LXXXIX

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Acordo em uma cama bem confortável por sinal. Eu me levanto e vejo que estou na praia. Logo corro para uma sombra, não quero me queimar, mas por que eu estou aqui? Eu não morri?

Vejo uma moça negra, de cabelos escuros, sentada, havia uma mesa no raso da água, mas essa moça parece a minha mãe.

Me aproximo dela, ela estava de cabeça baixa comendo alguma coisa.

S/N: M-mãe?-Elas levanta e arregala os olhos.

Ayana: S/N? Você é a minha filha?

S/N: Mãe!-Eu sorri emocionada ao vê-la, ela corra até mim e a abraço.

O nosso abraço se encaixava perfeitamente. Conseguia sentir seu cheiro, ela cheirava a baunilha e com uma leve loção de perfume de bebê.

S/N: Mãe.

Ayana: S/N! Minha filha...que bom te ver...você está tão linda, maravilhosa.-Toca no meu rosto e cabelo.-Seus olhos, são perfeitos.

S/N: Mãe, você é tão mais bonita pessoalmente.

Ayana: A última vez que eu te vi você só era uma bebê, agora está uma bela moça. Vem, senta aqui!-Ela me puxa até a mesa.

S/N: Mãe, o Reginald falou sobre você, na verdade, eu que obriguei ele a falar.

Ayana: Sim. Nós éramos muito próximos.

S/N: Mal dá para acreditar que aquele velho é meu avô de sangue.

Ayana: Quando eu descobri fiquei chocada.

S/N: Mas, será que eu consegui salvar minha família de mim? Porque tipo, agora eu morri, estou aqui com você, acho que eles devem estar bem agora.

Ayana: Não, querida. Você morreu mas daqui a pouco volta.

S/N: Como assim?

Ayana: A Fênix faz com que você se recupere. Não dá pra você morrer. Você é basicamente imortal.

S/N: Desgraça!

Ayana: Não diga isso! Você foi bem egoísta em ter tirado a sua própria vida, e as pessoas que te amam?

S/N: Verdade, o Five vai ficar tão tristinho, meus irmãos também, a Lila...poxa, mas eu só queria salvar eles de mim.

Ayana: Eu vejo tudo. Fico feliz pro tudo que você enfrentou. Você é tão forte, querida.

S/N: Mãe, acredita que eu também já tive um relacionamento abusivo. Quando eu fui pra Idade Média e tinha 13 anos, me obrigaram eu a me casar com um homem de 21 anos, ele tentava me tocar, me batia e me escravizava, mas logo eu matei ele.

Ayana: Você tem que agir antes de agirem em você. Você tem que abandonar antes de abandonarem você.

S/N: Mas e se eu sair como vilã?

Ayana: Não existe vilões, isso é só questão de ponto de vista.

S/N: Eu sempre pensei assim: prefiro ser machucada do que machucar alguém. Prefiro dormir com o coração partido do que com a consciência pesada.

Ayana: Eu também pensava assim desse jeito, mas às vezes a gente se prejudica, nós não podemos colocar os outros acima de nós mesmos, temos que pensar em nós primeiro antes de pensar nos outros.

S/N: Mas isso não seria egoísmo?

Ayana: Não, egoísmo seria se você pensasse apenas em si, não tem nada haver com amor próprio. Doa em que doer, contanto que não doa em mim.

S/N: Tudo bem. Acho que eu precisava disso. Obrigada, mamãe.

Ayana: Agora volte pois seu tempo na Terra ainda não acabou. Nos vemos depois.

O Amor de Décadas•°•Five Hargreeves Onde histórias criam vida. Descubra agora