia.

Eu: Bom dia.

Pri: Por que não dormiu comigo?

Eu: Queria deixar você descansar melhor. Falei com sua terapeuta e ela vem as 13 horas.

Pri: Tá. Obrigada. E poderia ter ficado na cama não ia atrapalhar.

Eu: Achei melhor não. – sorri de leve. – Eu vou sair, tenho que ir ao banco, tenho que deixar umas coisas na minha tia. Precisa de alguma coisa da rua?

Pri: Não. Você vai demorar?

Eu: Um pouco. No fim do dia estarei de volta. O que quer de almoço?

Pri: Não precisa fazer nada, você fez o jantar ontem, e eu nem comi. Eu esquento o que você fez não se preocupe.

Eu: Tudo bem. – terminamos o café e eu fui pegar minhas coisas, dei um beijo nela e sai. Fui na minha tia primeiro dei os presentes dela e da família, depois fui ao banco, resolvi algumas coisas e fui na Rafa.

Rafa: Oi... Olha quem chegou filho...

Eu: Oi... Oi príncipe, como você está lindo. Cada dia mais lindo. – o peguei. – Como você tá?

Rafa: Exausta. Cuidar dele dá mais trabalho que cuidar da casa da Priscilla e da Priscilla junto – rimos. – E você?

Eu: A pedi em casamento... Ou melhor, em noivado.

Rafa: Uau... E ela aceitou?

Eu: Sim. – sorri.

Rafa: Ah que lindo fico feliz por vocês.

Eu: Obrigada.

Rafa: Mas vejo uma ruguinha de preocupação ai.

Eu: É... – suspirei, contei tudo pra ela e nem percebi que já chorava. Eu estava angustiada.

Rafa: Natalie, a Priscilla é emocionalmente instável. Ela e a dona Malena eram almas gêmeas e elas era super felizes. A morte dela mexeu muito com a Priscilla, pela maneira que foi, pela gravidade e por ela estar pilotando. Por mais que ela saiba que não teve culpa, ela sente a culpa de ter sobrevivido. A Marina sente. Ela sempre fala comigo, pergunta da Priscilla que ela quer se aproximar mas fica insegura porque a Priscilla ainda age como um animal ferido que não deixa ninguém chegar perto. A bipolaridade nesses momentos, gritam ainda mais alto. É preciso paciência, muita paciência. Ela está se abrindo para você, ela com certeza gosta de você, senão ela não teria aceitado seu pedido, mas ela ainda tem essas questões internas muito fortes e que em alguns momentos acabam falando mais alto.

Eu: Eu quero ajudar sabe, mas não quero ser invasiva. Eu tenho medo de parecer que estou invadindo o espaço dela ou que estou forçando que ela fique 100% enquanto só tem 3 anos que tudo aconteceu e ela ainda tem marcas na pele dela no corpo dela de tudo isso.

Rafa: Eu entendo seu receio e ficaria com esse sentimento também Nat, é natural se sentir assim, mas ela vai ficar bem. Esteja ao lado dela, ignore algumas coisas, porque ela vai ficar ofensiva as vezes, não que deva aceitar, só saiba filtrar. Incentive o tratamento psicológico vai ser bom pra ela, pra equilibrar tudo isso. – ela falou de uma possível governanta para assumir o meu lugar, ela estava em duvida entre duas pessoas, mas que em alguns dias já teríamos alguém. Fui até minha advogada e ela disse que talvez Tiago conseguiria prisão domiciliar, o que era um tremendo absurdo. Ele estava alegando doença e o advogado dele estava com um caso forte e muito bem montado. Eu fiquei nervosa com isso, ele não vai ficar trancado em casa e era um absurdo ele ir para prisão domiciliar depois de tudo que ele fez. Era absurdo, mas estamos falando de Rio de Janeiro né. Eu fiquei absurdamente nervosa com aquilo e no caminho de casa quase bati o carro. Tive que parar no acostamento um pouco. Me bateu um desespero surreal, aquilo não podia acontecer. Ele me mataria eu tenho certeza disso. Fiquei ali por meia hora. A tarde já caia e a noite começava a cair. A vista do mar era linda. Eu entrei no carro e acabei de chegar na casa. A luz do quarto da Priscilla estava acesa. Eu entrei tomei um longo banho, lavei meu cabelo e abri a geladeira, peguei uma agua coloquei no copo e a Priscilla apareceu me assustando fazendo o copo cair e quebrar.

Pri: Oi...

Eu: Que susto Priscilla... – levei a mão no peito.

Pri: Está tudo bem?

Eu: Está... – me abaixei para pegar os cacos de vidro e acabei me cortando. – Ai... Merda...

Pri: Deixa isso ai, eu limpo.

Eu: Não precisa, eu faço isso – falei irritada.

Pri: Hei... Calma... – eu fui até a área e peguei uma pá e uma vassoura, juntei os cacos, peguei um jornal velho ali na área de serviço coloquei os cacos e os embrulhei para que quando fosse para o lixo, não cortasse o lixeiro. – O que aconteceu?

Eu: Nada.

Pri: Está nervosa.

Eu: Não estou.

Pri: Eu já te conheço o suficiente para saber que está.

Eu: Não quero falar disso. Já jantou?

Pri: Fiz um lanche só e você?

Eu: Não estou com fome.

Pri: Quer que eu faça um sanduiche pra você?

Eu: Não, eu estou sem fome – peguei outro copo e a agua de novo e tomei. – Eu vou dormir, boa noite. – fui para o meu quarto. Ela logo veio.

Pri: Não vai dormir comigo?

Eu: Eu quero dormir sozinha hoje.

Pri: Pode me contar o que houve?

Eu: Não houve nada Priscilla, só quero ficar sozinha, pode me respeitar? – falei irritada.

Pri: Tudo bem. Boa noite. – saiu do quarto batendo a porta.

Eu: Droga... 

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora