Capítulo 9

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• Maiara •

Meu rosto estava quente. Todas aquelas pessoas que estavam me olhando, ouviram Fernando gritar como um babaca. Respirei fundo e sorri para a próxima mãe, evitando olhar em direção à minha residente e seus internos.

Pedi que o caso fosse lido e atualizado, informando que graças à melhora nos últimos exames, não havia necessidade de permanecer mais um dia no hospital e por isso aquela seria a última noite para que desse sequência a cada quinze dias com um tratamento clínico.  Combinei de passar pela manhã e até o último de todos os quartos, minha respiração diminuiu e as minhas bochechas deixaram de ficar quentes, mas ainda me sentia borbulhando. Parei para assinar alguns prontuários revisados que estavam prontos quando Tatiana Fakri me entregou mais.

Tati: Ele não é mais casado — ela murmurou timidamente e com ao receber meu olhar como resposta, saiu de perto com muita rapidez.

Eu vi pelo elevador os internos que estavam de folga começando o turno e eu dispensei quem estava no meio do plantão de trinta e seis horas para comer e tirar o descanso, combinando que nos encontraríamos para assumir a emergência. Doutor Paulo me entregou a minha caneca térmica cheia de café e me convidou para sentar um pouco em uma das salas de estudo.  Aceitei, disposta a manter um bom relacionamento. Ele era um homem mais velho e foi um bom médico por toda a vida, segundo minhas pesquisas, mas não tinha um espírito de liderança e era facilmente manipulado, ou não possuía vontade de se indispor com a doutora Stela.

Paulo: Você estava certa — ele disse em um tom exausto. — Sei que é o seu primeiro dia e não queria parecer um completo babaca, mas a verdade é que estou um pouco cansado de todas as coisas que vinham acontecendo nesse hospital. Era como nadar contra a correnteza.

Maiara: Eu entendo. Agora é o começo de uma nova era, doutor Paulo. — Ergui minha caneca e ele bateu o copo no meu. — Nós vamos fazer essa pediatria ser renomada em todo o país — confirmei e ele concordou. — Será que pode esperar algumas horinhas? Doutor Antônio vai mandar uma equipe de suporte por uns momentos enquanto converso com vocês, só preciso que o pediatra que vai te render chegue. Prometo não demorar. 

Paulo: Tudo bem, você é quem manda. Literalmente.

Voltamos para a área da recepção e Diego apareceu com a equipe que iria nos substituir por alguns momentos. Bipei todos os funcionários da pediatria através do computador central e segui para a sala onde pedi que os internos do dia se preparassem. Aos pouquinhos a sala foi enchendo, tanto de enfermeiros quanto de internos e residentes. Ainda havia aqueles que não me conheciam e outros que já estavam com as expressões alteradas.  O pediatra que assumiria o plantão da noite me deu um sorriso e se apresentou como Ivan Silva. Pareceu simpático. Fiquei parada esperando a sala ficar em silêncio e quando todos se ligaram, comecei a falar.

Maiara: Olá! Eu sou Maiara Carla Pereira, a nova chefe da Pediatria e momentaneamente chefe da emergência. Sou nova, tanto na cidade quanto no hospital. Não estou interessada em discursar sobre o meu currículo porque essa rápida reunião é para assinalar todas as mudanças que começarão a partir de agora. 

Passei vinte e cinco minutos listando todos os tipos de comportamento, respostas rápidas que eles dariam aos pacientes e aos pais. Já possuía um arquivo de boas maneiras no ambiente de trabalho, só acrescentei que gostaria que todos fossem gentis, humanos, sorridentes, educados e determinei o que era a função da enfermagem e o que era função dos internos. Não era uma opção não agir dentro dos protocolos básicos de respeito ao próximo. 

Maiara: Espero que tenhamos uma longa caminhada, feliz e juntos. Não sou uma pessoa inacessível, mas só me acordem se o hospital estiver pegando fogo — brinquei e eles riram. — Estou aberta a ouvi-los e vamos transformar esse lugar para esses pequenos pacientes em um ambiente feliz. — Sorri ao perceber que quem estava tenso, não estava mais e recebi expressões mais simpáticas. — Obrigada pela atenção. Quem estava em descanso, acrescente esse tempo e quem começou agora, bom plantão! Vamos salvar vidas hoje! Eles bateram palmas e eu me senti realizada. 

Todas as coisas que eu sonheiOnde histórias criam vida. Descubra agora